Na bravata liberal de campanha, Jair Bolsonaro e seu posto
Ipiranga diziam que a meta seria enxugar a máquina para 15 ministérios. Com a recriação
do vigésimo terceiro, o da comunicação que será tocado pelo genro petista do
Silvio Santos, Fábio Faria, o "Garanhão" citado na Lava Jato, Bolsonaro diz que não haverá nenhum custo adicional. Imagine! Não
se trata apenas de um conluio com o Centrão para se manter no cargo e sim uma cultura de gestão baseada no estatismo.
Por Victor Dornas
Sempre que se fala em liberalismo no Brasil, alude-se conscientemente
ou não, ao modelo americano de gestão. Se lá existem 15 pastas ministeriais,
pronto. Essa seria a nossa meta para nos tornarmos “liberais”. É muito mais liberal
o fato dos Estados Unidos terem juízes ao invés de advogados de políticos em
sua Suprema Corte que atua perante uma constituição pragmática, do que apenas
se focar em quantidade de ministérios, pois é perfeitamente cabível a ideia de
que menos ministérios podem custar tanto quanto mais ministérios, isto é,
importa mesmo é o balanço do RH que a população não consegue ter acesso pela
complexa estrutura orçamentária brasileira e seus problemas de divulgação.
Que Bolsonaro é mal assessorado, até o mais ignorante de
todos em relação ao jogo político já sabe. A criação de um ministério de comunicação que tem como atribuição a regulação de serviços de informação, chefiado por um político do centrão talvez não ajude em nada e até atrapalhe, assim como vem causando desgaste o
aparelhamento nepotista da SECOM. Bolsonaro precisa entender que sua melhor
propaganda são simplesmente seus atos oficiais. As obras de Tarcísio de
Freitas, os números de Tereza Cristina. Esse deve ser o foco.
Pela forma como foi eleito e pela politização das redes inflamadas pela grande mídia contrariada, os
erros cometidos no passado dessa vez serão expostos, porquanto sua assessoria
deve se forcar em impedir barbaridades como a transferência de recursos do
bolsa família para a SECOM, ainda que exista certa lógica fria nisso, e também saber como se
justificar ao povo diante desses impropérios. O ato foi revogado, mas ficou o sabor amargo da indigestão. Assim como a lambança na interferência politica na gestão interina do General Pazuello para mudar a divulgação de óbitos de COVID... "na melhor das intenções!"
Não é crível, mormente nos dias atuais, imaginar que qualquer
pessoa consiga governar sem o apoio da mídia. Bolsonaro de fato fechou algumas
torneiras que motivam a milícia digital a deturpar muitos dos seus atos. A
criação de mais um ministério, voltado para a comunicação, no entanto, não
ajudará em nada. A solução para Bolsonaro é mais barata. Ele precisa aprender a
jogar na política de gestão mais diplomaticamente em seus atos oficiais.
Além disso, não adianta seu mago promover malabarismos usando
o BACEN em seus joguetes com o câmbio no mercado financeiro para transferir
recursos contábeis sem lastro de riqueza real para políticas de subsídio que
aliciam um povo a se contentar com migalhas, isto é, o oposto do liberalismo
que incentiva, acima de tudo, a produção sem interferência indevida por parte
do Estado. A questão que reside em nossas mentes na iminência de um "Bolsa Jair" é:
O Chicaco Boy, como fica
nisso? Paulo Guedes atualmente está num estado mais zen.
Ele assimilou a ideia de que não poderá fazer nada daquilo
que pretendeu como vedete do mercado nas eleições, principalmente numa gestão
de crise pós pandemia. Não é necessário sofrer, entretanto, pois Guedes
aprendeu também nessa experiência inaugural de gestão pública que, na política
brasileira, “parecer” importa mais do que “ser”. Ainda que as contas não fechem
e a máquina continue inflada, gorda, lenta, Guedes pode fazer ali uma graça com
a massa improdutiva e ainda ser venerado por isso.
Aos poucos, ele vai
aprendendo as lições.
Um governo sem partido político, sem base aliada, com uma
assessoria desastrada que enxerga no genro do Silvio Santos uma boa oportunidade
para promover um intercâmbio social e, com isso, evidenciar melhor seus feitos
positivos.
Boa sorte. Vai precisar.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google..
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google..