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DOENÇA DE RICO (*Victor Dornas)

O banco central estadunidense anunciou nos últimos dias uma série de alterações nas regras de operação de dólares por bancos centrais estrangeiros no escopo de permitir o controle mais eficaz do “vírus chinês”, a forma como o Trump tem se referido ao “covid”, conforme previ em meu artigo intitulado “Retaliação pós vírus”. 

Em termos de mercado financeiro, a medida é chamada de “swap”, e tem potencial para propiciar 300 bilhões de reais ao governo brasileiro. Trump adotou o estilo cético debochado no início do contágio que, embora pandêmico, ainda não havia atingido os Estados Unidos. 

Hoje, 20 de março, os Estados Unidos registram 7 mil e oitenta e sete casos e 100 óbitos decorrentes do mesmo. A mudança de entonação do chefe de Estado dos EUA foi inevitável. Trump agora define a pandemia como a pior catástrofe experimentada desde a segunda guerra mundial. Em parte, isso decorre do fato da democracia presidencialista estadunidense ser mais sadia do que a nossa. 

O sistema de freios e contrapesos lá realmente funciona e, apesar de falastrão, Trump é modelado a seguir um certo nível de sincronia com o entendimento legislativo. Nos Estados Unidos, ao contrário daqui, a política é uma carreira como outra qualquer, devidamente regulamentada.

O maior inimigo do “vírus chinês” é a sua aleatoriedade, ou seja, aquilo que ele tem de pior é também a razão de sua destruição, embora tecnicamente um vírus, a antítese da vida, por não ter vida, seja indestrutível. Se essa forma de covid ficasse restrita em áreas mais pobres e fosse contida, não se veria tanto esforço geopolítico para contê-lo. 

O “corona” pegou celebridades, autoridades das mais importantes. Se uma doença como essa resistisse por muito tempo seria fatalmente o sinal do fim dos tempos, haja vista que aquilo que atinge assim os mais favorecidos, desperta todo o nosso potencial. Ouso brincar que se o vírus tivesse infectado o Trump, a cura sairia em dias! 

Óbvio que estou apenas brincando, mas em momentos como este, onde uma simples manobra do banco central mais importante do planeta significa numa simples canetada o importe de 300 bilhões de reais para a nossa economia, indaga-se a respeito de como funciona essa economia global. 

Quero dizer, será que se o caso não fosse ameaçador aos Estados Unidos, em hipóteses mais sutis de pedido de socorro, a chamada FED – Federal Reserve seria tão solidária? Melhor parar por aqui, do contrário soaria como o tal mal agradecido, ou ainda, como aquelas teorias mirabolantes difundidas por partidos políticos que dizem ajudar o proletariado, mas costumam delegar nossos fracassos ou incompetências ao inimigo imaginário estrangeiro.

Além do Brasil, oito países também serão beneficiados. Austrália, Coreia do Sul, Dinamarca, México, Noruega, Nova Zelândia, Singapura, Suécia. A medida basicamente permite que a FED aceite moedas estrangeiras como forma de garantia. Parece algo singelo, mas os impactos são bastante profundos. 

Por se tratar de uma medida emergencial, não estou dizendo que isso seria possível em muitos outros contextos sem prejudicar a economia estadunidense, porém sabe-se que o cenário geopolítico é uma selva onde ninguém é amigo de ninguém. 

Quando muito, parceiros oportunos. Não sei dizer se seria uma utopia, mas num cenário onde as nações fossem mais afáveis umas com as outras, num possível futuro, medidas como essa tomada pelo banco central estadunidense talvez fossem mais comuns e não apenas na iminência de uma pandemia. 

O fato é que o presidente Trump, a despeito da vilania contumaz lhe atribuída, toma medidas assertivas condizentes com suas aspirações eleitorais onde seus adversários buscam a imputação de um vilão internacional como forma de derrota-lo. Prestando tantos auxílios como este, além de ser o correto a ser feito, é também cômodo para a sua imagem neste momento.

Por fim, deixo a reflexão. Como diria John Lennon em sua utopia particular, “No need for greed or hunger, a brotherhood of man. Imagine all the people sharing all the world.

(*) Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas – Foto/Ilustração: Blog-Google





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