Por Victor Dornas
Num momento onde o
governo Bolsonaro, reunido na residência do Gilmar Mendes, mais precisamente na
figura do próprio presidente, do cunhado do Silvio Santos, do companheiro Dias
Toffoli, do cacique Davi Alcolumbre, decidem, em conluio, indicar ao Supremo,
para suceder o decano, um amigo do Ciro Nogueira, desembargador que chegou ao
TRF indicado pela Dilma, aproveitando o quinto constitucional, aí seria
oportuno que uma esquerda bem estruturada agisse com força. No Brasil,
entretanto, a esquerda quer implantar o stalinismo e resolveu sair por aí
divulgando na grande mídia textos fofinhos sobre o movimento acadêmico Libelu,
onde jovens dos anos 60 davam seus pitacos sobre o partido operário russo.
Percebem como é nocivo ao país um governo que
conta com uma oposição debiloide? Pois é. Naquele tempo,
quando não se tinha disponível um farto acesso a materiais vindos de todo canto
(leia-se, globalização da informação) não se sabia que Stalin, por exemplo,
forneceu armamento para o exército nazista.
Os fins que justificam os meios, no
melhor estilo trotskista, na prática representa espionagem de guerra,
genocídio, ditaduras, ou seja, tudo aquilo que o movimento Libelu repudiava. É
o efeito do ostracismo da época e também da incapacidade do brasileiro de
refletir sobre uma palavra simples que o mundo moderno já decifrou há tempos,
chamada anacronismo.
Aqui, como numa terra da Hades, querem ressuscitar os
mortos, enquanto o governo de situação deita e rola como bem entende.
Um exemplo deste ódio
fofinho, remanescente de um choque “zeitgeist” do saudosismo Libelu que ainda
inflama as grandes redações do país é a fala do global Paulo Betti que,
refletindo sobre a derrota petista em 2018 (tão enigmática, afinal de contas
quem indica um preposto de presidiário logicamente deveria vencer), diz que
Adelio mudou tudo, ainda que tenha “agido mais ou menos certo”. O código penal
tipifica esse tipo de incitação, vale notar.
Levantando a bandeira
do Adelio, os caquéticos patéticos da Libelu obviamente reelegerão Jair
Bolsonaro, aquele que troca 10 vice lideranças (incluindo a mais séria de
todas, a do Major Vítor Hugo) um dia após reunir-se com Gilmar Mendes, aquele
ministro que decidirá sobre o foro privilegiado do primogênito Flávio, implicado
em 300 páginas de denúncia do parquet por formação de quadrilha. O Brasil
persiste neste desatino de extremos hipócritas.
A mesma ideologia
adotada pela Libelu também tem alguma lógica no imaginário bolsonarista, uma
vez que tudo de errado que o governo fizer estará amparado pela fábula de que
os fins justificam os meios. Para que o PT não retorne mais, temos nos agarrar
na arte do possível, ainda que o possível, no caso, seja o PP e o Ciro Nogueira
enfiando trinta anos de toda no STF.
Aliás esta coluna não se
cansa de criticar uma suprema corte formada por advogados de políticos. Não
adianta, aliás, serem juízes indicados por políticos. Ou juízes que entram sem
concurso público. O Brasil ainda se perde na sanha de achar que pode copiar as
coisas dos Estados Unidos, como, por exemplo, o instituto da reeleição. Nos
Estados Unidos, o liberalismo impera, ou seja, o congresso é controlado pelo
povo. Permitir que Trump indique juízes significa saber que ele colocará na
suprema corte juízes de farta reputação, como por exemplo a última indicação
Amy Barret, com mais de quarenta anos de toga.
No Brasil, chancelar a escolha
política de membros da Suprema corte significa deixar o presidente se achar no
direito de indicar alguém que tome uma cervejinha com ele, ou um preposto como
o Toffoli. Aqui não há uma população instruída, vigilante o bastante para impor
seus desejos e sim uma massa desgovernada que se vende facilmente para qualquer
populismo de momento.
A neutralidade jurídica de uma Suprema Corte não existe no Brasil e não será Jair Bolsonaro que mudará isso, provavelmente. A indicação de Kassio Marques Nunes, aquele desembargador que liberou ano passado as lagostas e vinhos caríssimos para os ministros do STF, ou ainda que quis refugiar o terrorista italiano Cesare Battisti, amigo íntimo de Wellington Dias que liberou R$ 293 milhões para obras subsidiadas pela Caixa, ainda pode ser revista.
O presidente Bolsonaro não deu a canetada
que depende da saída do decano. Até lá, tudo pode
acontecer, menos o Brasil e sua imprensa Libelu mudarem sua atitude.
Isso, jamais! Pela
causa dos russos do século retrasado!
(*) Victor Dornas - Colunista do Blog Chiquinho Dornas ,fotos ilustração: Blog-Google.