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À QUEIMA-ROUPA: Eduardo Aroeira Almeida, presidente da Ademi-DF

Eduardo Aroeira Almeida, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF)

 

Mesmo na pandemia, o setor teve resultados muito expressivos. Quais foram os fatores que mais contribuíram? O mercado imobiliário do Distrito Federal demonstrou muita solidez e resiliência em 2020, ano em que a pandemia pelo novo coronavírus quebrou diversos paradigmas no mundo todo e também no Brasil. Nós vínhamos, em 2019, iniciando um processo de recuperação das perdas impostas pela crise iniciada em 2014, com resultado positivo. E fechamos 2020 superando todas as expectativas, tanto no volume de vendas quanto no de lançamentos. Quando a pandemia se instalou, enfrentamos um trimestre de grande incerteza até maio, em que a prioridade foi manter nossas atividades garantindo segurança e proteção aos nossos trabalhadores. Esse é um dos fatores que explicam o resultado de 2020: o governo do DF entendeu a importância de manter as obras em andamento e nossas entidades e empresas entenderam a importância de dar ao trabalhador da construção civil as melhores condições para seguir trabalhando. Nos mobilizamos de forma ágil e eficaz na revisão dos protocolos de segurança e saúde, o que nos deu condição de trabalhar com o mínimo de contágio no setor. Além disso, merecem menção dois outros fatores. Um deles é o ambiente econômico, em que a combinação de juros baixos e medidas de estímulo ao setor pelos bancos tornou possível não apenas que a prestação de um financiamento imobiliário coubesse no bolso de mais pessoas, mas, também, que os financiamentos em curso fossem preservados com o adiamento das parcelas. O acesso ao crédito alcançou condições inéditas na história brasileira, tanto pelo volume quanto pelas taxas, trazendo para o mercado compradores que ainda viam sua casa própria apenas como um sonho distante e também o investidor interessado em maior segurança e rentabilidade. O outro fator foi a ressignificação da moradia, um dos efeitos mais emblemáticos da pandemia. A necessidade de isolamento social tornou a casa um espaço de trabalho, de estudo e de cuidado com a saúde. Quem ainda não tinha imóvel, decidiu comprar; quem já tinha buscou um imóvel maior para atravessar a crise com mais conforto.

 

Foi uma surpresa conseguir um crescimento forte num momento como esse Foi, sim, mas muito mais pelos números. A partir de junho, quando o mercado começou a reagir, nós avaliamos que poderíamos alcançar ou, quem sabe repetir, o desempenho de 2019. Não imaginávamos que seria possível ter crescimento real e acima do observado no ano anterior diante de tantas incertezas. Foi um ano em que o incorporador do DF lutou muito, se reinventou por intermédio da tecnologia, lidando sempre com o imponderável. É muito difícil avaliar e fazer previsões em meio a uma crise sanitária dessa magnitude. Nunca vivemos isso no Brasil. O desempenho do setor no ano passado foi uma surpresa muito positiva.

 

Quais as expectativas para este ano? A tendência é continuar crescendo? Nós estamos otimistas com 2021, especialmente pela possibilidade da vacina e da manutenção de um ambiente econômico favorável. Apesar dos desafios que estão colocados, nós acreditamos que tanto o Executivo quanto o Legislativo federais estarão mobilizados para aprovar as reformas e outras medidas que darão condições de retomada da economia de uma forma geral. Também percebemos que tanto a Câmara Legislativa quanto o governo do DF têm trabalhado uma agenda orientada para o reaquecimento da economia e a geração de emprego, com redução da burocracia e estímulos ao investimento. Em 2021, o mercado imobiliário vai manter o ritmo e apostar em novos lançamentos.

