test banner

A ZONA DA FRAUDE CURRICULAR (Coluna Victor Dornas)


Por Victor Dornas 

O episódio Decotelli acabou há meses, porém seu simbolismo promete perdurar por bastante tempo. A aproximação de Bolsonaro com o centrão culminou na venda de cargos, inicialmente menores, contudo, mais recentemente, cada vez maiores. No caso de Decotelli, Bolsonaro optou pela estratégia de submetê-lo a escrutínio público, porém o resultado não agradou uma vez que não demorou mais de dois dias para surgirem as fraudes curriculares. 

Agora com Kassio Nunes, um amigo dos filhos que herdará a relatoria o caso Flávio Bolsonaro em seu décimo recurso a Supremo, a história se repete, porém com uma diferença curiosa. Bolsonaro apressou a indicação, não esperando sequer que o decano saísse de fato para evitar aquilo que foi feito com Decotelli, ou seja, uma pesquisa mais aprofundada e tempestiva.

A “Universidad de La Coruña”, uma universidade espanhola, veio a público informar que Nunes mentiu em seu currículo sobre a conclusão de uma pós graduação que teria sido concluída lá, isto é, o mesmíssimo caso de Decotelli. Assim como Ricardo Salles e Damares Alves que também protagonizaram vexames curriculares, Nunes foi empurrado rapidinho para que não houvesse uma fritura. Um país que acha normal um presidente tomar chop com o ministro que julgará seus próprios casos certamente não de incomoda com fraudes curriculares. 

Uma falsificação inofensiva...

Não custa lembrar que Nunes chegou ao TRF empurrado pela Dilma, outra acadêmica “notável” que parece ser incapaz de proferir uma única frase semanticamente articulada. Pois bem, a pesquisa não parou por aí e espalharam na rede um trabalho com suposta autoria de Kassio Nunes sobre a concessão de auxílio maternidade para mulheres estupradas em tribis indígenas. 

A princípio, qualquer pessoa de boa fé acharia de bom grado auxiliar uma mulher estuprada, porém no caso tratado no trabalho não se analisa propriamente a situação de mulheres e sim de crianças. Nessas tribos indígenas, interpreta-se a vida adulta a partir da menstruação. Além disso, acredita-se que o sêmen é fortificado a cada coito, principalmente se forem de pessoas diferentes. Por isso, uma vez alheios à imputabilidade penal, essas tribos promovem estupros coletivos de crianças e o tal artigo versa sobre tudo isso de um modo nada conservador.

A concessão de auxílio maternidade para crianças estupradas dessa forma nada mais é do que a institucionalização do estupro em prol da “diversidade multicultural” também defendida no artigo. Inúmeros sites atestam a verossimilhança do documento, dizendo que está disponível no próprio site do TRF. Este articulista não pode atestar a veracidade do mesmo, embora seja bastante crível e Nunes não tenha negado. Na hipótese de ser mesmo de sua autoria, pergunta-se: O quê faz Kassio Nunes num governo que se elegeu politizando apostilas gays? Pois é. Ideologia só serve mesmo durante o pleito eleitoral.

A base aliada está se ancorando em meia dúzia de jornalistas comprados que atuam na grande mídia, porém a quantidade de articulistas apoiadores do governo que manifestam repúdio ao bacanal jurídico promovido por Bolsonaro é cada vez mais expressivo. Diferentemente de Decotelli, que veio da gestão de um desses fundos que movimentam dezenas de bilhões por ano e são praticamente inauditáveis, Kassio, além de parecer uma indicação mais segura, está diretamente ligado ao caso Flávio Bolsonaro, por herdar o processo do decano na relatoria.

Por isso, o mais provável é que Bolsonaro não retroaja, ainda que se descobrisse que o amigo de Ciro Nogueira, Dias Toffoli e Davi Alcolumbre não tivesse feito sequer o primário. É questão de sangue, entende leitor? Bolsonaro, confiando nas pesquisas que sempre repudiou, não quer mais diálogo com a dita direita que não está vendida. Quer apenas cuidar dos seus.

Com a chegada de inflação e a ameaça de algo pior, ou seja, a hiperinflação, o coletivismo imediatista brasileiro talvez derrube um pouco a reputação do presidente em novas pesquisas, porém, ao que parece, nessas companhias Bolsonaro parece estar aplicando com maestria a cartilha lulista que durante tantas décadas defendeu com veemência enquanto parlamentar.

O Bolsonaro que dizia “companheiro Genoíno, companheiro Palocci” ressurgiu.

E, tragicamente, está usando as forças armadas para promover seu projetinho particular de poder, isto é, caindo nas graças de fanáticos, ignorantes e dos miseráveis. Liberalismo? Bullshit. Paulo Guedes, tudo bem por aí?





(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas, fotos ilustração: Blog-Google.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem