60 mortos no trânsito
De janeiro a abril
deste ano, a cada dois dias, pelo menos, um brasiliense perdeu a vida no
trânsito do Distrito Federal. Digo pelo menos, porque o número de mortos será
maior, por duas razões. Primeiro, porque os dados de abril só serão fechados na
segunda quinzena de junho. E segundo, porque, excepcionalmente este ano, o
Detran ainda não recebeu os dados do Instituto de Medicina Legal (IML),
indispensáveis para o fechamento das estatísticas.
Até 30 de abril,
60 pessoas — entre pedestres, motoristas, passageiros, ciclistas e
motociclistas — perderam a vida nas vias do DF. No mesmo período do ano
passado, foram 92. Digamos que os dados do quadrimestre estivessem fechados, a
redução de vítimas seria de 34,7%. Uma conquista em tempos normais, apesar de
ser inaceitável que uma única pessoa perca a vida no trânsito.
Mas é preciso
levar em conta outros fatores. No cenário atual, com escolas e a maior parte do
comércio fechados há dois meses e com a adoção de home office para uma parcela
dos trabalhadores, os 60 óbitos por acidentes terrestres são, no mínimo,
preocupantes quando se tem uma redução considerável do número de carros em
circulação e muito menos gente nas ruas.
O estudo
comparativo de Tráfego Médio Diário (TMD) do Departamento de Estradas de
Rodagem (DER) aponta queda de 45% na quantidade de veículos nas três principais
rodovias da capital. Foram analisados o movimento na Estrutural, na Estrada
Parque Taguatinga-Guará (EPTG) e na Estrada Parque Indústria e Abastecimento
(Epia).
Em tempos normais
e em dias úteis, a média diária de veículos nessas três rodovias é de 330 mil
carros. Mas, agora, são 148,5 mil a menos somente nas três rodovias distritais
mais movimentadas da capital. É preciso frisar que houve redução de tráfego
também em estradas federais, como a BR-020, a BR-060, a BR-040 e a BR-070, e
nas vias urbanas.
Portanto, contar
60 mortes no trânsito num período em que todos deveríamos estar voltados para o
cuidado com o próximo escancara a barbárie reinante atrás do volante. Seria
leviano afirmar que, ao sair de casa, o condutor pensa “hoje vou matar alguém
no trânsito”.
Mas é irrefutável
que a maioria absoluta das fatalidades é precedida do desrespeito à legislação:
uso de celular, alcoolemia ao volante, excesso de velocidade, dirigir sem a
devida atenção, furar o sinal vermelho, não dar a preferência ao pedestre na
faixa, não cuidar dos mais frágeis no emaranhado de gente no ir e vir são
apenas algumas das condutas que roubam vidas e deixam centenas de feridos.
Respeitar as leis de trânsito salva vidas. Pense nisso antes de girar a chave
na ignição.
Por Adriana Bernardes – Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press -/Ilustração:
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