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O LOBO E O FUNDO BILIONÁRIO (Coluna Victor Dornas)



O presidente Bolsonaro entregou ao PL de Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, a diretoria do FNDE, fundo nacional de desenvolvimento da educação. Há tempos que os caciques políticos disputam os mais de 50 bilhões orçados ao fundo. 
Trata-se de uma negociação com o congresso? Evidentemente, não.

Por Victor Dornas

A eleição de Jair Bolsonaro teve arrimo no pretexto de ruptura paradigmática, isto é, o partido que protagonizou os maiores escândalos de corrupção dos últimos anos não poderia persistir na gestão maior do país. Ocorre que, para tanto, foi necessária uma propaganda viciada que dispersou do eleitor a tórrida realidade de que um dos partidos onde o baixo clero habitado por criaturas como Bolsonaro mais se alimentou é o PP, partido recordista de condenações da lava jato. 

A desculpa é que Bolsonaro, agora um pretenso lone ranger, apenas precisou sobreviver, afinal todos os partidos são iguais, correto? Errado.

O loteamento de cargos importantes do governo em locais como o Banco do Nordeste, o maior banco de desenvolvimento regional da América do Sul ao PL de Valdemar, secretarias de governo, chefia do porto de Santos para sindicalistas, dentre outros tantos, e agora um fundo bilionário novamente para o PL, é justificado pelas figuras do alto escalão do governo como uma simples negociação com o congresso. Bolsonaro encontrou razões morais para implodir a própria base, mas parece ser bastante razoável em “negociar” com figuras condenadas.

Ocorre que o "toma lá da cá" carece de uma contraprestação. Pergunta-se: Bolsonaro está loteando o governo com o objetivo de aprovar quais reformas exatamente? A previdência, como todos sabem, a despeito da fatídica manutenção indecorosa de privilégios a grupos de interesse, foi reformada. A União agora tem carta branca para gastar na pandemia. O que Bolsonaro quer exatamente nessa união com condenados políticos? Um governo que se vê na inevitabilidade de torna-se uma gestão de crise não deve estar preocupado com realizações de grande porte, por questões eleitoreiras. 

Sendo assim, essa insistência em aproximar-se daqueles que cobram muito caro no congresso não parece ser exatamente essa troca de favores. Bolsonaro talvez seja, desde o início, uma espécie de cavalo de troia, pois ele sequer esconde as boas relações de amizade com muitas dessas figuras.

Por qual motivo ainda se sustenta a ideia de que ele está “cedendo” alguma coisa?

A propaganda é a alma do negócio. E Bolsonaro soube como ninguém maquiar esse contraste entre a realidade e o discurso pois trata-se de um mestre do populismo. Uma criatura que viu de perto a atuação de outras grandes figuras que dominam o espaço político parlamentar. Nos quase trinta anos que Bolsonaro parasitou o congresso, aprendeu direitinho aquilo que surte efeito nas massas. 

Os chavões, a rispidez. Com o tempo, o rapaz com aspirações sindicalistas que foi expulso do Exército aprendeu que não era necessário dosar seus impulsos, desde que personificasse a revolta do povo. Tentou várias vezes. Nas privatizações, na guerra midiática promovida pelo petismo e, ironicamente, contra esse mesmo petismo, agora usando um bobo do mercado financeiro com zero experiência em gestão pública para ser o liberal de bons costumes. Mesmo que nunca tenha tido bons costumes, ajoelhou-se perante Edir Macedo para ser perdoado por eventuais deslizes.

Bolsonaro não está se sacrificando ao tirar da asa do Ministério da Educação um fundo bilionário que já foi disputado por tanta gente e agora está sob influência de Valdemar Costa Neto. Tudo que pagamos de imposto tem um percentual que é retido nesse fundo com a expectativa de que seja redistribuído para as escolas da forma devida, isto é, com a políticas públicas idôneas. Valdemar, entretanto, certamente tem suas próprias ideias para gerir essa dinheirama.

Um ministro da educação que tivesse pulso ou o mínimo de compostura, assim como Sérgio Moro teve ao delatar, certamente exporia indignação com a tramoia. 

Weintraub, entretanto, não é sequer ministro e sim um bobo da corte que passa o dia fazendo anedotas no Twitter, conforme o leitor pode verificar. 

Acesse agora mesmo a página pessoal do ministro e verifique com seus próprios olhos se ele não está lá publicando infâmias, piadas e coisas do gênero. Essa figura não está nem aí para quem gere ou não um fundo bilionário em sua pasta.

Resta ao jornalismo divulgar o feito. É a "nova política".





Victor Dornas - Colunista do Blog do Chiquinho Dornas- Fotografia: Google


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