Primavera sedutora. O clima mais ameno e as chuvas
da estação formam uma combinação perfeita para a migração e a reprodução das
espécies: no Zoológico de Brasília, funcionários esperam que aves ameaçadas se
multipliquem
*Por Rayssa Brito
“A primavera cria a vida no
cerrado”. Essas são as palavras de Wesley Batista, 26 anos, assistente de
plantel da Diretoria de Aves do Zoológico de Brasília. O funcionário explica
que o período da chuva e a abundância de alimentos da estação potencializam
a possibilidade de reprodução das espécies. Wesley também afirma que o
zoo não tem a intenção de reproduzir espécies apenas por vontade de ter outros
animais, mas, sim, por necessidade da conservação dos bichos.
Ararajuba
O pássaro Tesourinha é um dos exemplos que migra para o
zoológico na primavera devido as comodidades que a estação possibilita à ave.
Jacutinga, arara-azul e ararajuba são aves espécies ameaçadas de
extinção. Por isso, o Zoológico resolveu separá-las em casais a fim de
estimular a reprodução desses animais. Wesley explica que o acasalamento pode
demorar anos para acontecer, mas que ainda teve resultados com os três tipos de
aves, mesmo trocando os casais, e que um novo ambiente está sendo pensado para
aumentar o conforto das aves e facilitar o acasalamento.
Arara-azul
O período de reprodução ou época de postura das aves dura em média de 27 a 30 dias. O canto mais frequente dos pássaros na primavera, o colorido das penas e a capacidade de fuga do predador são características importantes para a conquista, principalmente dos machos em relação às fêmeas. O assistente do zoológico conta que há, na instituição, dois casais de araras-azuis em período de acasalamento. Um chegou em 2013 e, o outro, em 2017, mas nada aconteceu entre eles. Já os outros dois casais de Jacutinga chegaram em 2018 e este ano. Quem sabe a primavera não trará novidades para o Zoológico de Brasília?
O período de reprodução ou época de postura das aves dura em média de 27 a 30 dias. O canto mais frequente dos pássaros na primavera, o colorido das penas e a capacidade de fuga do predador são características importantes para a conquista, principalmente dos machos em relação às fêmeas. O assistente do zoológico conta que há, na instituição, dois casais de araras-azuis em período de acasalamento. Um chegou em 2013 e, o outro, em 2017, mas nada aconteceu entre eles. Já os outros dois casais de Jacutinga chegaram em 2018 e este ano. Quem sabe a primavera não trará novidades para o Zoológico de Brasília?
Coruja
Para o professor de biologia da Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Bessa, 40, a primavera deixa a cadeia alimentar mais viva pois o clima mais ameno é adequado para a vivência de filhotes e aumenta a quantidade de alimentos. Segundo o especialista, a estação garante a disponibilidade de energia para produção de ovos. Ele conta que, com a volta das chuvas, as cigarras se alimentam melhor e se reproduzem mais rápido, o que contribui para que as corujas se alimentem desses insetos tão típicos do período de chuvas.
O desabrochar das flores também é marca da primavera. Como as plantas não conseguem ir até as outras sozinhas, elas precisam atrair animais polinizadores, capazes de levar o pólen de uma planta para a outra. A beleza da estação facilita o processo de atração entre os animais e as plantas. Estas últimas oferecem néctar, pólen e flores como alimentos. “Dada essa disponibilidade toda na planta, vários animais vão aproveitar para se reproduzir por isso”, conta Eduardo.
Sobre a atração dos animais, o biólogo esclarece que há um certo instinto e que fêmeas mais jovens tendem a ser mais seletivas. Um exemplo é o pássaro Soldadinho, conhecido por um topete vermelho que seduz as fêmeas. Essa particularidade é causada por um alimento ingerido pela ave. Caso ele seja privado desse alimento, o pássaro não terá o atrativo para o acasalamento.
Eduardo ainda explica que, em Brasília, há menos aves migratórias do que em ambientes mais frios. Nas baixas temperaturas, as mudanças em busca da sobrevivência são mais frequentes, e a maioria das aves da capital é sedentária. Ou seja: têm o hábito de permanecer na região. “A seca é a hora que eles vão embora e, quando começar a chover, eles voltam. Na quarta-feira, eu vi o primeiro casal de tziu aqui no campus, eles estão chegando. Supostamente eles saem e migram até o sul da Amazônia, sul do Pará e aí voltam. Já no caso da Tesourinha, quando começa a ficar seco aqui, ela migra para o frio, para o Paraná, sul do Brasil, norte da Argentina, e depois volta nessa época de chuva”, exemplifica.
"A seca é a hora que eles vão embora e, quando começar a chover, eles voltam. Na quarta-feira, eu vi o primeiro casal de tziu aqui no câmpus, eles estão chegando” (Eduardo Bessa, professor de biologia da Universidade de Brasília)
Para o professor de biologia da Universidade de Brasília (UnB) Eduardo Bessa, 40, a primavera deixa a cadeia alimentar mais viva pois o clima mais ameno é adequado para a vivência de filhotes e aumenta a quantidade de alimentos. Segundo o especialista, a estação garante a disponibilidade de energia para produção de ovos. Ele conta que, com a volta das chuvas, as cigarras se alimentam melhor e se reproduzem mais rápido, o que contribui para que as corujas se alimentem desses insetos tão típicos do período de chuvas.
O desabrochar das flores também é marca da primavera. Como as plantas não conseguem ir até as outras sozinhas, elas precisam atrair animais polinizadores, capazes de levar o pólen de uma planta para a outra. A beleza da estação facilita o processo de atração entre os animais e as plantas. Estas últimas oferecem néctar, pólen e flores como alimentos. “Dada essa disponibilidade toda na planta, vários animais vão aproveitar para se reproduzir por isso”, conta Eduardo.
Sobre a atração dos animais, o biólogo esclarece que há um certo instinto e que fêmeas mais jovens tendem a ser mais seletivas. Um exemplo é o pássaro Soldadinho, conhecido por um topete vermelho que seduz as fêmeas. Essa particularidade é causada por um alimento ingerido pela ave. Caso ele seja privado desse alimento, o pássaro não terá o atrativo para o acasalamento.
Eduardo ainda explica que, em Brasília, há menos aves migratórias do que em ambientes mais frios. Nas baixas temperaturas, as mudanças em busca da sobrevivência são mais frequentes, e a maioria das aves da capital é sedentária. Ou seja: têm o hábito de permanecer na região. “A seca é a hora que eles vão embora e, quando começar a chover, eles voltam. Na quarta-feira, eu vi o primeiro casal de tziu aqui no campus, eles estão chegando. Supostamente eles saem e migram até o sul da Amazônia, sul do Pará e aí voltam. Já no caso da Tesourinha, quando começa a ficar seco aqui, ela migra para o frio, para o Paraná, sul do Brasil, norte da Argentina, e depois volta nessa época de chuva”, exemplifica.
"A seca é a hora que eles vão embora e, quando começar a chover, eles voltam. Na quarta-feira, eu vi o primeiro casal de tziu aqui no câmpus, eles estão chegando” (Eduardo Bessa, professor de biologia da Universidade de Brasília)
(*)Rayssa Brito – Fotos: Ana
Rayssa/CB/D.A.Press – Blog-Google - Correio Braziliense
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