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SÉRGIO MORO E O DITADOR DENG XIAOPING (Coluna Victor Dornas)



Por Victor Dornas

Logo após deixar a pasta ministerial sugerindo um esquema de corrupção envolvendo o presidente da República sem corroborar, entretanto, com o devido material probatório, Sérgio Moro resolveu explorar outros de seus talentos e logo virou articulista do site Antagonista. Até aí tudo bem, pois todos nós queremos saber mais a respeito do homem por trás da toga sagrada de ídolo nacional, o juiz pop star que mandou muita figura grande e suja pro xilindró.

Ocorre que, no terreno intelectual, somos todos suscetíveis no tocante às críticas.

E para um juiz que se acostumou apenas com a crítica do revisor do tribunal, no caso de Moro, especificamente, a revisão de sentenças era bem baixa, aliás, considero no mínimo corajosa a sua posição de querer agora ser criticado em razão daquilo que diz, como homem que sangra.

Pois bem. Discorrendo sobre "liberalismo econômico", Moro proferiu a seguinte reflexão: “Sou, por princípio, desfavorável à excessiva intervenção do Estado no domínio econômico, mas confesso que sou bastante pragmático nesse tema. Um bom ditado vem do ex-premiê chinês Deng Xiaoping, “não importa a cor do gato desde que ele pegue o rato.”

Essa barbaridade não foi dita por um simples "premiê" chinês, como diz Sérgio Moro e sim por um ditador genocida. A ditadura chinesa talvez tenha sido a pior de todas as ditaduras vermelhas. Estima-se mais de 65 milhões de assassinatos desde Tsé-Tung. O falecido Xiao Ping, citado por Moro, esteve envolvido na chacina de crianças, jovens e cristãos. Moro está repercutindo uma ideia disseminada pela esquerda supostamente progressista de que os fins justificam os meios, noção esta que agradava bastante os regimes totalitários socialistas da Rússia também. Daqui a pouco, Moro estará reverenciando Josef Stalin também.

A China entendeu o mercado internacional, se especializou, como nenhum outro país, em extração de materiais raros para confecções de produtos tecnológicos, criou uma legislação de propriedade intelectual hostil à civilidade democrática, porém absurdamente mais dinâmica e contando com mão de obra escrava. Ou seja, tornou-se a primeira ou talvez a segunda potência produtiva de tecnologia e patentes do mundo usando aquilo que o mercado tem de pior, isto é, a geopolítica. 

Os Estados Unidos não ficam muito atrás pois costumam sobretaxar os concorrentes de forma autoritária como fazem com o nosso aço, mas, apesar disso, há uma diferença elementar entre as duas culturas que recebe o nome de democracia. Pode ser um sistema repleto de falhas e morosidade, mas é o melhor que nós temos, como diria Winston Churchill, esse sim, digno de referência.

Para pessoas como Sérgio Moro que não entendem o perigo da mentalidade de que os fins justificam os meios recomenda-se que assistam o filme “Silêncio”, de Martin Scorsese. A história é de dois jesuítas que aprendem na pele o significado do budismo. O budismo de verdade, não essa cafonice pomposa vendida pra desocupada que distorce a simbologia da doutrina original. O budismo tem de fato inúmeras escolas e vertentes, porém o filme citado explora o fator comum de todas elas, ou seja, de que os fins justificam os meios.

Os samurais cultuavam no Bushido ou Buxido, a filosofia basilar da cultura de guerra oriental,os princípios primordiais do budismo, ou seja, de que toda vida é igual e a inexistência de um deus moral, ou de qualquer deus que distingue a vida humana de todas as outras.  O resultado? Muita disciplina e emoções reprimidas. E, por isso, incontáveis contradições.

Moro não entende direito que as questões econômicas não são meramente numéricas. Ainda que o progresso da economia chinesa propicie agora uma melhor condição de vida para os habitantes do país, o chinês jamais entenderão o nosso modo, assim como nós também não entendemos os deles. Essa é a beleza da cultura humana, onde culturas diferentes tentam coexistir abrindo mão de certas regalias em razão do bem estar coletivo. Isso é completamente diferente de tentar racionalizar, nos nossos modos, condutas estrangeiras que afrontam tudo que nós aqui valorizamos, com algum ensinamento “confucionista” ou algo do gênero, que compara seres humanos a animais. Moro pode ser muito versado na arte jurídica, mas de cultura humana parece ser bastante ingênuo e, por isso, aquiesce tão facilmente ao discurso dessa esquerda transloucada brasileira que usa a pobreza alheia como ideologia de vida.

Moro, ao citar o falecido ditador chinês, está brincando com coisa séria. É um bobão em questões humanas e tende a ser cada vez mais “progressista”.



(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.

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