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DECANO QUER BOLSONARO NA DELEGACIA (Coluna Victor Dornas)



Por Victor Dornas 

Um dos maiores problemas da nossa suprema corte é a vitaliciedade de cargos provenientes de apadrinhamento político. Um sujeito, que na grande maioria dos casos nem juiz se formou, de repente por uma mera confluência política ganha ali um cargo que pode durar quase três décadas para discutir as questões mais importantes do país. Se a vitaliciedade for um imperativo, que se consagre um instituto de nomeação dos mais severos e com ampla participação dos próprios magistrados que atualmente restam frustrados por um conselho nacional politizado e omisso que acata tudo que é oriundo do Supremo sem pestanejar.

Não se espera nada mais de ministros que brotam da politicagem do que um festival de ilegalidades. A lava jato expos a ferida e atraiu os holofotes para o panteão da cara de pau.

A eleição de Bolsonaro, essa figura histriônica e destemida que tanto se encaixa no populismo caudilhista, parece que atiçou os ânimos daqueles que se afeiçoaram à fantasia de que são de fato maiores do que juízes com formação, quando em verdade é justamente o contrário. O Supremo formado por ineptos não ampara e sim atrapalha. Então quando uma pessoa como Celso de Mello e, em seguida o primo do Collor, completam 75 anos, abre-se vaga para algum Alexandre de Moraes, com seus parcos 50 anos, para que o mesmo fique lá mais uns 25 anos promovendo batidas policiais na casa de inocentes sem o crivo do ministério público.

O mais grave de tudo? Ninguém nem fala sobre isso. Age-se como se normal fosse.

O decano não deixaria a cadeira sem promover uma última lambança aos aplausos da grande mídia. Ele quer que Bolsonaro vá depor diante de um delegado em virtude de acusação feita por Sérgio Moro. Quando Moro abriu o bico, a expectativa impulsionada pelo próprio Mello era de que haveria uma prova de corrupção que motivou todo aquele circo midiático. Celso de Mello quase promoveu um escândalo internacional divulgando uma reunião sigilosa que envolvia a citação de países que são nossos concorrentes no cenário geopolítico, ou seja, colocou em risco a segurança nacional publicando um vídeo incipiente em matéria probatória.

Moro não tinha qualquer prova afinal. 

Mostrou-se mais angustiado por ter uma esposa declaradamente feminista e de centro-esquerda do que por assédios do governo que ele tanto repudiou de maneira repentina. Não tinha nada ali e o resultado foi uma disparada de popularidade do presidente que, a partir da lambança, iniciou um processo de revitalização.

Celso de Mello, que tem por hábito compartilhar mensagens denegrindo o presidente em suas redes sociais, agora ensaia um segundo ataque, obviamente político, aspirando um resultado diferente. O célebre cientista Albert Einstein dizia que “insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”. Com o chefe do mensalão e do petrolão na rua por patrocínio hermenêutico do Supremo, posando de comentarista político e gozando a vida como se inocente fosse, a ida de Bolsonaro numa delegacia da PF seria uma catástrofe para militantes de esquerda como o próprio Celso de Mello e sua toga política.

Por orgulho ferido, o decano não está nem aí. Quer que Moro, inclusive, participe. A esquerda não se conforma com a ideia de incolumidade do governo. Não há nenhum escândalo, nenhum ministro envolvido em esquemas, nada. Por isso há tanto empenho midiático na questão das rachadinhas da ALERJ que provavelmente envolvem a franquia familiar que Bolsonaro abriu na política. Porém nada se diz daqueles que encabeçam a lista do COAF e continuam inclusive presidindo a casa. Nada se diz, pois são do PT e de seus partidos satélites. O alvo é o senador Flávio, que nem mais ocupa a casa, sendo que o caso Queiroz, em números, é bastante inferior aos valores que são atribuídos aos nomes do topo da lista.

Todo governante precisa de uma oposição eficiente para funcionar melhor.

Bolsonaro deve ser constrangido, criticado para que se insurja alguém que personalize uma crítica inteligente e apresente uma concorrência viável. Não adianta bater na mesma tecla esperando um resultado diferente e um governante acostumado com uma oposição tão débil tende a ser confiante demais, sendo ruim para o país inclusive. Bolsonaro, um patrimonialista convicto, diz ser aliad de liberais, ele e seu posto Ipiranga. Pois bem, então eles devem saber que nem o governo está imune ao fato de que a concorrência propicia um melhor produto.

Bolsonaro precisa de um rival. Um rival capaz. Não esse bando de idiotas. Ou pior... um presidiário virtual e senil!

O governo precisa de um rival que ecoe críticas assertivas, racionais e coerentes. A militância ostensiva de uma mídia aparelhada e mimada gera irritação. As eleições americanas mostraram isso e o fato desembocou aqui em 2018. 

E ainda não mudaram o disco...




(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.



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