Funaro
acusa Ricardo Leal de ser “operador financeiro” de Rollemberg .Declaração do
delator foi dada para integrantes da CPI do BNDES da Câmara dos Deputados, na
tarde desta quarta-feira (28/08/2019)
O delator
da Lava Jato Lúcio Funaro declarou, nesta quarta-feira (28/08/2019), que
Ricardo Leal era “o operador financeiro do ex-governador Rodrigo Rollemberg
(PSB)”. A declaração foi dada durante oitiva na CPI do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da Câmara dos Deputados, que durou
todo o período vespertino. Antes, o delator que subsidiou a Operação Circus
Maximus já havia informado aos investigadores do Ministério Público Federal
(MPF) que o Banco de Brasília (BRB) abrigou um dos maiores esquemas de
corrupção dos quais ele tem conhecimento.
“O
Ricardo Leal é o principal operador do ex-governador Rodrigo Rollemberg. Eu conheço
ele [Ricardo] há praticamente 22 anos. Talvez ele seja um dos maiores players
desse submundo do mercado financeiro, não só com BRB, mas com várias outras
fundações, tanto a nível estadual quanto federal. O esquema era muito forte.
Dentro do BRB, ele tinha controle total sobre o Vasco [Gonçalves], Nilban [de
Melo Júnior], Adonis [Assumpção]… Toda a estrutura que estava ali instalada
quem comandava era ele”, frisou, referindo-se a ex-dirigentes da instituição
brasiliense investigados na Circus Maximus. A declaração foi dada em resposta à
pergunta da deputada federal Celina Leão (Progressistas) sobre o papel do
ex-conselheiro do BRB no mercado financeiro e se houve transações financeiras
ilícitas dentro da instituição local. Ao descartar relacionamento próximo com o
ex-titular do Palácio do Buriti, Funaro sustentou à CPI que “a única vez” que
esteve com Rollemberg “foi quando ele se candidatou ao governo pela primeira
vez e não foi eleito”.
“Inclusive
isso me trouxe muito problema de represália dentro da cadeia, quando eu estava
preso, entendeu? Pelo fato de eu estar preso e o governador influenciando lá,
para tentar represálias em mim, no [ex-senador] Luiz Estevão, de todo tipo”,
emendou. Questionado sobre quais retaliações teria sofrido por parte do governo
local, o delator afirmou que, enquanto esteve no Complexo Penitenciário da
Papuda, teve objetos pessoais confiscados. “Retirada de itens mínimos de
sobrevivência no lugar, como travesseiros. Não deixavam entrar sabonete se não
fosse branco. Era uma ala do presídio onde só ficam os vulneráveis, então não
tinha a menor necessidade de se fazer isso. E ele [Rollemberg] veio mandar
recado de que ‘se você falar meu nome ou do Ricardo [Leal] a situação vai
apertar ainda mais’, entendeu?”, pontuou.
Veja o
vídeo da oitiva:
Lava Jato
Lúcio Funaro foi preso no escândalo da Petrobras, no âmbito da Operação Lava
Jato. Depois, tornou-se delator. Funaro confessou diversos atos de corrupção e
delatou políticos de alto escalão do MDB a fim de ter sua pena reduzida – entre
eles, o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira. As informações
dadas por ele também foram usadas pelo MPF para denunciar o ex-presidente
Michel Temer (MDB).
Na CPI da
Câmara dos Deputados, ele foi questionado sobre a licitude das transações
feitas por Joesley Batista, do grupo J&F, dono da JBS, junto ao BNDES, além
da relação profissional e pessoal entre os dois. O outro lado O Metrópoles
procurou o ex-governador Rodrigo Rollemberg para comentar as novas acusações
feitas pelo delator da Operação Lava Jato. Em nota enviada pela assessoria de
imprensa, o socialista sustentou que “a declaração do senhor Funaro não tem
qualquer respaldo na realidade”. “Nunca tive operador financeiro. Em todas as
empresas públicas do GDF, inclusive no BRB, as nomeações do governo foram
pautadas pela qualificação técnica e sem interferência partidária”. No texto, o
ex-titular do Palácio do Buriti afirma que “sempre dei liberdade para que
formassem as diretorias com base nesses mesmos requisitos. Nunca interferi nas
decisões internas dessas empresas. Se algum desses dirigentes, em algum
momento, cometeu alguma irregularidade ou ilegalidade, isso deve ser apurado na
esfera competente”, registrou.
Sobre as
supostas retaliações ao delator dentro do presídio público do Distrito Federal,
Rollemberg preferiu não se manifestar. A reportagem também procurou a defesa do
ex-conselheiro do BRB Ricardo Leal, que não retornou os contatos até a última
atualização da matéria. O espaço permanece aberto para manifestações. Circus
Maximus A Operação Circus Maximus foi deflagrada em 29 de janeiro de 2019,
mirando a cúpula do BRB na gestão de Rodrigo Rollemberg. A ação apura
irregularidades praticadas no banco envolvendo fundos de investimentos, com a
atuação de agentes públicos, empresários e agentes financeiros autônomos.
Por Caio
Barbiere - Colaborou Isadora Teixeira –
Metrópoles
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