O Governo do Distrito Federal segue monitorando o cenário da covid-19 em
todo o território distrital para a tomada de medidas preventivas, como a
restrição da circulação de pessoas nas ruas com o fechamento de parte do
comércio local. As decisões se baseiam, principalmente, após análise técnica
dos boletins epidemiológicos. Eles são produzidos a partir do cruzamento de
dados da rede pública e privada de saúde. Na semana passada, um sinal de alerta
foi dado: em 24 horas, foram registrados 1.068 novos casos. O que elevou o
índice de transmissibilidade de 0,89, na quinta-feira (25); para 1,08, na sexta
(26).
A sinalização fez o governo emitir novos decretos alterando a rotina nas
33 regiões administrativas. Medida, que espera-se refletir nos números de casos
registrados da doença, nos 15 próximos dias.
“Independentemente do valor, é a
variação e o aumento da taxa de transmissão do vírus que reflete nos leitos de
UTI. Hoje, 70% das regiões administrativas já têm taxas de transmissão acima de
1 e as outras estão bem próximas disso. Apesar das restrições, as medidas ainda
devem demorar uns 15 dias para surtirem efeito” (Cássio Peterka, diretor de
Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde)
Segundo o Boletim Técnico nº365, a reprodução da epidemia pode ser
medida pelo índice de transmissibilidade (Rt), cujo valor deve ser inferior a
1. “Se R(t) for menor que 1, a epidemia tende a acabar, para R(t) maior que 1,
a epidemia avança”, explica o texto emitido, às 17h desta terça-feira (2). O
número desde sexta-feira passada (26) se mantém estável em 1,08. Diferente dos
altos índices de março do ano passado, quando chegamos a registrar 3,10 e
medidas mais severas foram tomadas.
A taxa alta de ocupação de leitos nas Unidades de Terapia Intensiva
(UTIs), que na semana passada chegou a 98%, também preocupa o GDF. Entre
sexta-feira (26) e segunda-feira (1º/3), foram mobilizados 66 leitos de UTI e o
índice também caiu para 90%. De acordo com o diretor de Vigilância
Epidemiológica da Secretaria de Saúde, Cássio Peterka, a taxa de transmissão da
covid-19 está aumentando nos últimos dias. “Independentemente do valor, é a
variação e o aumento da taxa de transmissão do vírus que reflete nos leitos de
UTI. Hoje, 70% das regiões administrativas já têm taxas de transmissão acima de
1 e as outras estão bem próximas disso. Apesar das restrições, as medidas ainda
devem demorar uns 15 dias para surtirem efeito”, explica.
Peterka destaca que o reflexo das pessoas terem relaxado com relação às
recomendações de não aglomerar, usar máscaras e álcool em gel e respeitar o
distanciamento social reflete claramente na situação atual. Ele esclarece ainda
que não é uma nova variante, que aumenta os casos, mas sim, o aumento de casos
que podem resultar no surgimento de uma nova variante.
“As pessoas precisam entender que não podem abandonar as medidas de
prevenção, pois elas são as mesmas desde o início da pandemia. É extremamente
importante evitar aglomerações e manter os cuidados com a higiene, pois a
imunidade pela vacina ainda deve demorar”, frisa.
Medidas necessárias: Diante dos indicadores, taxa de transmissão do
vírus, número de ocupação de leitos e as aglomerações flagradas nos últimos
dias, o Distrito Federal decidiu adotar medidas que são extremas, mas, no
entanto, essenciais no atual cenário, conforme explica Joana D’Arc Gonçalves,
infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). A médica alerta que,
até o momento, não se tem um tratamento eficaz contra a covid-19, e o que se
tem é um conjunto de ações que ajudam a minimizar os danos associados ao vírus.
As restrições determinadas pelo governo são para conter a circulação do vírus.
