Mesmo com a diminuição da média móvel dos casos
de covid-19, o Distrito Federal pode sofrer novamente com aumento no número de
infecções pela doença. Isso porque a taxa de transmissão do novo coronavírus
chegou ao patamar de 1,01. Simbolizado por Rt, o ritmo de contágio é um índice
que traduz o potencial de propagação de um vírus: quando ele é superior a 1,
cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa e a doença avança.
O pesquisador Breno Adaid, do Departamento de
Ciência do Comportamento da Universidade de Brasília (UnB) acompanha
diariamente a evolução do novo coronavírus na capital. Ele explica que o
aumento da taxa de transmissão era esperado tanto pelo descumprimento de
medidas sanitárias quanto pela queda das temperaturas nesta época do ano.
“Tivemos um aumento das aglomerações, e as temperaturas mais baixas fazem as
pessoas adotarem o comportamento de ficar em locais fechados sem troca de ar”,
destaca.
Adaid faz um alerta para o comportamento da
população, visando à tendência da taxa de transmissão que pode aumentar nos
próximos dias. “Se continuarmos com o relaxamento das medidas restritivas, com
a queda de temperaturas, é provável que essa taxa suba”, diz. “A taxa de
contágio ficou consideravelmente abaixo de 1 durante o fechamento completo do
comércio, e se manteve ligeiramente abaixo de 1 com restrições moderadas quando
existia o toque de recolher, após as 22h”, relata o pesquisador.
Para o médico infectologista Alexandre Cunha, do
Grupo Sabin, o aumento era esperado, também, por causa do baixo índice da
população vacinada. “Enquanto a gente não tiver um percentual significativo da
população imunizada e as pessoas cada vez mais estiverem voltando às suas
atividades eventuais, a taxa de transmissão continuará crescendo”, ressalta.
A reportagem questionou a Secretaria de Saúde sobre
a taxa de transmissão, mas a pasta não respondeu até o fechamento desta edição
Ampliação: Durante a inauguração do Renova-DF em Samambaia, ontem, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), falou sobre a possibilidade do envio de novas doses de vacinas para a capital e a ampliação da faixa etária na campanha. “Se chegarem mais vacinas, podemos baixar para 56 e 57 anos. Estamos trabalhando com a expectativa de chegada de mais vacinas até a próxima semana para diminuir a idade do público-alvo. Mas devemos ficar essa semana com a faixa de 58”, afirmou. O Correio questionou o Ministério da Saúde sobre o envio de novas doses ao DF, mas não teve retorno.