Por Victor Dornas
Em estreia como articulista para a turma dos antagonistas da Empiricus, Sérgio Moro resolve entrar
chutando a porta, criticando aquilo que há de mais controverso na espinha
dorsal do governo Bolsonaro: A quantidade de militares, tanto da ativa como da
reserva, que vinculam e politizam o nome da FAB. Para não se meter num embate
direto com os milicos, Moro opta pela prudência e sofisticação tucana de ser e direciona
suas críticas aos militontos que levantam plaquinhas pela intervenção militar,
isto é, ao tecer obviedades sobre um grupo de tiazinhas irrelevantes, indiretamente
Moro contorna sua crítica, com direito a alfinetadas ao presidente quando cita
que, na nossa democracia, "temos que lidar sempre com opções ruins de candidatos
ao pleito de chefe do executivo".
É uma confissão já que, como requisito para entrar de cabeça na bolha
da sofisticação do beautiful people, Moro precisa explicar afinal por que raios
aceitou participar do projeto Bolsonaro. Para tirar o odor!
Há um tema bastante importante sendo menosprezado no debate
político vendido às massas que é o fulcro da revolta de públicos que se definem
como conservadores com alguma leitura, não as tiazinhas saudosas da ditadura militar. O crescimento não apenas econômico como também demográfico
de povos oriundos de países que adotam modelos de governo autocráticos ou ditatoriais que tencionam, mediante muita injeção de capital em todos os setores produtivos, uma assimilação compulsória de
seus interesses.
Nessa selva entram também os racistas, xenófobos, supremacistas com seus delírios de eugenia?
Evidentemente que sim. Porém, não por conta disso, devemos ignorar o óbvio, ou
seja, a democracia esculpida nos moldes ocidentais no tal do “liberte, égalité,
fraternité” parece não estar munida das armas adequadas para lidar com
potências que surgem através do jogo sujo, isto é, da precarização de mão de
obra local como meio de impor geopoliticamente a sua força.
A China entendeu as nossas regras e achou brechas para jogar o seu próprio jogo. O vírus, de um modo simbólico, extravasa esse sentimento de confusão imposta, porém antes de tudo isso, olhando para o nosso Brasil, percebe-se uma confusão cultural efervescente e repentina catalisada pela internet, de modo que o mundo que vivíamos há dez ou quinze anos não existe mais.
A China entendeu as nossas regras e achou brechas para jogar o seu próprio jogo. O vírus, de um modo simbólico, extravasa esse sentimento de confusão imposta, porém antes de tudo isso, olhando para o nosso Brasil, percebe-se uma confusão cultural efervescente e repentina catalisada pela internet, de modo que o mundo que vivíamos há dez ou quinze anos não existe mais.
O conservador, não meramente bravateiro, oportunista, mas o
conservador de alma enraizada que enxerga valor na preservação dos costumes se
sente sufocado com essa overdose de mudanças que incorporam muitas vezes
valores morais estranhos que não parecem ter origem em lugar nenhum, senão
nesse choque de realidades. Uma besta sem nome nascida da confusão, como uma
cultura desatinada que não consegue distinguir o básico da realidade, incapaz
de interpretar raciocínios elementares e disposta a descontruir tudo, inclusive
a si.
Deste mal estar Sério Moro não se ocupa, pois, sua bolha de
convivência permite uma certa complacência ou tolerância em relação a tudo que
não atrapalhe sua rotina particular. A elite brasileira desenvolveu essa
capacidade de transcender o real, afinal, conservadorismo bom é aquele que
preserva a conta bancária, custe o que for necessário.
Costumo dizer que a China é um reator nuclear. Pode ser desativado,
enquanto ditadura, porém não, sem a devida técnica. E o ocidente desorganizado
como está, inflamado nessas rixas digitais que desumanizam nossos pares, regredindo
economicamente não reúne as formas necessárias para lidar com isso. Não
cultivamos mais a inteligência.
A presença de militares aos montes num governo ideológico é
perigosa? Sim, sem dúvida, pois neste momento a preocupação maior não é com as
críticas ao governo e sim com aqueles que o criticam e por qual interesse o
fazem. Se o governo cai, a FAB coitadinha, cai junto. Porém esse debate, embora
seja deveras polêmico, não guarda proporção alguma com aquilo que de mais grave
acontece. Vivemos uma sucessão de vexames institucionais diários onde figuras
do Legislativo, como Rodrigo Maia e os advogados supremos do STF fazem aquilo
que bem entendem respondendo à interesses que não se sabe de onde vieram.
Enquanto isso, a mídia se preocupa com uma possível e
eventual futura ligação de uma ORCRIM chefiada pelo tal Queiroz e implicaria
Bolsonaro que por sua vez constrangeria a FAB e, assim, estaríamos livres de um
golpe. Vivemos 64 enquanto o mundo vive coisa muito pior.
Ora, ora, uma pessoa como Bolsonaro, aposentado com proventos
militares desde os trinta anos que vive como um rei a expensas do erário, nepotista,
não é nova política. Por óbvio! Não é nada daquilo que muitos de seus apoiadores imaginam.
Mas, convenhamos, toleramos nestes tempos sombrios e somos coniventes com todo
tipo de insanidade, sendo Bolsonaro talvez a menor delas!
O Supremo que, há pouco tempo
era alvo diário de críticas nos noticiários agora se tornou uma espécie de
garantidor da ordem. O congresso então, já estão chamando o Maia de herói.
Outro dia vi numa rede social uma petista chamando Alexandre de Moraes de “Nosso
Batman”! Meu Deus do Céu... Sérgio Moro, como articulista, não está disposto a tratar de
nada disso.
Moro se preocupa mesmo com a tiazinha do ZAP que tem saudade
do Golbery. pois quer seu lugar na bolha. Quer caçar esses novos subversivos de 60 anos que servem de distração e disfarce para a maior das insanidades. Tipo aquela pessoa que no meio do tiroteio geopolítico,
tenta ler o manual de instrução da arma. Um manual escrito em chinês ainda
por cima! O Brasil não sabe de onde vem o tiro.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google