Alívio e inquietação
O avanço da vacinação contra a covid-19 traz um misto de alívio e de preocupação em todos nós. Conforta ver as imagens de idosos, grupos prioritários e profissionais recebendo a primeira dose da CoronaVac ou da “Vacina de Oxford”. Para muitos, se não a grande parte, é o sonho de voltar a ter uma vida normal, aquela existente antes de março do ano passado, em que podíamos fazer coisas simples, como nos reunirmos socialmente ou dar um abraço caloroso em uma pessoa querida quando ela tanto precisa.
Mas, ao mesmo tempo, com a vacinação, vem um
desassossego. Começa a ganhar corpo na sociedade a sensação de que a pandemia
está acabando. E, infelizmente, não é verdade. Falta muito para deixarmos de
lado as medidas de prevenção. É ainda importante lavar as mãos com frequência,
usar álcool em gel, estar sempre com a máscara em público. Todos sabemos de cor
e salteado como agir. E precisamos cobrar que o outro também o faça. Afinal, a
média móvel de mortes e novos casos está em alta no Distrito Federal em
comparação com 14 dias atrás. Há, também, a ameaça da nova cepa do Sars-Cov-2.
Não é momento de relaxar.
Causa inquietação, ainda, presenciar que os
primeiros dias do processo de vacinação dos idosos foram marcados por longas
filas e aglomerações. Sinal claro da falta de planejamento, uma característica
tão comum na prestação de serviços públicos. Se esses problemas ocorreram com
uma parcela de menor quantidade da população, como será quando chegar a vez de
imunizar, de forma universal, todos os adultos? O processo melhorou no decorrer
dos dias, mas fica de alerta para as autoridades. O que não precisamos neste
momento é de gente se acotovelando em unidades de saúde.
Por isso, é necessário pensar em alternativas. Se
vacinamos 3% da população até agora, é preciso ter um plano estruturado para
imunizar o grupo restante, que é 32 vezes maior. Não seria mais prudente
agendar o horário de vacinação de cada um, de acordo com a capacidade de
atendimento de cada unidade? Com a tecnologia, tudo pode ser feito por meio de
aplicativos. Rápido, ordeiro, eficaz, sem estresse. Todos sairiam ganhando.
Tanto a população quanto os profissionais de saúde.
Há a expectativa de que o processo de vacinação seja concluído, no DF,
até o fim de outubro, caso se confirme a quantidade de doses disponíveis. São
pouco mais de oito meses até lá. Passa rápido, mas é tempo suficiente para que
tudo seja feito sem sobressaltos. É o que se espera.
Roberto
Fonseca – Foto-Ilustração/Blog-Google - Correio Braziliense