Por Victor Dornas
As leis de seleção
natural e adaptação de contingências também valem na geopolítica, onde países
disputam um mercado globalizado quase sempre usando métodos não amigáveis. Um
povo que opta pela ignorância, num cenário globalizado, não tem outro desfecho
a não ser a extinção, ou, no ínterim, a precarização gradual de seu estilo de
vida. No Brasil, enquanto discutimos o PL 2633, apelidado pela legião de
petistas (número majoritário no parlamento em termos representativos) como
sucessor da “MP da grilagem”, a China avança na exploração de terras africanas
para o cultivo de pecuária, um dos nossos principais ramos de exportação.
Enquanto nossas
celebridades boicotam nossa imagem lá fora, adotando pautas alucinadas, a China
utiliza métodos não muito ortodoxos (para não adjetivar pejorativamente) de
aproveitamento patentário no escopo de desenvolver técnicas de cultivo em solos
estrangeiros. Enquanto repudiamos tudo que ameace as descomunais reservas
indígenas que frustram a exploração de minérios que acelerariam nossa industrialização,
a China enriquece cada vez mais exercendo o monopólio mundial de extração de
terras raras, negociando muito bem acordos de transferência de tecnologia.
Noutras palavras, enquanto nós, aqui, nos mostramos um povo cada vez mais
estúpido, o chinês faz o contrário, sendo pragmático. E, diferentemente do que
ensina a cultura do funcionalismo privilegiada com primazia no Brasil, na
concorrência, o melhor atropela o menor, não há desculpa, choro ou vela.
A China ainda sustenta
o Brasil importando dezenas de bilhões anuais de produtos como soja, por
exemplo. Os ideólogos da chamada direita eclética, que versa sobre tudo, dizem
que nós não precisamos vender para a China, afinal de contas existem aos montes
países com aquela demografia e potencial aquisitivo para aquecer nosso
agronegócio (ironia).
Talvez em Marte, ou Saturno, onde vivem os ideólogos, nós
achemos um cliente tão bom, uma vez que o maior rival em termos aquisitivos da
China, os Estados Unidos, competem conosco nesses produtos. Então, na medida em que
a China se desenvolve, em analogia simplória com uma empresa, a tendência é
sempre de maximizar lucros, mesmo sendo uma potência com viés comunista que
suprime direitos individuais como, por exemplo, a propriedade privada.
Enquanto a China aquece como um vulcão, ela quer se livrar das dependências,
como uma grande empresa, tipo a Amazon ou o Google, que não satisfeitos em
monopolizar um setor, começam a abranger outros e são frequentemente freados
pelo estado. Na geopolítica, entretanto, quem manda mesmo é o dinheiro, de modo
que não há ninguém que imponha obstáculos aos chineses.
A China então quer
desenvolver sua própria soja, ou sua pecuária, ao invés de ter que arcar com o
preço disponibilizado pelo Brasil, por exemplo, pois, conforme dito, toda
grande empresa visa sempre o lucro e não está errada nisso. Errada normalmente
está a concorrência que não acompanha o ritmo daquele que dita as normas de um
determinado seguimento do mercado. Na geopolítica, a China impôs um ritmo e
quem não acompanhar pode ficar pra trás na chamada quarta revolução industrial,
ou na revolução digital dos meios de produção.
Nós não estamos
preparados pra isso e merecemos o golpe fatal de um predador.
No Brasil, apelida-se
tudo que é feito na Amazônia sem a chancela de um regime burocrático inócuo,
como “grilagem” e as pessoas são taxadas como bandidas. O desejo de lucrar é
demonizado, pois é feio lucrar quando se tem uma ideologia de que bom mesmo é
distribuir para sermos todos igualmente idiotas. A China aplica muitas noções
socialistas em termos de concentração de poder nas mãos do Estado, contudo na
hora da produção, não há revolução proletária, não há direito trabalhista, não
há perda de tempo com brigas eternas envolvendo causas identitárias, aborto,
imposto para igreja, etc. A China não perde tempo e por isso consegue produzir
num ritmo que aqui nós nem sonhamos obter.
Não nós podemos ser
autoritários como os chineses ou perdermos nossa democracia, nossas conquistas
com direitos individuais, ou seja, nosso afeto maior, valores, moral, cultura.
Contudo, nesta conversão demagógica da democracia num eterno debate de pautas
inúteis, “abiloladas”, nós ficamos pra trás e viramos presa fácil num cenário
como o atual e, não por acaso, adotando décadas de governos ideologizados,
rodamos agora em déficit.
Hoje pela manhã, a polícia
federal deflagrou a Operação Marfim, com auxílio do Ibama, para prender
responsáveis por tráfico internacional de órgãos de animais ameaçados de
extinção. A PF também investiga fraudes na emissão de certificados digitais
pelo Ibama com a realização de 48 buscas envolvendo 54 pessoas físicas e
jurídicas. Na ideologização petista majoritária que controla a maior parte dos
grandes veículos de comunicação, tudo isso é posto no mesmo balaio de qualquer
pessoa que atue com qualquer forma de irregularidade na Amazônia.
Na visão ideologizada, todos são indiscriminadamente criminosos e devem pagar, porquanto ainda que mantenhamos uma reserva
absurdamente descomunal de terras indígenas e mais de 65 % do território
protegido contra qualquer forma de atuação industrial, ainda assim, nós
queremos um meio de vida capitalista, queremos usufruir das melhores
tecnologias e queremos gerar empregos.
A equação não se
sustenta!
Seria melhor adotarmos
logo vestimentas indígenas, retornarmos ao televisor de tubo e nos alimentarmos
de nossa própria caça. Quem sabe assim conseguiríamos um coletivismo mais
igualitário, uma vez que petista adora brincar de índio andando de BMW e usando
Iphone.
O Brasil é uma piada em
termos competitivos para os chineses. Mais cedo ou mais
tarde, seremos engolidos, pois merecemos isso.
É puro Darwinismo!
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.