A pandemia, os impactos econômicos
e a mudança nos hábitos de consumo da população trouxeram grandes desafios e
importantes lições para os empresários, afirma o presidente da Abrasel e
vice-presidente do Sindhobar, Beto Pinheiro. Em entrevista ao jornalista Carlos
Alexandre, ontem, no CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV
Brasília, ele também falou sobre a participação da Abrasel-DF na elaboração de
legislações para o setor junto à Câmara Legislativa e sobre as perspectivas
para 2021. Confira os principais trechos a seguir.
Como o setor está enxergando este
janeiro? 2020 pegou o nosso setor em cheio. Ficamos quatro meses fechados,
trabalhando só com deliverys. Depois dessa reabertura, vamos retomando o
movimento e as nossas receitas. Estamos com vários agravantes neste momento.
Agora, em janeiro, aquelas possibilidades trabalhistas de redução de jornada e
suspensão de contrato acabaram — que foi o programa do governo federal. O
segundo ponto é esse repique das aglomerações que aconteceram no fim do ano.
Confraternizações que aconteceram em ambientes públicos e privados. Já
esperávamos que houvesse um aumento (em número de casos de covid-19). Eu
costumo dizer que, diante do tamanho desse desafio que estamos vivendo, tem que
minimizar os impactos. Esse tem sido o trabalho da Abrasel, do Sindhobar e
também do próprio governo.
O governador determinou que bares
e restaurantes fechassem às 23h. Como isso é avaliado? A nossa avaliação é
de que essa decisão foi para poder diminuir a aglomeração que estava
acontecendo em algumas empresas. Reconhecemos, mas também acreditamos que isso
acontecia na minoria. Temos, aproximadamente, 10 mil CNPJs no DF. Em quantas
casas estava acontecendo esse tipo de aglomeração? Pelo número que temos, a
maioria estava seguindo os protocolos sanitários. O DF Legal não tinha equipe
suficiente para fiscalizar todo o Distrito Federal. Lembrando que eles têm que
fiscalizar bares, restaurantes e todos os outros setores. As aglomerações podem
acontecer em outras empresas e no ambiente privado.
Quais foram as lições para o setor
em 2020? Infelizmente, aconteceram muitas demissões e muita utilização dos
recursos de suspensão de contratos. Preocupa-me a parte trabalhista e os
empréstimos que foram feitos pelos empresários. Muitos desses empréstimos
tiveram carência de seis meses que estão acabando agora. Então, imagine, uma
quantidade de funcionários que não podem suspender mais, com uma receita
reduzida e começar a pagar a parcela de um dinheiro que já foi usado.
Com a clientela reduzida e horário
também… Estamos em uma situação muito delicada para conduzir em 2021, porque
todos os problemas de 2020 persistem. Na verdade, a conta vai chegar agora para
o empresário. Ele tem que recontratar ou desligar os funcionários.
Quais são os objetivos da Abrasel
na Câmara Legislativa? Vamos levantar vários projetos de lei
que estão lá que atingem o nosso setor. Começamos agora e contratamos uma
assessoria especializada para ver todos os projetos que estão na Casa e nos
afetam. O papel da Abrasel é esse. Verificar os projetos de lei e conversar com
os relatores.
Temos alguns números para as
pessoas terem ideia da situação dos bares e restaurantes e como
isso se projeta para 2021? O setor demitiu bastante gente. Por
volta de 20% do quadro que tínhamos, cerca de 20 mil do total de 100 mil
trabalhadores. Além disso, tivemos mais de 2 mil CNPJs que deixaram de existir.
O universo era de 10 mil, é 20% a menos também.
Luana Patriolino - Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Correio Braziliense.