 

Quais são os principais gargalos hoje? O que precisa ser resolvido? O incorporador do DF ainda tem de enfrentar muita burocracia para trabalhar. Há um cipoal de legislações, cujo entendimento e aplicação muitas vezes geram conflitos e tomam muito tempo, atrasando a aprovação de projetos e a liberação de licenças. Esse é um gargalo que a Ademi tem procurado enfrentar com muito diálogo, levando aos órgãos do GDF esclarecimentos técnicos para fomentar uma revisão e aperfeiçoamento de procedimentos, assim como à CLDF, em busca de marcos regulatórios que deem agilidade ao investimento, respeitando a legislação em vigor. Nesse momento, por exemplo, estamos discutindo uma modernização de procedimentos para a liberação de alvarás e Habite-se, ferramentas essenciais para o nosso setor. Temos encontrado uma grande disposição para o diálogo e para melhorar o que for possível, atendendo não apenas o incorporador, mas também o pequeno construtor. Também temos defendido uma atuação mais firme do GDF contra a ilegalidade tanto nas ocupações, quanto na construção e comercialização de imóveis no DF. Temos levado esse assunto ao governo do DF e a instâncias do judiciário. Essa é uma mazela que precisamos extirpar da nossa realidade.

 

Como o setor imobiliário pode contribuir para a retomada da economia do DF neste ano? Nossa contribuição mais importante é a geração de emprego e renda para a população. O setor da construção, e notadamente o imobiliário, é um empregador intensivo de mão de obra, desde o profissional de menor qualificação até aquele mais especializado. Cada empreendimento lançado significa centenas de novos postos de trabalho formais, com carteira assinada, e por um ciclo de anos, movimentando também toda a cadeia produtiva da construção. A entrega de um prédio novo exige ao menos três anos de trabalho, mantendo a empregabilidade no setor. Os lançamentos de 2019 alimentaram o mercado de trabalho em 2020 e os novos empreendimentos do ano passado manterão o mercado de trabalho aquecido em 2021. Isso é comida na mesa das pessoas e tributo nos cofres públicos.

 

Como tem sido tratada a questão da segurança dos trabalhadores da área durante a pandemia? Com muito zelo e responsabilidade. A Ademi-DF, em parceria com o Seconci-DF, o Sinduscon-DF e a Asbraco, tem mantido os empresários do setor mobilizados e atualizados em torno das melhores práticas de prevenção ao coronavírus. Fizemos isso já no início da pandemia, revendo a organização dos canteiros, o manejo das equipes, os turnos e o transporte dos funcionários. Fizemos um trabalho consistente e continuado de esclarecimento e estímulo às medidas de prevenção, distribuímos kits com máscaras e álcool em gel para os nossos trabalhadores e seus familiares. Atuamos em parceria e proximidade também com o sindicato dos trabalhadores do nosso setor, com quem fazemos reuniões periódicas, e temos atravessado esse período com todos os cuidados.

 

Como foi o diálogo com o governo local nesse período? O diálogo do setor imobiliário com o GDF tem sido franco, transparente e contínuo.

 

Desde o começo dessa crise sanitária, o governador Ibaneis Rocha demonstrou clareza de que a inclusão do nosso setor entre os essenciais teria um impacto positivo sobre a economia, ajudando na preservação e geração de empregos. Essa sempre foi a maior preocupação, evitar a demissão em massa de trabalhadores no DF. Temos conduzido uma agenda para melhorar o ambiente de negócios e o governo tem feito o que é possível para atender as demandas do mercado imobiliário. O GDF também acompanhou de perto as iniciativas que tomamos para melhorar os protocolos de segurança e saúde e nossas entidades colaboraram doando equipamentos de proteção e álcool em gel.

 

O BRB priorizou o financiamento imobiliário e fez alguns acenos também para empresas. Isso contribuiu? A atuação dos bancos públicos foi muito importante nesse período. O BRB, assim como a Caixa Econômica Federal, elegeu o mercado imobiliário como prioridade e demonstrou grande sensibilidade para o potencial e importância do nosso setor. As medidas de estímulo adotadas nessa pandemia, como a redução das taxas de juros para o financiamento imobiliário, o adiamento das parcelas e outras vantagens para o comprador assim como para o incorporador, tiveram grande importância para que as empresas pudessem manter suas atividades e reaquecer o mercado. O BRB foi um parceiro estratégico da Ademi-DF, participou do nosso salão imobiliário virtual e de outras iniciativas que tornaram possível conquistar um desempenho positivo no ano que passou. Penso que o comprador, aquela família que sonhava com a casa própria, foi o grande beneficiado por esse esforço.



Alexandre de Paula – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Ana Rayssa/CB/D.A.Press – Correio Braziliense



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