O mecanismo do Minotauro
*Por
Circe Cunha
Não é novidade para ninguém,
principalmente para aqueles que transitam nos bastidores do poder aqui na
capital, que, a cada dia que passa, mais e mais a Operação Lava Jato vai
caminhando para seu final. Não por conta das investigações, que segundo os próprios
procuradores ainda deveriam prosseguir por mais dois anos, no mínimo. A questão
é que para todos aqueles que direta ou indiretamente estão, de alguma forma,
enredados nessa operação exitosa, “a Lava Jato foi longe demais”. Por essa
avaliação, entende-se que essa operação, por conta naturalmente das pistas que
seguiu, chegou muito perto daquelas autoridades do alto escalão tidas como
intocáveis ou forçosamente acima de qualquer suspeita. Todos aqueles envolvidos
na tarefa de seguir a trilha deixada sabiam que, mais cedo ou mais tarde, a
Lava Jato chegaria a uma encruzilhada que bifurcaria por apenas dois caminhos:
o da legalidade total, custe o que custar, ou o da trilha nevoenta, onde os
personagens principais desapareceriam de cena, deixando em suspense o
prosseguimento da operação, tal qual se sucedeu com as investigações Mãos
Limpas, na Itália.
O fato, e ninguém desmente isso categoricamente, é que deixada
seguir, por inércia, a Operação Lava Jato iria provocar um tal esvaziamento de
importantes personagens dessa República que talvez houvesse a necessidade de
convocar novas eleições. O problema maior, nessa fase avançada da operação, é
que ela se aproximou demais de pessoas e fatos que se abrigam não apenas no
Legislativo e Executivo, mas dentro do próprio poder Judiciário. Nesse ponto
foi operado um conjunto de acordos e acertos de bastidores, todos devidamente
registrados pela mídia, visando a elaboração de uma estratégia em comum,
envolvendo os Três Poderes para um esvaziamento paulatino e discreto de toda a
força-tarefa da Lava Jato.
O “mecanismo”, se assim pode ser apelidado, consistiria numa
desaceleração suave e sem estardalhaço em investigações, retirando à
conta-gotas todo e qualquer suporte necessário aos procuradores de Curitiba.
Esse “mecanismo” deveria funcionar de forma sincronizada e silenciosa como um
relógio suíço, de modo a não despertar a atenção e a ira da população que, em
sua maioria, apoia a operação Lava Jato e seu prosseguimento.
Na realidade, o que pretendem todos aqueles envolvidos nessa
trama poderosa é cobrir a operação com o véu do esquecimento, apagando
delicadamente cada possibilidade de pista; afastando as investigações do olho
da mídia; tornando secretas muitas investigações; removendo personagens de
pontos estratégicos; apagando a memória da operação; desacreditando qualquer
avanço; tornando legais escutas criminosas que flagraram conversações entre os
procuradores e o juiz Sérgio Moro.
Para tanto, as infinitas filigranas da lei serviriam como uma
espécie de Labirinto do Minotauro, onde os investigadores ficariam aprisionados
até a decretação da morte cerebral da operação. Para aqueles que acompanham no
dia a dia o desenrolar desse ardil, o “mecanismo” segue em pleno
desenvolvimento, colhendo de cada Poder a pequena porção de pólvora, capaz de
fazer explodir pelos ares aquela que foi a mais popular das operações,
esperança de muitos, desde que Cabral por essas bandas veio ter.
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A frase que foi pronunciada: “A corrupção não tem cores partidárias. Não é
monopólio de agremiações políticas ou governos específicos. Combatê-la deve ser
bandeira da esquerda e da direita.” (Sergio Moro, quando
ocupava o cargo de Juiz Federal.)
Mérito: É realmente um sucesso a
visitação no Congresso. As duas casas se unem para receber os brasileiros. No
domingo não há a necessidade de agendamento. Os grupos começam a se organizar
para a primeira visita às 9h. De meia em meia hora, novos grupos são formados.
Os últimos saem às 17h. A cada primeiro domingo do mês, há também a
participação do Congresso na troca das bandeiras. A responsável no Senado é
Marília Serra, na Câmara, Maria José Garcia. Os elogios dos visitantes foram
para Adriana Araújo. Toda a equipe é bem preparada e tudo bem organizado.
Altruísmo: Uma homenagem da Azul no Outubro Rosa. É que Cleonice Antunes,
agente de cargas da companhia, venceu o câncer e agora inspira os passageiros
com sua história de superação. Ela entra em alguns aviões antes do embarque
finalizar para passar a mensagem do autoexame e exames preventivos. Segundo o
Ministério da Saúde, por ano, surgem 60 mil novos casos de câncer de mama no
país.
(*) Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” - Ari Cunha – Fotos: veja.abril.com - Wilson Dias/Agência
Brasil - congressonacional.leg.br/visite - Cartaz: voeazul.com – Correio
Braziliense
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