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À QUEIMA-ROUPA: Deputado Cláudio Abrantes (PDT)

Deputado Cláudio Abrantes (PDT). Presidente da Comissão de Assuntos Fundiários (CAF) da Câmara Legislativa

 

“Deve ter bastante repercussão o projeto do Setor Comercial Sul, com a inclusão de moradias nessa área, e ainda atendendo à inclusão social”

 

A questão fundiária no DF sempre desperta muita controvérsia. O que vem de polêmico sobre o tema no primeiro semestre na Câmara? Não apenas no DF, mas em todo lugar onde se queira tratar a questão fundiária de forma responsável, de forma a atender a sociedade com equilíbrio quanto à natureza e à qualidade de vida das pessoas, lidar com a questão fundiária sempre requer um trabalho extremamente minucioso, com vistas ao hoje e ao amanhã. Então, essa minha nova missão vem com a responsabilidade de organizar o DF do agora e do depois, com estudos, com projeções que abrangem aspectos sociais, econômicos, ambientais, de mobilidade, entre outros. Para este primeiro semestre, um dos projetos ligados à questão fundiária que mais devem chamar a atenção da sociedade do DF deve ser o PLC dos loteamentos fechados, que vai organizar a questão dos condomínios do DF. Essa discussão mexe muito com o futuro da cidade, uma vez que Brasília foi inicialmente concebida para não ter barreiras entre as moradias, a exemplo dos prédios da Asa Norte e Asa Sul. Mas a realidade dos condomínios, que já vem de décadas, é de uma cidade com muros, e altos, separando os espaços.

 

E no Plano Piloto? Também deve ter bastante repercussão o projeto do Setor Comercial Sul, com a inclusão de moradias nessa área, e ainda atendendo à inclusão social. Para completar, um tema importantíssimo e que mexe com diversas cidades do DF é a Luos. Embora tenha sido votada em 2018, a Luos ainda tem muitas brechas e situações pendentes a serem resolvidas. E vamos trabalhar forte em cima disso.

 

Quais são os pontos mais importantes do novo PDOT? O novo PDOT ainda está em elaboração. No entanto, posso adiantar que muitas cidades do DF precisam se modernizar. O espraiamento é um problema seríssimo para o poder público, dada a dificuldade de os equipamentos de cuidado para com o cidadão têm de acompanhar o crescimento horizontalizado das cidades. Em outras palavras, a verticalização, feita de forma correta, com estudos, reúne mais moradores em menos espaço, e isso faz com que o Estado esteja mais perto da população. Por exemplo, um edifício pequeno, de seis andares, com quatro apartamentos por andar, ocupa apenas o espaço de cerca de seis lotes e reúne 24 moradias. Então em uma quadra horizontal, só de casas, onde caberiam essas mesmas 24 moradias, pode haver mais de 90 famílias em edifícios pequenos. E isso traz várias vantagens, como por exemplo a área de cobertura de um posto de saúde, de uma escola, de uma delegacia, entre outros. Mas, claro, tudo feito sob os olhos atentos do poder público. Então vamos trabalhar com esse olhar cuidadoso, junto à população, ao meio ambiente e à personalidade urbana de nossa capital.

 

E no Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB)? Além de ser um desafio enorme, em função do título de Patrimônio Cultural da Humanidade, o PPCUB é uma exigência, uma cobrança da Unesco. Então, em parceria com o Poder Executivo e com a sociedade, vamos fazer um esforço muito grande para que o PPCUB saia do papel, como já deveria ter ocorrido há mais de dez anos. Cada cidade tem suas características próprias, formando essa nossa capital incrível. Então, como eu disse, modernizar é necessário, mas sem ferir nosso Conjunto Urbanístico. Desta forma, vamos trabalhar de modo a promover a ocupação ordenada dos lotes e projeções, disciplinado a ocupação urbana. Não podemos nunca nos esquecer da preservação da característica tipológica dos espaços que integram as escalas residencial, monumental, gregária e bucólica, garantindo que as edificações atuem como elementos de composição do plano urbanístico. O PPCUB prevê, e vamos lutar por diretrizes para projetos de desenvolvimento integrado para o turismo, lazer, cultura e educação voltados para a preservação do patrimônio cultural. E sem esquecer das áreas de entorno dos bens tombados, porque não basta olhar para o conjunto urbanístico e esquecer dos arredores desse conjunto. Então temos que garantir a preservação do bioma Cerrado e o uso racional dos recursos naturais. E tudo isso e muito mais alinhado aos diversos aspectos de cidadania, como uma rede viária eficiente, segura e que garanta a dignidade do morador da capital, e boa atuação dos serviços públicos.

 

Quais áreas devem ser regularizadas? Quando falamos de regularização, sempre vêm duas dimensões à mente, que são o real, já consolidado, e o ideal. Está aí o exemplo dos condomínios. Em praticamente todo o DF, há áreas que não têm outro jeito, a única opção é a regularização, até para que o Estado possa fazer a correta gestão do solo, do meio ambiente, à sua própria presença pelo bem e segurança do morador. Então, o ponto é o modelo de regularização que vai ser aplicado. É necessário, por exemplo, um amplo mapeamento para identificar os locais que devem ser transformados em Áreas de Regularização de Interesse Social (Aris). Para ilustrar, seria o caso de muitos assentamentos. Ao contrário do que possa parecer, a permanência desses lugares na total irregularidade traz prejuízos aos cofres públicos, e a CEB e a Caesb estão aí para provar isso, uma vez que os “gatos” são um grande transtorno. Temos, inclusive, duas leis de nossa autoria que promovem o fornecimento de água e luz a essas áreas em regularização, justamente para dar um fim a esse problema. Então, resumindo, para cada caso, deve ser dado um tratamento específico.

 

Você é favorável a intervenções no Plano Piloto? Depende da intervenção. O Plano Piloto é tombado, é um patrimônio da humanidade. Mas tem gente morando nele, trabalhando, utilizando-o 24 horas por dia. Então, qualquer intervenção deve ser muito bem estudada, analisada do ponto de vista do equilíbrio, do respeito ao patrimônio e do ganho que venha a trazer ao morador do DF. Depende da demanda da sociedade, da intervenção em si e de como será feita.

 

Como presidente da CAF, que medidas pretende adotar? Já estamos adotando medidas que venham a dinamizar os trabalhos da Comissão de Assuntos Fundiários, e uma delas é a proximidade, cada vez maior, com os órgãos gestores do solo no DF. Afinal, neste caso, o Legislativo e o Executivo estão trabalhando pelos mesmos objetivos, e não há razão para queda de braço. Desde o início do mandato, digo pela experiência que tive como líder do governo, dada a quantidade expressiva, recorde, de projetos úteis para a sociedade que aprovamos, tenho pregado essa união de forças. Neste ano, já estive na Terracap, na Seduh, estou agendado com o Ibram, e é assim que conduziremos nossos trabalhos. Nada de ficar esperando acontecer, ficar esperando projeto chegar, nós vamos atrás. Já estamos agendando novas visitas, não apenas do presidente, que é para não ficar nada parado. Então, eu quero que a CAF funcione assim, que saia da Câmara, que vá a campo, que vá aos órgãos, que seja dinâmica, produtiva e ágil.


Ana Maria Campos – Coluna “Eixo Capital” – Foto: Minervino Júnior/CB/D.A.Press - Correio Braziliense.



 


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