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A JOGADA DE 500 BI DO PAULO GUEDES (Coluna Victor Dornas)



Como num passe de mágica, Paulo Guedes supostamente realiza um “trade” e o governo desvaloriza o câmbio, passa a perna nos especuladores (e colegas), tem um ganho contábil enorme, gera até receita para o tesouro, sem precisar vender as reservas. Estamos salvos? Em tempos de politização das almas, faz-se necessário pontuar corretamente algumas coisas.

Por Victor Dornas

Uma das questões eternamente controvertidas no economês político é a relação do Banco Central com o Ministério da Fazenda, um dilema antigo que rende sempre opiniões variadas e previsões desastradas. Um dos principais motivos da existência de um banco regulador capaz de imprimir papel é proteger a economia real da volatilidade da moeda, uma vez que, num ambiente de especulação cada vez mais complexo, a ficção dos números frios costuma se distanciar bastante da realidade das coisas, ou seja, daquilo que efetivamente se produz.

Paulo Guedes, chamado carinhosamente nesta coluna de Chicago Kid, por ser signatário da escola americana de economia de Chicago, é um gestor dos números, bastante conhecido no mercado financeiro por ter uma visão arrojada sobre a movimentação cambial e tudo mais que importa neste complicado universo de apostas diárias.

Quando se vê a base aliada do governo festejando nas redes sociais que o mago Paulo Guedes realizou o “trade do ano”, isto é, uma jogada especulativa genial e com isso “gerou” 500 bilhões ao país, assim, do dia pra noite, aos incautos parece suficiente a ideia de que “valeu a pena delegar a gestão do Ministério da Economia à um especulador.” De fato, Guedes finalmente nadou em águas conhecidas e fez ali uma jogada bastante curiosa e própria de quem conhece bem essa coisa. Mas enfim, Guedes de fato deu uma tacada de mestre?

O primeiro ponto a se destacar é que o país não é uma empresa e a movimentação feita pelo ministro não foi um simples “trade” de um especulador e sim a utilização do Banco Central para operar no câmbio num sistema de “marcação a mercado” que joga com nossas reservas mantidas em dólar. De um modo bastante simplório, o Brasil nunca soube direito como equalizar a valorização das nossas reservas com o valor da moeda e o custo no tesouro. Quando tentamos manter o real valorizado em relação ao dólar, ainda que fôssemos, ainda, um país com capacidade produtiva bastante lenta quanto em cotejo com os Estados Unidos, isso custou ao tesouro mais de 140 bilhões de recursos reais, por exemplo.

Não basta apenas movimentar números de um lado para o outro e, com isso, gerar uma riqueza aparente quando não se mantém um respaldo na realidade.

O segundo ponto é que o Bacen não foi criado para "brincar" com o patrimônio nacional no mercado financeiro, embora muitos países há algum tempo já admitam esse tipo de deturpação finalística em virtude da agressividade das especulações num mundo de apostas e situações imprevisíveis. 

O real é a moeda emergente que mais apresentou volatilidade na pandemia e com isso variamos de quase 6 reais a 4,90 em questão de poucas semanas. Se a manobra de Guedes, fruindo do Bacen para fazer manobras que podem ser frutíferas, mas também podem ser apenas pedaladas fiscais fictícias, por si só representa um completo desinteresse de nossos governantes com a pauta de um Bacen independente.

Não se sabe, ainda, se a jogada de meio trilhão do mago Chicago Kid que tem perspectiva de ser revestida ao tesouro num sistema de refinanciamento inteligente representa o caos apenas para os especuladores ou se essa dependência do Bacen num sistema tão complicado e volátil, a médio prazo atingirá negatividade aquilo que mais importa, isto é, a sociedade.

Não é tão estranho imaginar, entretanto, que num país como o nosso que se tornou um antro de manipulações politiqueiras, com um supremo tribunal de advogados não togados agindo como bem entendem, um presidente descrente da realidade da pandemia e sedento por aguçar uma guerra ideológica iniciada pelo PT, governadores envolvidos em denúncias e um congresso que sequer lê a lei que jura representar, que um ganho repentino de 500 bilhões contábeis numa manobra de um ministro “super-trader” seja visto com extrema reserva pelos analistas.

A estabilidade tão sonhada parece cada vez mais distante.

O brasileiro já se acostumou com a imprevisibilidade de quem vive numa montanha-russa diária e, ironicamente, a medida de Paulo Guedes talvez represente uma cultura de pessoas que conseguem improvisar com genialidade no ambiente mais insano de todos, isto é, no mercado financeiro. Ou pode ser um prenúncio de um sistema de aparelhamento político do Bacen. Não se sabe ainda, este é o único fato. A cultura especulativa deve ser vista com ressalvas. 

Cria-se um monstro que devora a própria realidade e culmina em crises repentinas como o crash de 2008 nos Estados Unidos.


(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google.. 

1 Comentários

  1. tu é ruim demais kkkkk
    você realmente sabe do que esta falando ? parece que não !
    chiquinho volte a estudar um pouquinho é bom ainda mais sobre mercado financeiro !

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