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Hugo Rodas : Por Severino Francisco


Hugo Rodas

*Por Severino Francisco

Hugo é um adolescente nato, não importa com que idade esteja, permanentemente disposto a transgredir os limites estéticos e a experimentar novas formas de encenação. Por isso, sempre gostou de trabalhar com jovens, embora todos sejam caretas diante dele.

É um uruguaio muito baiano e, nesta condição, não teve problemas de se adaptar ao ambiente cultural do cerrado, desde que aterrissou por aqui em março de 1975. Foi um caso de paixão à primeira vista da janela do avião. Veio para coordenar um curso de 15 dias e nunca mais voltou.

Hugo é radiante de energia. Sorri e esbraveja com a boca, os olhos, as mãos, as pernas, os cabelos e os cotovelos. Ele é um duende do teatro, da cabeça aos sapatos. Faz de tudo: atua, costura roupas de figurino, toca piano, prepara o cenário e dirige. A improvisação e a liberdade de uma capital nascente atraíram Hugo para a aventura experimental da criação cênica.

Misturar teatro e dança é algo instintivo para Hugo e ele realiza isso com a maior naturalidade. Essa mixagem impactou muito as montagens de outros grupos emergentes nas décadas de 1980 e 1990. Ele estabeleceu conexão e parcerias com os personagens e os grupos mais importantes da cidade. Cresceu junto com o movimento cultural candango.

Brasília teve muita sorte de ter a presença de Hugo. Para ele, o ator tem de interpretar com o corpo todo e não apenas com a voz. Contribuiu para a formação de, no mínimo, três gerações de atores. Tem a injusta fama de irascível.

O diretor do Teatro Oficina José Celso Martinez escreveu sobre Hugo em livro dedicado ao brasiliense, sob a coordenação de Karla Osório: “Poeta Xamã do Teatro Dança, Canto In-Corporado na Alegria Tragicômica dos Saltimbancos. Nunca perdeu, ao contrário, faz retornar a cada instante suas origens bárbaras, seus minerais, seus vegetais, seus Animais Totens mas, tecnizando tudo na Era Cyber. Numa entrevista recente do diretor Antunes (Filho), seu lamento pelo luto ainda por Pina Bausch, Kazu Ohno me pirou; esse diretor dos diretores brasileiro não sabe que existe no seu nariz, aqui, no Hemisfério Sul, Hugo Rodas. Esse gênio que vai muito além do que esses que foram grandes artistas, mas contidos, civilizados, caretas, do Hemisfério Norte”.

(*) Severino Francisco – Colunista do Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google


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