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O JARDINEIRO INFIEL (Coluna Victor Dornas)


"Pode ser que a cloroquina não dê certo, mas não tem esse efeito colateral todo que estão dizendo." Jair Bolsonaro,  5 minutos após demitir o ministro da saúde.

Por Victor Dornas

Quem não conhece a figura do gestor que se escora nos insucessos de seu predecessor para justificar a sua própria debilidade? O mantra mais manjado da política brasileira: "A culpa é do governo anterior!"

O uso exaustivo do antipetismo nas últimas eleições transformou em pecado lembrarmos, nessa pandemia, que foi justamente o PT quem negligenciou mais de duzentos bilhões em verba contingenciada enquanto era a situação. 

“Psiu! Isso é passado menino!”. Vejamos então.
Mas a grande ironia, caro leitor, é que lá dentre os nobres deputados que endossavam os desmandos petistas estava o Sr. Jair, aposentado aos trinta, com todas as regalias da nobreza parlamentar, votando contra reformas previdenciárias e autorizando tudo que o PT fazia. 

Agora, trajando uma vestimenta liberal de papel crepom, ele, como gestor, colhe um pouco do mal que ele próprio ajudou a plantar.
“Um pouco”, pois quem arca com o ônus é o povo que não tem essa aposentadoria de atleta para cuidar do “resfriadinho” de seus entes fraternos.

Bolsonaro subnotificou o ministro Mandetta e, como de praxe, passou a peixeira uma semana depois. A famosa fritada presidencial que transforma a troca de ministros em novelas mexicanas sem qualquer utilidade, senão o teatrinho para justificar a imperícia no cargo. O novo ministro se chama Nelson Teich, oncologista. No que difere do Mandetta? Em nada.

Bolsonaro foi capa na Economist recentemente, célebre revista econômica, retratado com a cabeça enfiada debaixo da terra como  um avestruz. Não me lembro de nenhum chefe de estado brasileiro ser retratado de modo tão vexatório e olhe que não faltaram candidatos. Foi colocado numa matéria no Washington Post, o jornal mais influente do planeta, junto de uma turminha muito bacana, gente do bem, tais como Nicolás Maduro e Daniel Ortega, como os chefes de estado que tratam a pandemia como ficção midiática.

O que Bolsonaro quer agora? 
Simples e raso: Capitalizar na crise com o discurso ricos x pobres.
Afinal, os “ricos”, malvados da história, podem ficar em casa vendo Netflix. Soa familiar, leitor? Claro que sim. É o petismo de sempre. Ninguém que, como Bolsonaro, passa três décadas votando com o PT deixa de aprender um pouco a fazer aquilo que o Lula faz como ninguém. 

A arte de fazer brasileiro de besta.


Victor Dornas – Colunista do Blog do Chiquinho Dornas Foto/Ilustração: Google

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