A suspensão da decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1),
que determinava o lockdown no Distrito Federal, trouxe alívio para os empresários
e comerciantes, que podem continuar com as portas abertas, respeitando o
decreto de horário reduzido. A medida, no entanto, ainda gera insegurança
para o setor, que teme novas mudanças nos próximos dias.
Na manhã desta sexta-feira (9/4), o presidente do Superior Tribunal de
Justiça (STJ), Humberto Martins, acatou o pedido do Governo do Distrito Federal
(GDF) de manter os comércios abertos. O ministro entendeu que não cabe ao
Judiciário decidir sobre as medidas tomadas pelo Executivo local no combate
à pandemia e no reforço à economia.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF
(Sindivarejista-DF), Edson de Castro, contou que, durante a manhã desta sexta
(9/4), muitos comerciantes estavam apreensivos com a decisão da Justiça e,
mesmo com as portas abertas, as lojas estavam vazias. “Quando se fala em
lockdown, todo mundo fica apreensivo e as pessoas não saem de casa, não
compram. É como se tivesse matado parte da manhã”, disse.
Para ele, mesmo que a decisão seja favorável ao setor, os comerciantes
estão preocupados e temem novas mudanças nos próximos dias. “A preocupação
maior é em relação ao pagamento de impostos, de contas. Ano passado, usaram as
reservas e tiveram que gastar. Quando tiveram a oportunidade de recuperar, veio
o lockdown novamente e agora isso. Tudo isso está causando um desemprego
grande”, afirmou Edson.
O presidente do Sindivarejista destacou ainda que os empresários têm sentido medo de comprar novas mercadorias. “Não sabem se vão continuar abertos. Se comprar mercadoria, tem que vender. Agora, o problema maior é a incerteza”
Protocolos: Para o presidente do Instituto Fecomércio no DF, José
Aparecido da Costa Freire, é importante ressaltar que os comércios estão
cumprindo os protocolos estabelecidos pelo GDF para o funcionamento com horário
reduzido, conforme o decreto. “O governo não chegou e falou que podia abrir,
apresentou uma série de regras, que estão sendo cumpridas”, afirmou.
A favor do toque de recolher, José Aparecido avalia as decisões do GDF. “Surtiu
efeito positivo. Quando ocorreu o decreto, a taxa de transmissão estava em
1,38. Agora, chegou a 0,83. Com esses números, eu sou a favor do toque de
recolher, mas contra o fechamento dos comércios. Parabenizo o GDF pelo ato
rápido, gerando uma segurança jurídica para que os mercados funcionem
A reportagem percorreu o comércio do Guará 1 para saber como estava o
clima após a suspensão do lockdown no DF por parte do STJ. Uma das lojistas,
Domingas Silva Lima, 36 anos, gerente da loja Minamiss, criticou o clima de
indecisão com o funcionamento do setor.
"Estou há dois anos como funcionária aqui e posso dizer que essa
incerteza sobre como a gente trabalha gera muita insegurança porque a gente nem
pode fazer promoção direito, porque, às vezes, não sabemos quando podemos
receber as pessoas. A conta de luz e o aluguel estão atrasados em dois meses,
além de negociarmos frequentemente o valor com fornecedores. Tivemos que
mandar duas pessoas embora nesta pandemia, em julho de 2020 e em janeiro deste
ano", conta a comerciante.
Domingas cita a dificuldade para vender as roupas porque os clientes
ficam indecisos sobre se podem ou não entrar na loja. "A gente está
mexendo com venda on-line, porém está devagar nas compras. É uma coisa que
estamos iniciando agora no início do ano. Se a gente tivesse trabalhado com
isso há muito tempo, segurava boa parte do prejuízo. As clientes ainda gostam
da experiência de poder visitar a loja e experimentar as roupas",
acrescenta.