O carnaval que sonhei para 2021
No carnaval que sonhei para 2021, tinha festa nas ruas. Os foliões se aglomeravam pelo Setor de Diversões Sul, batizado dessa forma justamente em homenagem à festa de Momo. A seriedade da semana de trabalho virando descontração, música e dança em meio ao concreto.
A Funarte ganhou bloquinhos paz e amor e no Parque da Cidade a Baratinha
desfilou sua tradição. O Pacotão tomou a W3 e o Divinas Tetas celebrou, mais uma
vez, a Tropicália. O Eixão fechou para ver o Raparigueiros passar sem violência
e o Eduardo e Mônica tocou as músicas mais famosas do rock da capital. Até o
Babydoll de Nylon resolveu dar o ar da graça, com o hit que gruda na mente.
“Você, você, você!”
Teve também abre-alas, baianas, mestre-sala e porta-bandeira desfilando na
Sapucaí. A verde-e-rosa reinou absoluta, com chuva de elogios de comentaristas
e jurados impressionados. As outras escolas também fizeram bonito, em um show
de cores e de protesto por mais igualdade social.
Teve camarote ocupado pelas
celebridades mais importantes do momento: médicos e enfermeiros pularam e
celebraram o fim da pandemia. Sob a benção de todos os santos, lavaram a alma
na Baía de Guanabara.
No sonho que sonhei para este ano,
teve viagem para a praia. Pé descalço, à beira-mar, sol a pino, água de coco.
Um guarda-sol e um bom livro para distrair depois de admirar a paisagem sem
pressa. Tudo no seu tempo.
Férias despreocupadas, saudade
fora do vocabulário e amor transbordando nos sorrisos descobertos, desvelados,
revelados. Nada de máscara de proteção. Nem de pano, nem de malha, N-95 ou
cirúrgica. Aliás, todo o vocabulário aprendido nos meses de pandemia estava
guardado na pasta do esquecimento da memória.
Havia vacina. Ah, muita vacina!
Estavam todos vacinados e aptos a um carnavalizar sem fim. Ir pra avenida,
celebrar a vida, ouvir batuque e repique, como cantaram os Tribalistas, do
fundo do corasamborim. O Olodum tocou no Pelô nesse sonho sonhado na noite
passada. Tirou a todos da solidão, nos deu a mão. E amanheceu e nada mudou. Continuei no sonho para
só despertar no próximo carnaval. 2022 que me aguarde!
Mariana Niederauer – Fotos/Ilustração: Blog-Google – Correio Braziliense.