Arthur
Trindade, Ex-secretário de Segurança Pública e Paz Social,
Professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB),
coordenador do Núcleo de Estudos sobre Violência e Cidadania (NEVIS/UnB) e membro
do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
“Ganham a indústria
das armas e as milícias”
O decreto do
presidente Bolsonaro que facilita o porte de armas e munições é a desconstrução
do Estatuto do Desarmamento?
Sim. Ao contrário
do que o presidente disse, o decreto ultrapassou os limites da lei e alterou
profundamente o Estatuto do Desarmamento. O que é inconstitucional.
O que é mais
impactante nas mudanças?
O decreto amplia
radicalmente o número de pessoas que poderão portar armas. Hoje, são cerca de
36 mil. Com o decreto, serão mais de 19 milhões.
Qual é o prejuízo
para o combate à criminalidade?
Os prejuízos serão
enormes. O próprio ministro Sérgio Moro admitiu que o decreto não visou
melhorar a segurança pública, mas, sim, atender a uma promessa de campanha.
Vai aumentar o
comércio de armas?
Sem dúvida. Lembro
que hoje a maior parte das armas apreendidas foram compradas legalmente e
depois de extraviadas caíram nas mãos de criminosos.
Quem perde?
Perdem os cidadãos
que terão que viver numa sociedade mais armada. O decreto também vai atrapalhar
o trabalho dos policiais.
Quem ganha?
Certamente, a
indústria de armas. As facções e milícias também poderão contratar “laranjas”
para comprar cinco armas e 5 mil munições cada.
Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” - Foto: Minervino Junior/CB/D.A.Press - – Correio
Braziliense
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