Por Victor Dornas
Bolsonaro testou positivo para a covid 19 e logo as redes
sociais foram inflamadas por milhares e milhares de contas desejando a morte do
presidente e a tag “#forçacovid” ganhou o topo das marcas de popularidade. A censura progressista e progressiva que vem ganhando força no nosso país então parece ter sido mais ou menos exposta, ainda que de relance, em sua verdadeira face assassina.
A
razão apresentada pelo STF para a prisão de jornalistas que se auto definem
como "conservadores" é que um de seus membros, no caso o pop star midiático Alexandre de Moraes estava se sentindo ameaçado pelo fato de contas anônimas (uma, duas ou quem
sabe meia dúzia de perfis) terem sugerido sua morte. Então, ao invés de denunciar o crime
de ameaça ao ministério público, como qualquer mortal faria, Moraes mobilizou o
próprio Supremo para realizar batidas com fulcro numa interpretação amalucada
regimentar que dispensou o Ministério Público, na residência de pessoas que
nada tinham a ver com as tais contas.
Acharam alguma coisa? Não. Claro que não.
A despeito de Moraes estar disposto a reeleger Bolsonaro em
2022 procedendo em tantas barbaridades jurídicas justamente por não dispor de
formação acadêmica ou sequer a de magistrado para ocupar o cargo em questão, no
Brasil parece estar normalizada não apenas a censura a priori, onde pessoas são
impedidas de falar pois podem, quem sabe, cometer algum crime contra a honra de
um ministro do Supremo, como também o julgamento a priori, onde sabe-se lá quem
decidiu que Bolsonaro é aquele que mais se beneficia das mentiras nas redes.
No que tange a 2018, adivinhem qual foi o partido condenado por
disseminar “fake News”? PT, pra variar. Hoje mesmo pela manhã o Facebook e o Whatsapp
anunciaram a desativação de contas oficiais do PT por adivinhem qual conduta?
Disparo de 100 mensagens por segundo contendo notícias falsas! Imagine se fosse alguém do governo metido em algo assim. Por algum
motivo, porém, as figuras ilustres do Supremo que, assim como o Decotelli
não possuem Lattes para estarem onde estão e também os nossos doutos Senadores resolvem dizer que os disparos de notícias falsas colocam em cheque a
democracia brasileira que acaba escolhendo um presidente por conta dessas
mentiras, afinal de contas, bom mesmo era antes das redes sociais quando elegíamos
o Lula, o presidiário de luxo.
Nesse festival de ameaças por segundo nas contas do
presidente e de seus ministros será que haverá alguma busca e apreensão da PF
motivada pelo Supremo? Evidentemente não. Pois no caso, trata-se apenas de
liberdade de expressão. Quando essa liberdade de expressão insuflada por
vigaristas capazes de influenciar milhares de pessoas e disso se personifica uma figura bizarra como um Adélio,
por exemplo, trata-se de um lapso, um doido que agiu “sozinho”.
Bolsonaro não está tão preocupado com isso pois além de se achar muito
macho para peitar novos Adélios, sabe que está capitalizando politicamente com todo esse espetáculo de terrorismo
virtual onde o sigilo da fonte de jornalistas, um dos princípios mais salutares
de países civilizados é quebrado como se fosse de plástico. E veja que estamos
tratando aqui de países que lidam com terroristas dos mais bem aparelhados e impetuosos e, mesmo assim, existe uma proteção ao jornalista que consegue se infiltrar nesses
locais, mas que, por óbvio, não pode revelar tudo aquilo que sabe. Já aqui no Brasil,
por receio de perder uma tal democracia fajuta, quebra-se este princípio tão imperioso
através de uma decisão monocrática de um sujeitinho que nem juiz é e saiu
sabe-se lá de onde.
Nos Estados Unidos, a suprema corte é formada por juízes,
afinal quem detém formação pra julgar... adivinhem só quem é? O juiz! Ora bolas. Não que o magistrado garanta uma idoneidade, haja vista a sucessão de crimes e
impropérios que testemunhamos na rotina política envolvendo pessoas togadas,
outro problema seríssimo no Brasil. Mas a formação de juiz ao menos exige um certo nível cognitivo
para saber que um Supremo não deve prender pessoas que não estão sequer sendo
investigadas, ou ainda manipular a PF para emitir mandados de prisão por fuga para quem
não tem nem prisão decretada.
Esse tipo de conduta ridícula não se espera ver num juiz,
concursado e que tenha leitura jurídica e formação hermenêutica. Agora, com
Bolsonaro sendo ameaçado com centenas de mensagens por segundo, a tendência é
que a grande mídia vasculhe no próprio Bolsonaro falas agressivas ou asneiras
ditas pelo mesmo na tentativa de justificar os pedidos de sua morte, como se fosse
tudo muito lúdico.
No Congresso corre a proposta para tutelarem as contas nas
redes, de modo que os bolsonaristas, mesmo tendo diploma, são só "blogueiros" e, por
isso, devem ser anulados pela moderação das próprias plataformas, algo impensável
em qualquer democracia. Já aquelas figurinhas da grande mídia, como William Bonner,
que nem diploma de jornalista tem, ou talvez a Miriam Leitão, que é tão economista quanto
o Decotelli é doutor, esses sim podem dizer o que quiserem e podem até
disseminar notícias falsas que causam escândalos diplomáticos entre países,
como fez o Bonner ao encaminhar notícia falsa sobre o General Heleno e a
Venezuela.
A boa notícia? Bolsonaro está muito bem. Se continuar neste
ritmo, tende a ser o mesmo caso do próprio Heleno e outros tantos que mal sentiram
os efeitos do vírus. Sendo uma doença bastante traiçoeira, evidentemente requer
cautela e medicação imediata de combate aos sintomas que num grau mais severo
podem causar complicações como trombose, falências de órgãos, por exemplo.
Bolsonaro agiu mal quando aparelhou a SECOM, poluindo com nepotismo a coisa pública. Mas aquilo que fazem contra ele é ainda muito
pior. Trata-se de uma insurgência de um monopólio de informações, naqueles
moldes que pretendia a cartilha de campanha de Fernando Haddad, com a criação
de um ministério ad hoc da verdade que dirá quem tem ou não direito a ter
alcance de mídia. O Supremo já decidiu aliás, na figura de Alexandre, o grande atrapalhado,
que financiar o conservadorismo não pode ser um bom negócio.
E ironicamente, talvez justamente por isso, passe a ser um
grande negócio sim.
Um jornalista medíocre, que já foi petista inclusive, se
torna um titã no mundo político, não por seus méritos, suas articulações,
argumentos ou o que seja, mas simplesmente por ter sido preso injustamente.
Quando se tenta tutelar o quê é dito, todos perdem.
Todos perdem na censura. Só ganha de fato quem não tem nada
a dizer.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas, fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas, fotos ilustração: Blog-Google.