FÉ EM BOLSONARO
E A SÍNDROME DE CHERNOBYL
*Victor
Dornas
Uma das
melhores séries que assisti em minha vida sem dúvida alguma foi Chernobyl,
produzida por Craig Mazin e pela HBO. Trata-se de um intenso mergulho não
apenas num dos episódios mais tenebrosos de nossa história como também na alma
humana e as repercussões dos fenômenos de grupo. A psicanálise Freudiana
debruçou-se sobre os papeis sociais desde aquele que ordena, também os
bajuladores e, por fim, os antagonistas. A psicologia enquanto ciência assume
uma dimensão riquíssima quando busca analisar esses movimentos sociais,
identificando padrões para evitar a repetição de impulsos que terminam mal. Em
Chernobyl a análise psicológica dos grupos ocorre tanto nos funcionários que
permitiram o acidente considerado como o maior de todos os tempos em muitos
aspectos, como também nos governantes e na legitimação social daquele modelo
rígido e a fé no nacionalismo.
Na
série Chernobyl existe um cuidado em retratar a fé do povo em seus representantes
pois multidões se expuseram à morte certa por confiança em seus líderes e
também por desconhecimento científico do significado da explosão de um reator
nuclear naquelas circunstâncias. Ressalvadas as devidas proporções, nós aqui
que sustentamos uma democracia que busca se distinguir dos modelos autoritários
pelos princípios gerais da Administração Pública, dentre eles a publicidade dos
atos de seus agentes, testemunhamos um episódio de fé na manifestação do dia 15
de março. Pessoas que depositam sua fé em seu líder e aceitam colocar em risco
sua saúde em virtude disso. Muitos jornalistas que ostentam apoio ao atual
governo classificaram o episódio como “uma escolha calculada de risco em nome
de uma causa” e citaram eventos como a inauguração da CNN que reuniu mais de
mil e quinhentas pessoas como evidência de demagogia.
Ocorre
que aquele que se expõe ao risco em se tratando de uma pandemia não apenas está
comprometendo a si mesmo e o fato desta obviedade precisar ser aventada num
quadro endêmico deste porte é sinal de alerta. Ambos os casos estão errados.
Qualquer aglomeração que seja evitável, adiável está errada. E todos esses
eventos só acontecem por uma questão de fé no governo. Fé de que a doença está
sendo controlada. Fé de que não acontecerá com ninguém próximo a você. Fé de
que está tudo bem. São os mesmos princípios observados no caso de Chernobyl,
com a condicionante de que, naquele tempo não havia tanta informação
disponível. A fé depositada erroneamente é uma marca tão forte na nossa espécie
que pensamos que muitas irresponsabilidades cometidas no passado se davam
meramente por falta de informação. Hoje percebemos que a informação não tem
utilidade se não sofrer o crivo do senso crítico.
A
economia não pode parar, clama o nosso ilustre ministro. De fato, não pode.
Porém diante de iminência da perda de vidas apenas o necessário deve ser aceito
justamente para não sepultar a economia, vide o caso da Itália. Se o pior
acontecer, o melhor sempre é ter convicção de que todo o possível foi feito.
Analistas debatem sobre a demora do Brasil em fechar os aeroportos e sobre a
injeção de 140 bilhões do governo federal para custear a emergência, todavia o
maior obstáculo talvez seja a fé quando depositada em detrimento da razão. Não era momento para
aglomerações.
Em
dias de clausura imposta pela pandemia, o mais indicado é permanecer em casa e
conferir a aclamada série da HBO para aprendermos com os nossos erros
passados. As pautas políticas podem esperar por alguns dias.
(*)
Victor Dornas - Colunista do Blog do Chiquinho Dornas - Foto/Ilustração:
Blog/Google
Estilo Petista de ser:
ResponderExcluirSe IMMANUEL KANT fosse do Partido dos Trabalhadores, se Kant fosse do PT, se Kant fosse petista, KANT seria um absoluto imbecil. Kant imediatamente deixaria de ser Kant e desapareceria por completo da História. Seria um imbecilóide. Se Kant fosse petista, Kant desapareceria integralmente do planeta TERRA.