Em entrevista no Roda Viva, o supremo advogado e ministro Luís
Roberto Barroso diz que não há ativismo judicial no Brasil e sim protagonismo
judicial, isto é, uma ação assertiva legítima. Enquanto isso, a PF realiza
novas batidas na casa de pessoas que apoiam o governo, dentre eles o deputado
federal Daniel Silveira do PSL, novamente a mando de Alexandre de Moraes, num novo
inquérito até então sigiloso. Resta saber se, dessa vez, ao menos há anuência do
Ministério Público ou se Alexandre, extrapolando o regimento, continua tocando seu terror. Resta saber, também e, principalmente, se encontrarão crimes nessas
batidas inusitadas. Resta saber, por fim, se Bolsonaro está disposto a entrar
numa guerra contra o Supremo.
Por Victor Dornas
Amigo leitor, estamos vivendo tempos sombrios neste país. O Supremo,
obviamente mais aparelhado politicamente do que nunca, resolve apreender nesta
manhã celulares de usuários do Twitter, bem como de jornalistas e até de
deputado federal. O escopo? Oficialmente não se sabe, contudo, trata-se de um
esquema para minar o financiamento de grupos ditos de “direita”, uma vez que,
ainda que não se encontre nada neste inquérito viciado de origem e muito mal
representado, nenhum empresário terá interesse de colocar seu nome em grupos ligados
a direitistas em financiamentos legítimos, por temer represália.
Esses grupos que apoiam o governo, ainda que de forma
destrambelhada muitas vezes, incomodam por muitos motivos. Inicialmente por
captarem uma audiência indignada com a panelinha sórdida da grande imprensa e,
principalmente, por alcançarem, muitas vezes, maiores números em relevância digital.
Por isso, ao invés de chamar a pessoa de jornalista, o diferenciam como um
simples “blogueiro”. Por isso, supõe-se que todas essas pessoas apoiam um novo
ato institucional, num julgamento que faz um verdadeiro escorraço de reputações
contando com uma legião de pessoas que, por não estarem satisfeitas com a
gestão Bolsonaro, se comprazem diante do autoritarismo contra seus apoiadores.
Se o governo Bolsonaro, notadamente afeito ao nepotismo,
aparelhasse a SECOM com a filharada e seus amigos, caberia ao Ministério Público e
demais entes, como a própria Polícia Federal, investigarem possíveis
desvirtuamentos, na letra da lei. O que ocorre neste caso, entretanto, é um ministro
“não juiz” do Supremo decidindo monocraticamente sobre batidas policiais usando
uma hermenêutica louca do regimento da corte. E um silêncio sepulcral dos
órgãos de imprensa acerca da falta de satisfação aos representados sobre o
resultado desse inquérito que tolhe a liberdade de expressão.
Quando se usa a
PF para adentrar na casa de influenciadores de redes sociais, ainda que não se encontre
nada, instaura-se um temor nas redes, de modo que, mediante CENSURA, pessoas inibem
suas opiniões.
A trapalhada da ativista Sara Winter (Winter seria nome fictício
que alude a espiões nazistas?) deu a Alexandre a munição necessária para
continuar sua caça a qualquer empresa que esteja fazendo doações a essas
pessoas. A questão que esteja em planejamento agora talvez seja como ligar
esses financiamentos a discursos feitos em passeatas pró-governo que pedem a
intervenção de forças armadas. De mais a mais, se acharem nomes de empresários,
a mera exposição já causará constrangimento.
A grande mídia semana passada, por exemplo, questionou o financiamento da SECOM mediante inteligência artificial do Google para a exposição de banners em sites ligados ao governo, como forma de financiamento indireto. Ocorre que foi ocultado nas notícias que no topo dos sites que receberam tais recursos estavam também os sites militantes contrários ao governo, ou seja, não era uma lista manipulada da forma como se divulgou. Esse “esticamento” de corda obriga Jair Bolsonaro e reunir-se com seus ministros agora no Planalto para debater a questão.
A grande mídia semana passada, por exemplo, questionou o financiamento da SECOM mediante inteligência artificial do Google para a exposição de banners em sites ligados ao governo, como forma de financiamento indireto. Ocorre que foi ocultado nas notícias que no topo dos sites que receberam tais recursos estavam também os sites militantes contrários ao governo, ou seja, não era uma lista manipulada da forma como se divulgou. Esse “esticamento” de corda obriga Jair Bolsonaro e reunir-se com seus ministros agora no Planalto para debater a questão.
Bolsonaro foi eleito justamente neste ambiente digital e não
pode, por óbvio, assentir tantas manobras mal motivadas por Alexandre de Moraes.
O jornalista Allan dos Santos, que tem agora uma batida por semana em sua
residência e computadores recém comprados apreendidos, bem como celulares,
disse que: “Felizmente, dessa vez, não apontaram arma para cabeça da minha
esposa.”
Caso a justificativa para tantas batidas seja do mesmo nível
do vídeo relevado a pedido de Sérgio Moro, agora colunista político de revista
que critica o governo, meus amigos, talvez estejamos diante da subida de
temperatura de uma guerra institucional já bastante inflamada há muito tempo.
Os efeitos disso tudo, imprevisíveis e, por isso, bastante perigosos. Coincidentemente, num
governo ainda incólume em termos de escândalos de corrupção.
Para o bem da reputação das instituições, que o Supremo Advogado
Alexandre de Moraes logre êxito em sua empreitada de “protagonista” judicial.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas , fotos ilustração: Blog-Google.