Por Victor Dornas
Mais uma vez, com a
devida vênia ao nobre leitor, este humilde articulista trata das peripécias de
uma suprema corte formada em maioria por advogados de políticos e não por
juízes concursados. É repetitivo, de fato, mas não por isso deve ser olvidado,
pois se trata daquelas coisinhas de sempre de nossa combalida democracia, ou
seja, tentativas de deposição forçada. Gilmarzinho, o “garantista”
pra toda obra, agora resolveu inaugurar um painel, vejam só!
O título do cursinho de
Mendes: COVID 19 – Formas alternativas de poder, semipresidencialistas! Uai.
Parecem dois assuntos não relacionados, assim para um título de simpósio. O
título, entretanto, é perfeito, pois no Brasil batemos não apenas os recordes
de morte (ressalvadas as questões demográficas), mas também somos os maiorais
na politização do mote sanitário, da pandemia, do vírus e de tudo mais. Aqui a
ideia agora é politizar a alma!
Virou moda agora esses advogados
supremos, na tentação de se tornarem pop-stars midiáticos, apadrinharem o termo "genocídio" para atribuir a Bolsonaro a pecha das mortes por seu indubitável mau
exemplo. Conforme analisado nesta coluna, tudo isso tem fulcro não apenas nas
falas desastrosas do presidente e sua gripezinha, mas num estudo feito por
militantes políticos que politizaram o nome da faculdade de Cambridge, dentre
eles, claro, um brasileiro.
Bolsonaro agora será
mandado pra Haia, num tribunal humanitário. Não se esqueçam de levar também os
políticos que autorizaram o carnaval, ou ainda o pessoal da OMS que, em pleno
surto, desacreditou do potencial pandêmico do vírus e quis acabar com a ideia
das máscaras, os médicos e virologistas que encheram o bolso divulgando dados
falsos e alarmistas na mídia. Quem sabe o próprio Gilmar Mendes, que está
aproveitando o momento pra fazer lives com material destinado a insuflar
revoltas civis contra o tal genocida da presidência? O Supremo parece clamar
por um novo Adelio, na figura desses desastrados juízes falastrões de araque.
Mas e o tal
semipresidencialismo tratado pelo Gilmar das Lives?
Ora, isso aí pode ser
qualquer coisa. Não há problema algum discutirmos modelos estruturais que
exigem uma nova constituinte, como por exemplo um parlamentarismo. Podemos até
restituir à casa Orléans e Bragança o posto imperial usurpado pelos militares.
Pode-se discutir tudo. A questão que se coloca agora é Gilmarzinho detonando a
imagem do Supremo (ainda mais) querendo propor algo assim agora, na novela do
pico do vírus.
Nosso sistema político
é inadequado e, normalmente, concentrado demais na figura do presidente. O
poder no Brasil se desconcentra, como vimos no caso do covidão, não por uma
questão de lógica mas por interesse político, quando dois poderes em conluio
resolvem colocar nas mãos de prefeitos uma bomba atômica apenas para incendiar
o país. É claro que um sistema parlamentarista aqui seria bastante
interessante, desde que fosse, ANTES de qualquer coisa, debatida as minudências
do sufrágio, isto é, como funcionam as cláusulas de barreira, a eleição proporcional, processo de formação de partidos políticos, etc.
Não adianta propor nenhuma reforma política estrutural sem antes
garantirmos uma renovação no congresso em termos de acesso por pessoas que
tenham boas intenções. Destronar o Executivo para dar a este congresso a
chancela de fazer ainda mais do que já fazem é um atestado de insanidade que só
cabe em mentes cabeçudas como do pop-star Mendes, o novo queridinho da grande
mídia que até ontem era questionado por envolvimento com certos insetos, tipo
um baratões imunes a venenos tradicionais.
Por fim, para os
interessados em acompanhar o show do Gilmar, basta acessar suas redes sociais, Twitter,
Insta ou quem sabe também no Tinder! A agenda está farta para novos programas.
Já houve live com Mandetta, aquele que já anunciou candidatura pra 2022. Quem
sabe por aí não apareçam duetos até mais oportunos? Já imaginaram? Gilmar e
Alcolumbre? Gilmar e Maia? Gilmar e Collor? Gilmar e Lula? Gilmar e Huck?
O
colega dele, o ministro Barroso, com um currículo que impressionou a Dilma, mas que
também não é juiz concursado, está fazendo “lives” com “youtubers” para debater
sobre games, culinárias e seriados. Quem sabe então um trio? Gilmar, youtubers
e Barroso, com apresentação de Fátima Bernardes?
O STF paga mais do que
a Suprema Corte Europeia! E o resultado é um show de aberrações! Me parece um péssimo negócio.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google