BRB mantém saúde financeira. Mesmo com a crise sanitária, provocada pela
pandemia, balanço divulgado ontem mostra que instituição teve aumento de 15,3%
no lucro líquido recorrente, que chegou a R$ 113,5 milhões no terceiro trimestre
O impacto da
crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus na economia local não
freou o crescimento do Banco de Brasília (BRB), que registrava números
positivos desde o ano passado. Depois de fechar o primeiro semestre com saldo
favorável, a instituição registrou aumento de 15,8% no lucro líquido recorrente
no terceiro semestre de 2020 em relação ao trimestre anterior. O montante
chegou a R$ 113,5 milhões. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o
total é de R$ 319 milhões, 12,8% a mais do que o mesmo período de 2019.
De acordo com
o BRB, os números positivos são resultado sobretudo da expansão da carteira de
crédito, além de fatores como o crescimento do nível de negócios, ampliação da
margem financeira, maior relacionamento com os clientes e melhora na eficiência
operacional. “Também é preciso reforçar a importância que a nossa equipe tem
nisso. Se temos conseguido alcançar esses resultados, é porque o BRB tem um
quadro de pessoas qualificadas e comprometidas”, ressaltou o presidente da
instituição, Paulo Henrique Costa.
Na avaliação
dele, o BRB conseguiu conciliar as estratégias para obter melhores resultados
com a função social de um banco público durante uma situação grave como a
enfrentada. “Soubemos interpretar o papel de um banco público. Conseguimos
avançar cumprindo o papel de apoiar os setores da economia no DF”, afirma.
Crédito: Houve crescimento de 9,3% na carteira de crédito ampla, que alcançou R$ 14,5 bilhões no terceiro trimestre. Considerando-se 12 meses, o aumento é de 43,9%. O crédito a pessoas físicas foi o principal destaque, com aumento de 6,9% no trimestre e de 35,3% em 12 meses. O valor chegou a R$ 11,3 bilhões.
Para o
presidente, esse crescimento teve relação com a crise gerada pela pandemia.
“Principalmente na pessoa jurídica há essa relação em função da necessidade de
capital de giro para continuar a honrar obrigações mesmo nos momentos mais
severos. No crédito imobiliário, isso aconteceu de maneira indireta. Temos
ambiente de taxa de juros baixa e, por outro lado, retorno dos investimentos
também está muito baixo. Em casa, as pessoas perceberam o valor desse ambiente
e buscaram, quem tinha condições, lugares maiores”, analisa.
O BRB
reforçou, desde 2019, as ações voltadas para o crédito imobiliário, que atingiu
R$ 1,8 bilhão, o que representou 25,3% de crescimento no terceiro trimestre e
97,6% em 12 meses. “Essa é uma porta de entrada para os clientes, que ficam
muito tempo no banco pela duração do financiamento. Geralmente, usa-se uma
parcela importante da renda para o pagamento desse crédito. Então, os clientes
trazem boa parte dos seus produtos bancários para o BRB.”
As despesas
com devedores duvidosos, no entanto, também aumentaram e chegaram a R$ 67
milhões, 24,3% a mais em relação ao segundo trimestre. Já a inadimplência
manteve-se estável em relação ao período anterior e ficou em 1,57%. A média de
mercado atual é de 2,4%.
Serviços: O balanço do terceiro trimestre da instituição mostra que houve crescimento de 13,5% em relação a 2019 nas receitas com prestação de serviços e tarifas. O aumento é de 3,6% quando a comparação é feita com o trimestre anterior. O montante é de R$ 130,2 milhões. O total anual é de R$ 397 milhões, crescimento de 36,1% em relação a 2019. Também cresceu o saldo de captação, que atingiu R$ 16,2 bilhões. O aumento é de 44,5% em relação ao mesmo período de 2019 e de 16,1% na comparação com o segundo trimestre.
O BRB fechou o
terceiro trimestre com índice de Basileia de 14,07%, dos quais 13,39% no
capital nível I e 0,68% no capital nível II, acima do nível regulatório de
9,25%. O indicador é usado pelo Sistema Financeiro Nacional (SFN) para medir o
grau de solvência das instituições.
Quatro perguntas para Paulo Henrique Costa, presidente do BRB
Mesmo com a crise, o BRB teve bons resultados neste ano. Quais os principais fatores para que isso ocorra? A expectativa era essa? A nossa expectativa sempre foi de crescimento mesmo num ambiente desafiador como este. Soubemos interpretar o papel de um banco público. Conseguimos avançar cumprindo o papel de apoiar os setores da economia no DF. A ampliação da carteira de crédito foi o principal fator desse crescimento. Quando lançamos o Supera-DF, atraímos mais clientes, o que aumentou nossa receita com prestação de serviços. O Supera teve papel fundamental neste momento. Movimentamos R$ 4,4 bilhões e atendemos 4,4 mil empresários e mais de 32 mil pessoas físicas. Por fim, a gente teve uma disciplina importante com gastos, principalmente com pessoal.
Dá para dizer que os piores efeitos da crise pensando no DF como um todo
já passaram? Ou a situação do BRB é diferente? Nós
percebemos melhora econômica. Uma retomada se iniciou e também houve aumento de
vagas de emprego. Mas, ainda é cedo para fazer essa avaliação. Precisamos
entender como a dinâmica da economia vai ser nos próximos meses. Porém, para
vários setores da economia, certamente um momento como o que vimos, em alguns
meses anteriores, de quase fechamento total não deve se repetir.
Como ficaram as estratégias de modernização e expansão com o impacto da
crise? Um reflexo importante da crise foi um aumento da
digitalização do banco. Nós tivemos de acelerar a digitalização do BRB. Fizemos
investimentos para aumentar nossa capacidade de processamento para atender aos
clientes e também porque parte do nosso quadro de pessoal ficou um período do
ano em casa. A expansão foi naturalmente afetada. Tivemos de desacelerar, mas,
no ano que vem, retomaremos esses planos. O crescimento e diversificação dos
negócios está no cerne da nossa estratégia.
Com a desestatização da CEB e outros processos de concessão tocados pelo
GDF, há também a preocupação de que o BRB seja privatizado. Isso segue
descartado? Esse é um compromisso que eu e o governador
assumimos em relação ao BRB. Os avanços só reforçam o nosso posicionamento. Um
banco público forte pode ser um agente de transformação. Esses resultados,
inclusive as melhorias em índices de rentabilidade, provam que um banco público
pode, sim, cumprir papel e obter resultados significativos ao mesmo tempo.