“É uma ação tomada em diferentes países quando se tem um risco e ritmo
elevado de contágio, um potencial de propagação aumentado, que é o que estamos
vivendo no Brasil e no DF. As restrições mais rígidas são medidas eficazes para
diminuir de forma abrupta o número de infectados e o número de transmissores e,
com isso, temos um respiro com relação aos serviços de saúde”, destaca.
Segundo Joana D’Arc, quanto mais infectados, mais pessoas com a doença
podem ficar em estado grave. Enquanto os leitos de UTI estiverem ocupados, o
risco de ter mais óbitos é sempre alto. A infectologista informa que,
infelizmente, essa medida drástica é necessária por um período para
reorganização do sistema de saúde, realocação dos pacientes graves e
reestruturação temporária, pois é fundamental diminuir o número de casos
expostos neste momento para evitar um colapso do sistema de saúde.
Vacinação: O papel da vacina no organismo é estimular a produção de
anticorpos que são capazes de frear a infecção ou prevenir formas graves da
doença. O imunizante também pode ajudar a evitar hospitalizações sem a pessoa
passar pela história natural da doença, ou seja, todo o processo de infecção da
covid-19.
“A gente precisa que as pessoas
façam o distanciamento social, usem álcool em gel e máscara. Iremos vencer a
doença, mas precisamos vacinar de 70% a 80% da população para promover esse
equilíbrio e isso, infelizmente, ainda está distante. Então, este é o momento
da consciência individual” (Paulo Feitosa, chefe da unidade de Pneumologia do
Hran)
“A vacina também é essencial para frear a transmissão da doença, pois
através da vacina vamos interromper o ciclo de transmissão e o ritmo de
contágio será cada vez menor. Quanto mais pessoas vacinarem, menor a circulação
viral. Para ter a imunidade de rebanho é necessário ter 80% da população
vacinada. Ainda há um longo caminho a percorrer para termos essa imunidade de
rebanho”, informa Joana D’Arc.
O chefe da Unidade de Pneumologia do Hran, Paulo Feitosa alerta que a
covid-19 além de causar sequelas respiratórias, também atrapalha no controle
das doenças respiratórias. Segundo ele, esse é um momento muito delicado em que
há um aumento grande da doença e a sociedade precisa de muita consciência.
“A gente precisa que as pessoas façam o distanciamento social, usem álcool
em gel e máscara. Iremos vencer a doença, mas precisamos vacinar de 70% a 80%
da população para promover esse equilíbrio e isso, infelizmente, ainda está
distante. Então, este é o momento da consciência individual”, alerta.
As medidas restritivas são necessárias por um período para reorganização do sistema de saúde, realocação dos pacientes graves e reestruturação temporária, evitando um colapso
Fiscalização: As ações da
Vigilância Sanitária, em parceria com outros órgãos como o DF Legal, tem papel
fundamental na fiscalização do cumprimento das medidas impostas no Decreto Nº
41.849. Desde o início da pandemia, a Divisão de Vigilância Sanitária realiza
diversas fiscalizações individuais e em conjunto com outros órgãos
fiscalizadores.
Segundo levantamento divulgado
pelo DF Legal, até o dia 21 de fevereiro, a força-tarefa já fiscalizou 544.420
estabelecimentos; 24.994 foram fechados compulsoriamente; 1.962 interditados; e
663 multados por desobediência às medidas preventivas.
“Desde outubro do ano passado
muitas casas noturnas estão cheias. Muitas delas foram interditadas. Chegamos a
desinterditar na promessa de que iriam cumprir as medidas de enfrentamento e o
resultado foi aglomeração novamente. Infelizmente, desse jeito não dá”, afirma
o diretor substituto da Vigilância Sanitária, André Godoy.
Segundo ele, a ajuda de outros
órgãos fiscalizadores tem sido essencial. No entanto, o principal fiscal é o
cidadão consciente. “Não se trata de não pegar: trata-se de respeito aos mais
vulneráveis, de respeito aos trabalhadores dos serviços de saúde”.