Após avisar seus espartanos que não negociaria cargos,
na surdina do feriado comemorativo de aniversário da capital, o governo federal
se rende ao “toma-lá-dá-cá” e oferece a secretaria de vigilância e saúde a Valdemar Costa Neto, condenado por sete anos no mensalão.
É o efeito Bob Jeff, o mensageiro do caos...
Por Victor Dornas
Brasília é uma cidade contrastada.
Uma realidade apartada, uma dimensão estranha de palácios
políticos opulentos que parecem terem sido transportados de um país próspero que
não amargasse os problemas que nós temos aqui no Brasil. Brasília já nasceu ideologizada,
esculpida na justificativa nobilíssima de proteção estratégica territorial, uma
vez que o centro das decisões não poderia estar sediado no litoral. De fato, tornou-se estratégica, porém estrategicamente
distante da realidade visceral do país.
A desfaçatez com que o
ordenador de despesas autoriza os melhores tecidos, pedras e vinhos decorre de
um tempo onde não se tinha uma ideia de que a política não produz nada. Quando
feita corretamente, ajuda a proteger quem produz. Assim, se Brasília não produz
e, por isso, acaba sendo sustentada pelos estados, teria que, como contrapartida,
“fabricar” a boa lei, aquela que ampara o representado. Um quid pro quo
entre o mercado e a política, sintonizados. O quid pro quo que costumeiramente acontece em
Brasília, entretanto, é bastante diferente...
E nesse ano de 2020, ainda que a pandemia tenha catalisado a
urgência de reformas que se arrastam, putrefatas, há décadas, a ficha do
congresso ainda não caiu. Conforme tratei aqui no texto sobre as medidas propositivas
com efeito real, o legislativo conseguiu barrar a primeira delas, a mais
simples, apelidada de verde-amarela, que facilitaria a contratação dos mais
jovens.
Note, caro leitor, que o comércio reabrirá bastante machucado
e, provavelmente, sem clientela. Tudo que um pequeno empreendedor não precisa
agora é da burocracia que serve de arrimo para o maior custo-emprego do
planeta. E nem isso o Congresso entendeu, sendo que, agora caduca, a medida
terá que ser desfigurada. Os maiores responsáveis? A bancada do “bem”, do PT e
seus filhotes, que evitam ao máximo o risco de o trabalhador conseguir um
emprego.
Não é por acaso que Bob Jeff apareceu esses dias... Não senhor!
Os
espartanos bolsonaristas não entenderam, mas quando Bob aparece é sempre um
prenúncio e prelúdio do fim. Ele é um arauto do caos e serve como intermediário de diálogo com os
prepostos do inferno.
Quer saber o nome deles? Já saiu o diário oficial.
Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira, Marcos Pereira e Gilberto
Kassab.
Os quatro cavaleiros do apocalipse.
E o vírus? Ele é só o ceifador.
No aniversário de Brasília, o governo federal não fez
qualquer acordão. Fez o pior deles. E tudo isso pois Paulo Guedes e companhia
não querem aceitar a realidade das coisas. Não quer aceitar que sua gestão é
meramente de crise, ou manutenção. Não quer aceitar que o vírus existe. Não
quer aceitar que não se governa no Brasil sem fazer acordos e a ideia é evitar
que sejam acordos criminosos. O populismo então encontra o seu fim. Agora resta
contar os corpos. Bolsonaro quer um método de testagem eficaz para saber
quantos brasileiros ainda o apoiam.
Feliz aniversário Brasília. Esse 21 de abril de 2020 foi a festa da velha política.
Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas
Ilustração: google