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RENDA FUNDEB E JOE BIDEN CONTRA O BRASIL (Coluna Victor Dornas)


Por Victor Dornas

A ideia da eleição de Jair Bolsonaro foi mexer em vespeiros. Seus eleitores e, principalmente, os entusiastas mais bufões, cultivaram ou ainda cultivam a fé de que Bolsonaro é o cara que incomoda o “sistema”, um ineditismo na política (ironia). O Brasil há tempos finge uma neutralidade que na verdade significa complacência ou até mesmo um apoio às ditaduras vizinhas, de modo que um irmão maior, sobretudo durante o petismo, deu o mau exemplo, reforçando simpatia por ditadores sanguinários. Não é um fenômeno brasileiro propriamente, uma vez que, hoje em dia, até o Papa vez ou outra gosta de tomar chazinho com sociopatas. Confunde-se neutralidade com cumplicidade criminosa, no caso, a nossa.

O fato de assumidamente adotarmos lados na geopolítica, entretanto, não necessariamente significa uma vantagem. Trata-se apenas de uma jogada diferente do usual, porém muito mais arriscada. Quando Bolsonaro, ancorado no olavismo resolveu ficar de quatro para Donald Trump, criou-se também uma dependência nominal, ignorando o risco da jogada.

Explico.

O primeiro risco é que os Estados Unidos, diferentemente do Brasil, são liberais. E num país liberal, o congresso está sempre acima do presidente, de maneira que o Trump, além de persona efêmera, também não tem tanto poder assim. O segundo risco é que Trump sendo  alvo de uma campanha miditática sem precedentes, de modo que a hipocrisia da moda, ou seja, o movimento ativista ambiental financiado pelo continente que mais tocou fogo em suas terras historicamente, usa agora a figura do presidente americano como um algoz da causa ecológica. Bolsonaro, obviamente, entra no jogo como um candidato a chupim de Trump.

O fato controverso: O Brasil preserva quase 70 % de suas áreas. Somos campeões de utilização de energia limpa e renovável. O quê o Brasil está fazendo ao lado dos Estados Unidos nesta celeuma ecológica? Pois é. Não faz nenhum sentido e isso é sintoma de politização pesada.

Pois bem, no embate de ontem entre Trump e Biden, em porradaria mútua na ferrenha disputa eleitoral americana, uma parte especial da fala do candidato democrata foi direcionada ao Brasil: A turma do Biden aduziu que retaliará o Brasil. O Brasil na pauta de um debate de eleição americana? Politização ou não, importa mesmo o fato de que um possível presidente americano agora tem ódio de nós. Isso interessa bastante ao congresso americano, uma vez que nós competimos com os Estados Unidos, como também com os europeus no mercado internacional. Quem mais compra de nós? A China, que sempre corre por fora.

Nunca em nossa história fomos hostilizados por um debate de eleição americana. Bom ou ruim? Não se sabe, mas a ideia era mexer em vespeiros não é mesmo? 

Veremos no que dá...

A grande imprensa stalinista brasileira quer que Paulo Guedes resolve o problema do PIB brasileiro convulsionado com parcimônia. Toda contradição entre Bolsonaro e seu ministro da economia é tratado com espanto, como se o momento não fosse oportuno para desajustes. Em outras palavras, é natural que numa pandemia o ministério da Economia esteja rebolando todas as notas para tentar achar um passo minimanete viável. Isso é normal. Então Bolsonaro ou o próprio Guedes, não se sabe, resolveram que mexer num vespeiro talvez fosse o caminho. 

O Fundeb foi aparelhado pelo PT, todos sabem. A ideia do Lula era injetar dinheiro no setor educacional sem cobrar uma contrapartida. Ainda que não tivesse resultado, e de fato não teve, pois ainda estamos lá na lanterna do PISA, num país de analfabetos funcionais, o plano mesmo assim daria certo pois o PT compraria a “intelectualidade”. Aliás, foi até melhor que o povo continuasse bestializado, pois assim o partido em questão teve facilidade para fomentar seus oligopólios cativos e definhou a economia com normalidade. Tudo pela causa.

Mexer no Fundeb é um problema, ainda que seja para tirar 5 % e transferir aos miseráveis. A jogada é criativa do ponto de vista contábil, pois além do óbvio, isto é, da verba do fundeb ser alocada (supostamente) em educação, trata-se de um recurso de dribla os limites postos pelo congresso. O custo? Além do desgaste com o legislativo que tende a derrubar a manobra usando o judiciário, caso ela seja mesmo feita, a malandragem gerará mais juros, fuga de capital, desemprego, ou seja, tudo isso que estamos acostumados a ver no Brasil.

Aí se especula a questão eleitoreira de um Bolsonaro 2.0, no populismo do café com leite que tanto pesa numa eleição presidencial no Brasil. Um detalhe: Se a ideia não partiu de Guedes, como a imprensa diz ter certeza, as chances dele sair da pasta são enormes. Mas Guedes não é esse liberal que se imagina e sim alguém muito disposto a entender o jogo político brasileiro.

O Brasil está mexendo sim num monte de vespeiros. Nessa faxina, entretanto, especula-se que a sujeira tenha conquistado vida própria!




(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.

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