Conheça o batalhão canino da Polícia Militar do DF.
São 47 cães das raças pastor belga de malinois, pastor cinza e labrador que
atuam em diversas operações. A fêmea de
pastor belga malinois Diana recebe treinamento no combate às drogas
Três mochilas são colocadas lado a lado. Uma delas
está cheia de drogas. A fêmea de pastor belga malinois Diana, de 2 anos, se
aproxima dos objetos, cheira cada um deles e, ao reconhecer o cheiro da maconha
e do crack, arranha a bolsa e se senta diante do esconderijo agora descoberto.
Como recompensa pelo bom trabalho executado, ela ganha um mordente, espécie de
almofada para brincar à vontade.
Dessa forma, a cadela associa o trabalho de
localizar drogas a uma brincadeira. Mas o que os cães fazem é coisa séria. Eles
são essenciais para a boa execução da atividade da Polícia Militar do Distrito
Federal (PMDF). Só em 2018, mais da metade das drogas apreendidas pela
corporação foi feita pelo Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães).
Em 2018, os cachorros também foram responsáveis
pela apreensão de 2,2 toneladas de maconha que estavam escondidas no fundo
falso de uma carreta. De janeiro a outubro de 2019, o batalhão apreendeu 353
quilos de maconha, cocaína, pasta base de cocaína e crack, além de 95 unidades
de Rohypnol (remédio controlado), ecstasy (droga sintética) e 25 pés de
maconha.
“São cães muito eficientes na atividade policial.
Às vezes a gente olha e não vê nada. Vem o cão, cheira o local e senta. A gente
vai lá e certamente tem alguma coisa”, afirma o comandante do batalhão, major
Carlos Reis. “Para achar um explosivo, por exemplo, nada melhor que um cão
porque não existe nenhum equipamento que faça isso.”
A PM conta com 47 cães das raças pastor belga de
malinois, pastor cinza e labrador. Eles começam a trabalhar com 1 ano e meio de
idade, ainda filhotes, e ficam na ativa até os 8 anos. Há os que ajudam os
policiais a localizar drogas, explosivos e armamentos, e os que trabalham na
busca e captura de fugitivos.
A arma desses “policiais” é o focinho, que
reconhece 978 odores diferentes. “Estamos com um projeto para a aquisição de
novos animais para melhorar ainda mais nossa atuação”, conta o comandante do
BPCães.
No Aeroporto de Brasília, os
cachorros fazem sucesso e posam para fotos diariamente | Foto: Divulgação
/ BPCães
Busca e captura: Certa vez, em 2013, o BPCães
foi acionado para ajudar os policiais de Sobradinho a capturar dois homens que
roubaram uma agência dos Correios na região e fugiram para o Lago Oeste.
Eles entraram no mato e foram localizados graças ao
faro de dois cachorros. “O primeiro suspeito foi encontrado 1 hora depois, os
cachorros continuaram procurando e acharam o segundo fugitivo depois de 40
minutos”, relata o tenente coronel Vânio Martins Escobar, que foi o primeiro
comandante do batalhão.
“Eles [os fugitivos] estavam em um lugar de tão
difícil acesso que foram resgatados de helicóptero. Sem os cães poderíamos nem
achar os suspeitos e, se eles fossem encontrados, seria muito tempo depois”,
ressalta.
Os cães também são utilizados quando os policiais
estão em menor número. Nesses casos, o cachorro fica ao lado do policial
latindo enquanto ele faz a revista, servindo para coagir, mas o cachorro só
morde se for ordenado. Os animais também são usados no policiamento diário da
Rodoviária do Plano Piloto e no Aeroporto de Brasília para melhorar a sensação
de segurança da população.
“Todo mundo quer tirar foto com os cachorros e a
Polícia Militar se insere ainda mais na comunidade, o que acaba sendo uma coisa
boa para a imagem da corporação”, afirma o major Reis.
Nos dias que antecederam a Copa do Mundo Fifa Sub
17/2019, que aconteceu na cidade do Gama em outubro, os cachorros fizeram
varredura nos ônibus, nos hotéis e no próprio estádio da competição, Bezerrão.
Quando se aposentam, os cães normalmente são
levados para a casa do seu guia e aprendem a viver com as mordomias de um
animal doméstico. Na PM, porém, levam uma rotina militar, o que inclui
treinamentos diários e muita disciplina. Não são acariciados o tempo todo como
um bichinho de estimação, pois ali o carinho é recompensa para um trabalho
executado.
Brincadeiras, só quando encontram o alvo. “Em casa
o pet dorme junto com o dono, por exemplo. O cão de trabalho deve ser tratado
de forma diferente. Para ele, encontrar a droga é uma brincadeira e, por isso,
o carinho é nossa moeda de troca”, diz o cabo Hugo Santos, que trabalha há
quatro anos no canil e é apaixonado por cães. “Sempre tinha um cachorrinho
quando era criança, mas hoje não tenho em casa porque não tenho tempo de
cuidar”, conta.
