Responsáveis por cuidar
e promover a saúde de toda a população, os médicos têm papel fundamental na
vida de todo ser humano, seja incentivando uma rotina saudável, orientando na
prevenção contra doenças ou tratando determinadas enfermidades. No Brasil,
hoje, 18 de outubro, é comemorado o dia desses profissionais, que merecem todo
respeito e reconhecimento pelo trabalho árduo e dedicação à vida do próximo. A
data foi escolhida em homenagem a São Lucas, o padroeiro da medicina (leia Você
sabia…). Embora tenham o dia a dia sempre agitado, esse ano, os médicos tiveram
de enfrentar algo novo e redobrar esforços para trabalhar no combate da
covid-19.
Nascida em João Pessoa
(PB), Ana Helena Germoglio, 40 anos, inspirou-se na profissão e especialidade
da mãe, também infectologista. Ela lembra que na infância, às vezes, saia da
escola e não tinha onde ficar, então, era levada para o hospital. “Eu tenho
essas lembranças fortes na memória, da rotina dela. Aprendi muito com minha mãe
e ela também foi minha professora da faculdade. Foi dela que veio essa vontade
em mim. Nunca me vi fazendo outra coisa”, diz.
Para ela, a especialidade ainda é discriminada, por lidar com
doenças consideradas tabus, como a Aids. “A maioria das pessoas mal sabia do
infectologista antes da pandemia. O profissional era deixado de lado, era
considerado muito hospitalar. Ninguém tem um infectologista. A pandemia deu uma
visibilidade a mais”, afirma a especialista.
Hoje, Ana Helena é um
desses profissionais que atuam na linha de frente do combate à doença e precisa
dedicar-se integralmente aos pacientes. Desde fevereiro, quando o novo
coronavírus chegou ao Brasil, ela está à disposição 24 horas por dia. Quando
não no consultório, pelo celular. “Nunca trabalhei tanto e nunca estudamos
tanto em tão pouco tempo, porque ainda sabemos pouco da doença. Traz um cansaço
psicológico e físico para todos que trabalham no controle da infecção. Precisei
ficar dois meses longe do meu filho, porque temos de cuidar de quem mora com a
gente também. Valeu a pena, eu faria tudo de novo. Passaria todos os perrengues
novamente”, declara.
De uma família predominantemente
de empresários, Marcelo sonhava desde a infância em ser médico. Nascido em São
Paulo, ele fez residência na Santa Casa de São Paulo. Em 1998, desembarcou no
Distrito Federal para atuar na profissão. O cirurgião lembra da primeira vez
que pisou no hospital como médico. “Foi muito bom. Comecei a ver os pacientes
como sendo minha responsabilidade e a colocar em prática a teoria aprendida em
anos. Ser médico é ter paixão pelo o que faz, porque é uma atividade diária”,
lembra.
Morador do Sudoeste, o aposentado Paulo César Zoghbi, 60, foi diagnosticado com
o novo coronavírus e precisou ficar 14 dias internado na UTI do Hospital Santa
Luzia. Aos cuidados do intensivista, ele contou que a equipe médica tornou-se
família no período de isolamento. “Tinha contato com meu filho por videochamada
no celular, era a forma de suprir a necessidade de afeto. O doutor Marcelo e
toda a equipe foram muito atenciosos. Esses profissionais merecem ser mais
valorizados. Estão na linha de frente, correm risco e merecem todo reconhecimento”,
destaca.
Ela lembra que assim que começou atuar na área
sentiu-se angustiada e precisou aprender a controlar as emoções. “A gente lida
com algo muito importante do ser humano, que é a vida, transformamos vidas.
Chegamos da faculdade, normalmente, sem muito contato com o paciente, mas a
prática do dia a dia nos molda a criar nosso jeito de lidar com cada situação”,
explica.
No começo da pandemia, a oncologista ficou receosa
dos pacientes interromperem o tratamento, por fazerem parte do grupo de risco.
“Nenhum deles abandonou o tratamento. Precisamos nos adaptar ao momento,
tentamos fazer telemedicina. Eles ficaram mais isolados nesse momento. Desde
setembro, começaram a voltar presencialmente. Eles têm essa consciência de se
cuidar, e estão voltando a fazer os exames”, afirma Ludmila.
Para ela, ser
oncologista vai além de uma relação entre médico e paciente. “Temos de ir além,
entender o próximo de forma integral”, destaca. Essa aproximação fez com que
ela se tornasse amiga de muitos pacientes. Como é o caso da professora Rosilda
de Souza, 44. Ela foi diagnosticada com câncer de mama em julho de 2018, quando
conheceu a oncologista. “Criamos um vínculo enorme. Comecei o tratamento e ela
sempre foi cuidadosa, criamos uma amizade mesmo”, afirma. Curada da doença no
início de 2019, Rose diz que deve muito à médica. “A amizade ajudou na minha
cura. O tratamento ficou mais leve, mais tranquilo. Ela está sempre disponível,
até hoje”.