Extra! Extra! Com a demissão do ministro
Sérgio Moro, o governo decide que o uso de máscaras não tem mais sentido na
epidemia cleptomaníaca instaurada em conluio com a banda podre do congresso. A
face do verdadeiro estilo bolsonaresco está exposta! Um rosto nem um pouco liberal...
Por Victor Dornas
Vivemos tempos estranhos, caro leitor.
Se a baixa de Sérgio Moro já seria dramática, imagine essa saída acostada por três acusações de crime de responsabilidade. Foi devastador.
Numa pandemia, a gravidade exige que deixemos as desavenças,
até por respeito aos mortos que o presidente insiste negligenciar. A gripezinha
mata lá fora tanto quanto homicídio no Brasil, um dos países mais violentos. O
que vemos, entretanto, é um verdadeiro caos institucional.
Isso decorre de um projeto de poder que ascende como
antagonista, isto é, apenas apontando os defeitos de seu algoz. Como ensina a
filosofia do martelo Nietzscheana, ressaltar o negativo muitas vezes esconde a
ausência do positivo. O recalque, a frustração e a vergonha.
O consenso de que a força do governo advinha de seus
ministérios num momento de crise agora é posto à prova. Será que os ministérios
são tão fortes assim?
Vejamos.
Moro saiu indagando: - “Por quê trocar?” (referindo-se ao
delegado Maurício Valeixo).
A mesma pergunta pode ser feita sobre Mandetta. Mandetta saiu
para que o governo pudesse dar a secretaria de vigilância e saúde para Valdemar
Costa Neto. Bolsonaro forçou a saída de Moro, que em sua fala de resignação alerta
ter oferecido mais de uma alternativa ao presidente que se manteve impetuoso. E
forçou também para ter possibilidade de indicação de cargos.
Além dessas duas pastas que agora tentam se reerguer de
escombros foi anunciado um plano de recuperação econômica baseado em medidas
anticíclicas sem a anuência de Paulo Guedes. Sabe-se que esse tipo de iniciativa
nada liberal mais onera do que produz, porém é praxe em democracias que ainda
não amadureceram diante de seus próprios equívocos.
Braga Netto é usado para suprimir Paulo Guedes como um recado
nada sutil de um presidente que tem pisado em seus ministros. Assim, nobre
leitor, são três pastas que seriam as mais importantes agora totalmente prejudicadas
pela velha política. E o astronauta? Embora tenha formação no ITA, parece
desconhecer o que significa um simples teste in vitro, fomentando a politização
de mais um medicamento não verificado. E da educação? Fez piadinha infames com
a morte da esposa de um médico equatoriano via Twitter. Sobram alguns, ainda.
Tarcísio de Freitas, o “pavimentador”, que também estava presente nos governos
petistas, embora mais discreto, parece não ter tempo para rinhas políticas.
Entretanto
ele é apenas um.
A questão que emerge agora é sobre a deposição.
Um sistema presidencialista sangra muito com rupturas
políticas...
O vírus nos impôs a necessidade da clausura, porém para
grande parte de nós, convivendo com nossos pares queridos. O presidencialismo,
neste momento específico de gravidade institucional talvez nos imponha a
necessidade de aguentar sucessivas imposições de cunho autoritário. Caso não
seja possível, tanto pela via da renúncia ou da saída forçada, experimentaremos
crises ainda piores, porém, dessa vez, mais unidos do que no último pleito
eleitoral.
Moro é maior do que Bolsonaro e por isso hoje o destruiu politicamente.
Mas o Brasil, mais unido, tem brio para superar mais esse momento difícil.
Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas - Ilustração: Blog/Google.