Os policiais lotados no BPCães passam por
preparação especial. Os interessados em trabalhar com os animais precisam, além
de passar no concurso da PM, fazer um curso básico de adestramento, chamado de
cinotecnia, além de um teste físico que inclui provas de barra, corrida,
flexões e abdominais. As vagas são abertas de acordo com a necessidade do
BPCães. Há a previsão de abrir inscrições para um novo curso, ainda neste ano.
Cães trabalham todos os dias na Rodoviária do Plano
Piloto | Foto: Divulgação / BPCães
Cães na PMDF: O trabalho com cães na PMDF teve
início como um grupo pertencente ao 1º Batalhão de Polícia Militar, em meados
de 1967/1968. Em 10 de março de 1971, com a criação da Companhia de Operações
Especiais (COE), este grupo passou a denominar-se Pelotão de Cães. Em 1981, a
COE foi transformada em Companhia de Polícia de Choque, mantendo-se o então
Pelotão de Cães em sua estrutura.
Já em julho de 1999, o Pelotão de Cães virou
Companhia de Policiamento com Cães, tendo em vista a transformação de Companhia
de Choque em Batalhão de Operações Especiais. Com a necessidade de modernização
e com vistas a concretizar o planejamento estratégico da PMDF, a Companhia de
Policiamento com Cães passou a ser denominada Batalhão de Policiamento com
Cães, em 14 de junho de 2011. “Junto a nós vive o cão fiel amigo!” é o lema do
batalhão.
Digital influencer : Ele tem 19,5 mil seguidores no Instagram e fotos
com mais de cinco mil curtidas. Com 32 quilos, o cão american buly Taurus, de 3
anos e meio, é a estrela da internet. Quem mantém o perfil @tauruspesadão é sua
dona, Bruna Motta, de 31 anos, soldado do BPCães.
Taurus, porém, não faz parte da corporação: apenas
posa para fotos, às vezes fardado. “Ele é meu cachorro pessoal, fica comigo em
casa. Ele é tipo modelo, pois é muito fotogênico”, esclarece a policial.
O cão até tem cara de bravo, assusta pelo tamanho,
mas é um doce, um “bobão” nas palavras da dona. “Ele já chega abanando o rabo,
pedindo carinho, e adora bebês. Fica chorando quando vê um e não para enquanto
não chega perto dele e cheira”, conta Bruna.
A aparência do cachorro lembra a de um pitbull mais
“parrudo”, mas o american bully é resultado do cruzamento de raças com a
participação do bulldog inglês, o que deixa a personalidade do animal mais
dócil. “Só com outros cachorros ele é mais bravo. É superterritorialista.
Quando trago ele no canil da PM, nem levo perto dos outros cães”, diz
Da raça american buly, Taurus tem mais de 19 mil
seguidores no Instagram | Foto: Reprodução / Instagram
Tauros não faz parte do time de cachorros do
BPCães, mas se tornou o mascote do batalhão |Foto: Reprodução / Instagram
Taurus e sua dona, a policial militar Bruna Motta | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília
Bruna montou o perfil há dois anos para se
aproveitar da simpatia do cachorro. Desde quando ele era bebê, a policial notou
que Taurus tinha um carisma e um charme especial. “Eu tirava fotos dele e
percebia que ele fazia umas expressões de gente. Um dia postei uma foto e
viralizou”, afirma.
Na rede social, Taurus esbanja sorrisos e faz caras
e bocas. Já posou vestido de jogador de futebol, cantor de rap, ciclista,
judoca e até praticando esportes como natação e stand up paddle e enrolado em
toalhas após sair do banho.
Até fantasia de Carnaval ele já usou, e às vezes
faz o tipo intelectual “lendo” livros, de óculos. Sem falar nas muitas fotos
vestido de policial de colete à prova de balas e boina.
As diferentes poses alçaram o cachorro à fama.
Taurus já foi garoto propaganda de ração, açaí, plano de saúde canino e até de
roupas. “Ele usa roupas masculinas, de adulto. As minhas não servem nele”,
conta a dona do digital influencer que nunca chegou a ganhar
dinheiro com o perfil. “Eu ganhava produtos. Mas agora dei um tempo nas
postagens, ocupa muito tempo”, conta. Mascote da PM, Taurus se prepara para
integrar ações sociais da corporação. (Vídeo)
Galeria de Fotos: https://bit.ly/36u8hn6
Gizella Rodrigues – | Foto: Acácio
Pinheiro - Agência Brasília
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