Temos muito o que comemorar neste
ano
*Por
Wílon Wander Lopes
A cidadania do
Distrito Federal ficou frustrada por não poder comemorar, em 21 de abril, os 60
anos de Brasília. É que, em função de propaganda opressiva que ameaça com a
morte pelo coronavírus, instalou-se medo na nossa gente. Embora o Sol continue
brilhando, a onda negativa, cercada por enxurrada de fake news e pelo radicalismo
deletério da politicalha, impediu muitas outras comemorações.
A quem
interessa e até quando vai continuar a onda negativa? Por causa dela, há gente
que resolve até parar de trabalhar, embora precise, por só pensar em evitar a
morte; e há gente que, embora reconheça os perigos da pandemia, quer continuar
a viver a vida. É dilema que cria problemas até entre familiares, juntinhos no
isolamento.
Levando em
conta valores como vida, liberdade, saúde e amor ao próximo, é hora de reagir
positivamente às dificuldades, como fizeram nossos ancestrais. Sob a liderança
de JK, os candangos pioneiros construíram, aqui, no cerrado inóspito, sob
demolidora propaganda, uma obra utópica. Hoje, graças a eles, com pertencimento
e orgulho, vivemos no símbolo da força realizadora do povo brasileiro:
Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade.
No início, o
que era chamado de Brasília (para os técnicos, Plano Piloto) era só um monte de
árvores, ruas e edifícios em obra, cercados pelos acampamentos das
construtoras. Mesmo a tão badalada inauguração, em 21 de abril de 1960, não a
transformou automaticamente em cidade. Para Brasília ser cidade, de fato, era
preciso que homens e mulheres a vivessem plenamente. Faltava, ainda, a
cidadania.
Cidade
artificial, cuja incerta população vinha de todos os rincões do Brasil, a
maioria só pensando em ganhar dinheiro nas obras (e no caso dos funcionários
transferidos, se aposentar logo) para voltar às origens, não foi fácil
constituir a cidadania de Brasília. Ainda bem que, pouco a pouco, as comunidades
começaram a se formar graças a siglas, todas com um B no final: CaseB, CemeB,
UnB, UmesB, FeuB, AcB, OAB e CB.
Vamos à
tradução: Caseb — Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília,
que virou nome de escola; Cemeb — Centro de Educação Média de Brasília, o
Elefante Branco; UnB — Universidade de Brasília; UmesB — União Metropolitana
dos Estudantes Secundários de Brasília; FeuB — Federação dos Estudantes
da Universidade de Brasília; AcB— Associação Comercial de Brasília, depois
ACDF; OAB — Ordem dos Advogados do Brasil – DF; e CB — o Correio Braziliense.
Ao lado das
igrejas, foram essas entidades que fizeram crescer as pessoas, mesmo com as
diferenças. As três primeiras representavam escolas, com ensino da melhor qualidade,
tanto que vieram para cá, por concurso, os melhores professores do Brasil. As
quatro seguintes mostravam que estudantes, empresários e advogados se
organizaram. E, finalmente, foi o Correio Braziliense que, nos 60 anos que
completou em 2020, deu espaço para que os líderes comunitários de Brasília e
satélites reclamassem — e conseguissem — melhorias para suas cidades.
Em 2020, além
de Brasília e do Correio, outras duas das instituições citadas também não
puderam comemorar fatos importantes. Completou 60 anos a OAB-DF, que é chamada
de Casa da Cidadania, por ter, sempre de forma suprapartidária, defendido a
coletividade de Brasília e do DF. E foi também em 2020 que a UnB ganhou, no
ranking das melhores universidades do Brasil, honroso 10º lugar.
Que pena que
não pudemos comemorar tantos fatos importantes — na data certa deles. Mas, a
pandemia vai passar. E, se Deus quiser, com toda a nossa gente vivendo
efetivamente, como fazem as viçosas árvores que, ao nosso lado, continuam a
fornecer oxigênio, cheias de passarinhos, que continuam voando e cantando, bem
aqui ao lado, sob a luz e a energia do Sol, reinando no céu, a vida positiva
vai voltar.
E aí, vamos
poder, logo, logo, fazendo jus à história da bonita ação dos candangos
pioneiros, mostrar o caldeirão cultural que é o DF, juntando as entidades aqui
citadas para comemorar, em um dia de alegria, a bonita cidadania de Brasília em
grande aglomeração, com risos, abraços e beijos aos montes — do jeito que o
povo gosta.
(*) Wílon Wander Lopes - Advogado,
jornalista e escritor, preside a Confraria dos Cidadãos Honorários de Brasília –
Fotos/Ilustração – Blog - Google
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