A lua nossa de cada dia. Primeira semana de setembro
será marcada por lua cheia, que combina com o céu e a arquitetura da capital
federal. Um motivo a mais para abrir a janela e contemplar essa maravilha do
universo
*Por Thais Umbelino
Após 29 dias de espera, os amantes
da lua cheia se preparam para contemplar o astro na primeira semana de
setembro. A fase completa da lua acontece hoje, às 2h22, e pode ser admirada em
diversos pontos da capital. Isso porque Brasília possui uma arquitetura
favorável que ajuda na visualização do astro. É o que explica o arquiteto
Miguel Gustavo Almeida. “Esse Planalto Central nos permite a visão de horizonte
na maior parte da cidade. Como a altura dos prédios é controlada pelos órgãos competentes,
na hora de construir e aprovar o projeto, isso ajuda para que a gente tenha
essa visão de horizonte prolongada de vários pontos da cidade”, explicou.
A posição em que a lua se encontra
em relação a Terra possibilita características específicas da Lua cheia, como a
grande incidência de luz e o formato dela. “A Lua cheia nada mais é do que
quando o astro está em oposição a Terra com relação ao Sol e assim toda a face
dele é iluminada. Dessa forma a gente consegue ver completamente a Lua”, explicou
o professor de ciências naturais, com especialização em astronomia e mestrado
em ensino de ciência, Adriano Leonês.
A coloração mais amarelada também
chama a atenção, mas, segundo o especialista, acontece apenas em um determinado
horário. “Esse tom ocorre um pouco depois do Sol se pôr e antes do amanhecer,
momento em que a lua está mais baixa. Esse efeito óptico ocorre devido a
luminosidade do sol que atravessa a atmosfera. Mas ao longo da noite, vemos ela
mais alta e com um tom mais claro e branco, característico dessa fase da lua”,
descreveu Adriano.
Na agricultura, dizem que esta
fase lunar é caracterizada pelo momento em que a seiva das plantas se encontra
em maior quantidade, principalmente nos galhos, folhas, frutos e flores.
“Quando a lua e o sol estão alinhados a atração gravitacional deles é maior, o
que aumenta o efeito na massa marítima. Além da agricultura, onde dizem que os
frutos e plantas estão mais hidratados, tem-se efeito nos mares e a
consequência são as marés altas”, apontou o professor.
Jéssica e Camila estudam ciclo
lunar e abriram, em 2018, uma comunidade e escola on-line para compartilhar
suas práticas e saberes com outras mulheres
Crenças: A ligação da Lua com os seres
humanos se dá ao longo da história da humanidade, desde quando os homens a
relacionavam com divindades, na cultura popular e na marcação do tempo. O
fascínio pelo satélite vizinho resiste ao longo dos séculos e, ainda hoje, há
algumas crenças quando a lua atinge a sua fase total. Há quem diga que ela
afeta o comportamento dos seres humanos, no crescimento do cabelo, no humor das
pessoas, na gestação e até mesmo no ciclo menstrual da mulher.
Jéssica Behrens, 28 anos,
estudiosa do ciclo lunar há 16 anos, explicou que o período da Lua cheia
representa ápice do período da mulher. “Está ligado à prosperidade, abundância,
fertilidade, plenitude, satisfação e o exacerbamento das emoções”. Jéssica
começou a estudar sobre a magia natural e os ciclos lunares em 2008, mas 10
anos depois foi quando decidiu, ao lado da a irmã, Camila Behrens, 26,
abrir uma comunidade e escola on-line para compartilhar práticas e
saberes com outras mulheres. “A Rituar começou com uma página no Instagram que
se tornou um movimento de magia natural e sagrado feminino. Hoje possui uma comunidade
e escola on-line exclusivamente feminina de Iniciação às Forças Mágicas e
Medicinais da Natureza, que já conta com mais de 300 alunas em seis países
diferentes”, disse.
Para ela, cada fase da Lua é
importante e tem um papel específico. Além da contemplação e energia advinda do
astro, Jéssica entende que o ciclo lunar traz um importante ensinamento para a
sociedade. “Quando se começa a perceber a Lua, entende-se que ela é cíclica, e
que assim como a vida, tem a fase do crescimento, do ápice, da decadência e da
morte. É muito importante a gente introjetar esse conhecimento. Nós também
somos parte disso, também temos um ciclo”, observou.
A Lua influencia totalmente a
maneira que a estudante Luiza Christine Lima, 22, enxerga a vida. “Sempre
cultivei meu lado sensitivo, e me sinto muito conectada à natureza em geral.
Especificamente com a Lua sinto que as diferentes fases me influenciam de
formas únicas. Minha fase preferida é a Lua nova, acredito muito no poder de
recomeços e na força que essa fase me traz. Sempre que possível, paro para
olhar o céu e contemplá-la — ver que existe algo tão grande é muito especial”,
definiu.
Para ajudar em tarefas e planos
durante o ano, ela costuma fazer alguns rituais lunáticos. “Na Lua nova, gosto
de construir um mapa mental que me guiará por todo o mês. Na Lua minguante,
agradeço pelas metas atingidas. Desde que sou pequena, também, minha mãe me
leva para cortar o cabelo na Lua nova, crescente ou cheia, nunca minguante. E,
ao longo dos anos, percebi que faz todo o sentido. Se a Lua influencia até as
marés, por que não nós?”, acrescentou.
Um dos momentos especiais, foi
quando o parceiro lhe pediu em namoro sob o luar. “Foi inesquecível”, definiu
Luiza. Hoje costumam ir juntos contemplar o astro. “Sou fã assumida de
Brasília, acho que é uma cidade de estética perfeita e todos os lugares são
propícios para contemplá-la, mas sem dúvidas a Chapada dos Veadeiros é o meu
lugar preferido para ver a lua”, relatou.
Você sabia? As fases da Lua referem-se a variação da posição em relação à Terra e ao Sol. O ciclo completo, denominado lunação, para a o satélite dar um giro completo na terra leva pouco mais de 29 dias. Assim, durante o mês, tem-se, a cada sete dias a oito, diferentes fases da lua.
(*) Thais Umbelino – Fotos:
Minervino Junior/CB/D.A.Press – Correio Braziliense