É
hora de se movimentar. Especialistas
alertam para o aumento do sedentarismo entre os brasilienses como uma das
consequências do isolamento social provocado pela crise sanitária da covid-19.
Antes, Distrito Federal era considerado uma das regiões mais ativas do Brasil , No projeto
Quarentena Fit o personal Thiago Carlos da Silva oferece aulas on-line para os
alunos que preferem treinar em casa
*Por
Thais Umbelino
O isolamento
social que a pandemia do novo coronavírus trouxe afetou a qualidade de vida dos
brasilienses e elevou o sedentarismo da população. Isso é o que afirmam
especialistas entrevistados pelo Correio. Segundo eles, o teletrabalho e
o confinamento em casa acarretaram na diminuição da rotina de exercícios
físicos e acendeu o alerta sobre a importância de se abordar o tema.
“Se a gente
não se adaptar a essa nova realidade, vamos sofrer muito no futuro. É
necessário que a população se conscientize de que a pandemia não é um motivo
para deixar de praticar atividades físicas, mas, sim, de criar uma nova meta de
gasto calórico”, afirma o professor e coordenador de Educação Física do Centro
Universitário Iesb, Sérgio Avelino.
De acordo com
Sérgio, os índices de sedentarismo ficaram piores na capital devido à mudança
no estilo de vida dos indivíduos. “Atrelado a isso, intensificou-se problemas
de ansiedade, maior ingestão de álcool e alimentação desequilibrada. As pessoas
perderam a motivação de fazer atividades físicas, porque a rotina foi alterada
e as práticas de exercício deixaram de ser constantes”, avalia.
Foi o que
aconteceu com a professora Fabiana Bastos, 35 anos, nos primeiros meses de
isolamento social. “No início, não praticava nenhum esporte. Minha energia era
toda para as minhas duas filhas e com os cuidados da casa. Essa época de
adaptação foi difícil, ainda mais porque estávamos bem apreensivos com o
vírus”, conta. Em maio, o diagnóstico positivo para a covid-19 a pegou de
surpresa. “Mesmo com sintomas leves, fiquei muito cansada e ofegante e
precisava me recuperar”, completa. Fabiana
malha cinco vezes na semana, às vezes, com as filhas
Um mês depois,
quando voltou a trabalhar, na modalidade a distância, Fabiana tomou a decisão
de retomar as atividades físicas, em casa. “Já estou há dois meses fazendo
aulas on-line e não pretendo parar. Desde que comecei, sinto-me com mais
energia e disposição. As práticas me ajudaram mentalmente e fizeram com que eu
me sentisse melhor”, garante Fabiana, que, eventualmente, tem a companhia das
filhas Ana Júlia Bastos Durães, 8, e Isabela Bastos, 1, na hora dos exercícios.
Preocupação: De acordo com a última pesquisa divulgada pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2017, a população do Distrito Federal
foi considerada a que mais pratica esportes e atividade física no Brasil.
Porém, a presidente do Sindicato das Academias do DF (Sindac-DF), Thaís Yeleni
Ferreira, destaca que os hábitos mudaram com pandemia. “Nem 30% das pessoas
retornaram para as academias. A situação nos preocupa, principalmente porque a
prática de atividades físicas previne diversas comorbidades”, salienta a
profissional.
Uma das
soluções pensadas pelo consultor fitness Thiago Carlos da Silva, 36, para
garantir que os alunos continuassem a malhar foi iniciar o projeto Quarentena
Fit, de forma totalmente on-line. “Além da motivação das aulas que têm, em
média, duração de 50 minutos ao vivo e em grupo, outro grande diferencial é a
variação de exercícios, muitas vezes adaptados com acessórios da casa do aluno,
como galões, cadeiras, entre outros”, explica Thiago. “As pessoas descobriram
que é possível se exercitar em casa e com o peso do próprio corpo. Sempre digo
que qualquer atividade é válida, desde que a pessoa se mantenha em movimento”,
aconselha o professor.
Também usando
o mundo virtual, os docentes do curso de Fisioterapia da Universidade de
Brasília (UnB) Aline Martins de Toledo, Rodrigo Luiz Carregaro, Fernanda
Pasinato e Luisiane de Avila Santana desenvolveram o projeto Exercícios Físicos
Domiciliares e Práticas de Educação em Saúde: estratégias de enfrentamento
durante a pandemia pela covid-19. Com a participação de 25 alunos de graduação
e pós-graduação, o objetivo do grupo CONSCiênci@ é tornar acessível discussões
sobre exercícios, orientações e outras atividades domiciliares que possam
contribuir para a manutenção da saúde das pessoas.
O projeto
destina-se a pessoas com dores musculoesqueléticas crônicas, familiares ou
cuidadores de lactentes e crianças com ou sem disfunções neuromotoras, além de
pacientes de diabetes. “A gente utiliza a rede social do Instagram
(@pconscienciaunb) e do YouTube para disponibilizar materiais sobre rotina de
exercícios e traduzir informações científicas em saúde para a população”,
explica a coordenadora do projeto, Aline Martins.
Segundo
Rodrigo Luiz Carregaro, também à frente da iniciativa, falar sobre atividade
física neste período de crise sanitária é fundamental: “Se analisarmos o perfil
de muitos profissionais na pandemia, vamos perceber um trabalho mais
sedentário, no qual a pessoas fica horas sentada em frente ao computador. E
mostrar que é possível e necessário fazer exercícios em casa tornou-se um
compromisso nosso. As atividades afetam diretamente na saúde e diminui a chance
do indivíduo a desenvolver outras doenças”, acrescenta o professor.
Os
pesquisadores do projeto chamam a atenção para a importância de incentivar as
crianças a realizarem atividades como pular, correr, ultrapassar obstáculos e
dançar. “Embora mudar a rotina pareça difícil, os pais podem ir aos poucos adicionando
comportamentos que vão ajudar a criança a ser mais saudável, ativa e forte. A
pandemia traz muitas consequências para as crianças, e é necessário
incentivá-las ainda mais neste período de confinamento”, finaliza a professora
Aline Martins.
Saúde: A pessoa sedentária fica mais vulnerável a quais
doenças?Hipertensão, Diabetes, Doenças
crônicas, Ansiedade, Depressão...
Exercícios para
fazer durante a pandemia: Pular
corda, Polichinelos, Subir e descer escadas, Burpee simplificado
Thais Umbelino -
Fotos: Ed Alves/CB/D.A.Press - Fonte: grupo CONSCiênci@, Correio Braziliense