Ponte Joaquim
Cardozo
*Por Severino
Francisco
Bem, agora, que a
Câmara Legislativa voltou a funcionar com regularidade, retomo o tema do nome
da ponte. Como foi noticiado, a Justiça do DF suspendeu o nome Honestino
Guimarães para a ponte que liga o Plano Piloto e o Lago Sul e, ao mesmo tempo,
proibiu que o monumento seja chamado de Ponte Costa e Silva. A justificativa é
que ambos os nomes não foram precedidos de audiências públicas. Caberá à Câmara
Legislativa estabelecer o debate. Que ela não se omita da responsabilidade.
Por isso, volto à
carga e faço campanha para o meu candidato: o poeta do cálculo estrutural
Joaquim Cardozo. Sem ele, os voos de imaginação riscados por Oscar Niemeyer
permaneceriam eternamente no papel. Quando Niemeyer apresentava seus projetos,
os engenheiros calculistas convencionais diziam que eram simplesmente
inviáveis. Com audácia e rigor, Cardozo contribuiu decisivamente para erguer
prédios e palácios de concreto que parecem mal tocar no chão.
A criação de
Brasília provocou espanto mundial não apenas pelo arrojo das formas de
Niemeyer, mas também pelos avanços na tecnologia de construção. Apesar de toda
a relevância, o nome de Joaquim Cardozo praticamente foi apagado da paisagem de
Brasília. Não existe nenhuma menção ao ilustre engenheiro.
Desde que lancei a
candidatura de Joaquim Cardozo, recebi inúmeras manifestações de apoio pela
sugestão, que novamente compartilho com vocês. Walter Melo escreveu: “Receba
meu modesto apoio pela proposta da nova denominação da Ponte, em homenagem a
Joaquim Cardozo, sábio, poeta, arquiteto, calculista, humanista e extraordinária
figura humana”.
Já o leitor Sérgio
Frossard de Almeida ressalta: “Muitíssimo oportuna tal lembrança. É preciso que
se resgate homenagem a quem realmente foi importante para a cidade. É preciso
que se resgate a história de quem é merecedor de tal homenagem”.
O leitor Reinaldo
Ferraz sugere que a campanha pró-Joaquim Cardozo seja encampada pelas
instituições ligadas à arquitetura e à engenharia: “Alio-me à feliz lembrança
do inigualável Joaquim Cardozo, que morreu amargurado pela culpa de um erro que
não cometeu, o desabamento do pavilhão do Parque da Gameleira, em BH.
Tardiamente reabilitado, o reconhecimento não o alcançou em vida. A homenagem
que você propõe, sugiro que recomende ao CREA e ao CAU, seria absolutamente
justa”.
E o cineasta
Vladimir Carvalho, autor de documentários fundamentais sobre aspectos da
história política, social e cultural de Brasília, escreveu na carta dos
leitores, esgrimindo o argumento: “Se reverenciamos tanto e merecidamente o
gênio de Oscar Niemeyer, por que não fazer justiça e emparelhar com ele o seu
inseparável parceiro?”, indaga Vladimir.
E emenda: “Sem os
providenciais cálculos do notável engenheiro e poeta, do nível dos conterrâneos
Manuel Bandeira e João Cabral, não se concretizariam as extraordinárias
esculturas arquitetônicas do grande mestre. Brasília deve esta homenagem ao
multifacetado gênio de Cardozo, tão esquecido em nossa paisagem urbana”. De
minha parte, assino embaixo de tudo que foi dito e só acrescentaria: Ponte
Joaquim Cardozo seria um nome bonito, elegante e justo.
(*) Severino
Francisco – Colunista do Correio Braziliense – Foto: Bento Viana/ Ilustração:
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