A criação da Universidade do
Distrito Federal (UnDF) foi aprovada, nesta quarta-feira (23), em primeiro e
segundo turnos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Sonhado desde
o início da criação da capital, na década de 1960, o Projeto de Lei
Complementar nº 34 do Poder Executivo para a construção da instituição pública
de ensino superior chegou à CLDF no ano passado e é considerado um marco
histórico para a educação de Brasília.
O DF era uma das quatro unidades federativas do Brasil que não possuíam uma universidade estadual, ou melhor, distrital. O investimento para este ano está orçado em R$ 4,6 milhões, mas o valor é progressivo e pode aumentar de acordo com a quantidade de cursos ofertados pela universidade distrital.
Para a diretora executiva da Fundação Universidade Aberta do DF (Funab)
– instituição mantenedora do ensino superior da capital – , Simone Beck, a
criação da UnDF trará impactos positivos para a educação. “A expectativa é
contribuir para a elevação de matrícula no ensino superior, que amplie a
proporção de mestres e doutores e agregue esforços à formação de profissionais
da educação básica pública”, ressalta.
“O governo está fazendo um grande
investimento para que, finalmente, o DF tenha seu protagonismo no ensino
superior nacional” (Simone Beck, diretora executiva da Funab)
Simone Beck lembra que cerca de 75% da população de alta renda familiar
detém ensino superior completo, enquanto menos de 10% das pessoas de baixa
renda possuem o mesmo nível de educação formal. “São cerca de 124 mil jovens,
entre 15 e 19 anos, que não estudam e/ou trabalham. O governo está fazendo um
grande investimento para que, finalmente, o DF tenha seu protagonismo no ensino
superior nacional”, reforça.
O secretário de Educação, Leandro Cruz, salienta a importância da
universidade. “Eu defendo muito enfaticamente a educação pública, gratuita e de
qualidade. A criação da universidade distrital, que é um sonho antigo da
cidade, amplia o atendimento aos estudantes, abre possibilidade de o Estado
oferecer ao cidadão formação até o nível superior. Temos que comemorar, é um
dia histórico”, comemora.
Educação superior: Em toda a Região Integrada de Desenvolvimento do
DF e Entorno (Ride-DF), a oferta do ensino superior está concentrada em 88 instituições
acadêmicas, sendo que 72 têm sede no DF (cinco públicas e 67 privadas) e outras
16 estão espalhadas pelos demais municípios que integram a Ride, todas
privadas. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), referentes aos Censos da Educação Superior
(CenSup), de 2010 a 2019.
40%: Das vagas da UnDF serão para alunos que concluíram a educação básica
integralmente na rede pública
Nesse grupo há apenas duas universidades: a Universidade de Brasília
(UnB), pública e federal, e a Universidade Católica de Brasília (UCB), privada
sem fins lucrativos – o que significa que a maior parte das instituições de
ensino superior da região são unidades não-universitárias privadas.
O ingresso na universidade distrital deve ser nos moldes da Escola
Superior de Ciências da Saúde (Escs) e da Escola Superior de Gestão (ESG), já
que ambas serão integradas ao campus. Ou seja, 40% das vagas da nova
universidade serão destinadas a alunos que concluíram a educação básica
integralmente na rede pública. A cota racial, prevista na Lei Distrital nº
3788/2006, também será atendida.
Segundo a diretora executiva da Funab, outras possibilidades de admissão
são por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção
Unificada (Sisu) do governo federal. “São meios que a Universidade de Brasília
[UnB], por exemplo, tem utilizado com maestria”, afirma Simone Beck.
Apesar de o número de novas vagas
ainda não estar definido, o modelo de gestão proposto para a UnDF é de
independência
Estrutura: Apesar de o número de novas vagas ainda não estar
definido, o modelo de gestão proposto para a UnDF é de independência. A unidade
de ensino superior será autônoma para firmar acordos e convênios com o sistema
federal, aderindo inclusive às políticas federais de incentivo. Haverá também
liberdade para que a universidade busque apoio internacional, de acordo com a
conveniência e oportunidade.
Com relação à construção da estrutura física, um dos espaços que estão
sendo avaliados é o do Parque Tecnológico de Brasília (BioTIC), localizado na
Granja do Torto. Porém, a instituição não deve se limitar a essa região.
“Queremos chegar onde a população é mais carente. Há vários espaços em
Ceilândia, Santa Maria, na região norte, por exemplo. Inclusive, estamos
autorizados a ofertar a modalidade a distância”, informa a diretora-executiva
da Funab.
Os futuros estudantes poderão optar por cursar as áreas das ciências da
saúde e humanas, cidadania e meio ambiente; gestão governamental de políticas
públicas e de serviços; educação e magistério; letras, artes e línguas
estrangeiras modernas; ciências da natureza e matemática; educação física e
esportes; segurança pública e defesa social; engenharia e áreas tecnológicas de
setores produtivos e arquitetura e urbanismo.