Após cinco meses do início da
vacinação contra a covid-19, o Distrito Federal atingiu, ontem, a marca de um
milhão de pessoas imunizadas com, pelo menos, a primeira dose (D1). No total,
1.005.782 D1 foram aplicadas, marca que representa 33,47% da população total da
capital federal — estimada em 3 milhões pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Para o Executivo local, há a expectativa de se avançar
mais rapidamente nos próximos meses.
Ontem, um voo com 32.760 doses de
vacinas da Pfizer chegou a Brasília para a primeira aplicação. Com isso,
ampliação da campanha para o público de 44 anos na capital foi anunciada pelo
governador Ibaneis Rocha (MDB). O agendamento para esse grupo começa hoje, a
partir das 9h.
Para a secretária-adjunta de
Assistência à Saúde, Raquel Bevilaqua, a marca de um milhão é significativa, e
os resultados são perceptíveis. “Atingimos muitos idosos e quase todo mundo dos
primeiros grupos prioritários. Assim, vimos que, nos últimos meses, o perfil
dos pacientes mudou. Os idosos, por exemplo, saíram das UTIs (unidades de
terapia intensiva), graças, também, à imunização. Ou seja, vemos que tem um
impacto bem positivo”, destaca.
Em retrospectiva, Raquel Bevilaqua
considera que o DF aprimorou a forma de atendimento ao longo da campanha.
“Sempre agimos de maneira muito planejada, mas tivemos alguns obstáculos. A
ideia do agendamento, por exemplo, foi uma medida acertada para acabar com as
filas de usuários, que chegaram a ser registradas no primeiro momento da
vacinação”, diz. Para os próximos meses, ela adianta que o governo está otimista.
“Temos a previsão de receber cerca de 250 mil doses para D2 em julho e, com
certeza, nesse lote, virá doses para D1. Assim, esperamos avançar rapidamente
nas faixas etárias”, completa.
De acordo com o último balanço da
secretaria, das pessoas vacinadas com a D1, 344.171 receberam a D2 e 15.881, a
Janssen, imunizante de dose única. Ontem, houve 14.349 atendimentos, sendo
13.942 para a primeira aplicação, 2.960 para o reforço e 117 de dose única.
Grupos: De acordo com o
balanço do GDF, um dos grupos que mais vacinou com a D1 foi o de pessoas entre
46 e 59 anos, com 222.564 atendimentos. Antes, aparecem os idosos, com 60 anos
ou mais, que somam 348.047. Abaixo dos dois, comorbidades — categoria com
193.086 aplicações. Em seguida, aparecem os trabalhadores da saúde, em que
158.617 receberam a primeira dose.
A oficial de Justiça Cirley Neiva,
53 anos, conseguiu se vacinar pela idade no DF. Ela recebeu a primeira dose da
AstraZeneca em junho e conta que se sentiu aliviada. “Estava muito ansiosa,
porque trabalho na rua e tinha muito medo de pegar a doença. A única salvação,
no momento, é a vacina. Tanto para nos protegermos quanto para protegermos os
demais, pois podemos ser vetores do vírus”, considera. Moradora do Lago Norte,
ela afirma que tem amigos próximos que não veem a hora de serem contemplados
pela campanha. “Estão só esperando chegar a vez deles”, completa.
O atual público-alvo, por idade,
da campanha é composto por pessoas a partir de 46 anos. Na última quinta-feira,
a Secretaria de Saúde disponibilizou 46,5 mil vagas para esse grupo agendar o
atendimento. Basta acessar o site: vacina.saude.df.gov.br e escolher a data, o
local e a hora da vacinação.
Apesar da marca de um milhão de
vacinados com a D1, a infectologista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran)
Ana Helena Germoglio alerta para a importância da segunda dose a fim de
completar a imunização. “A vacina é a única prevenção que temos. A intenção
deve ser conseguir vacinar o maior número de pessoas em um curto espaço de
tempo”, frisa. Para ela, não é o momento de relaxar ou pensar que a pandemia
está sob controle.
A especialista destaca que a
vacina é uma das frentes de prevenção, mas que, enquanto o novo coronavírus
estiver em circulação, é preciso seguir as medidas sanitárias como o uso de
máscaras, álcool em gel e distanciamento social. “Só podemos considerar as
pessoas realmente imunizadas após a segunda dose e, mesmo quem tem as duas
doses ou já teve covid, precisa continuar se cuidando e, principalmente,
mantendo o distanciamento”, ressalta.
Validade vencida: Ontem, o
jornal Folha de São Paulo divulgou dados do Ministério da Saúde que mostram que
houve a aplicação de 26 mil doses da vacina AstraZeneca fora da validade no
Brasil. Dessas, 77 foram administradas no DF, sendo 16 na UBS 3 do Gama; 13 na
UBS 1 da Asa Sul; 12 na UBS 2 da Asa Norte; sete na UBS 7 do Gama; quatro na
UBS 1 do Gama, na UBS 2 do Riacho Fundo 2 e na UBS 2 do Cruzeiro; três na UBS 5
do Gama e na UBS 2 de Sobradinho; duas na UBS 1 de Santa Maria; na UBS 5 de
Ceilândia e na UBS 1 de Sobradinho; e uma dose nas seguintes unidades: Hospital
Universitário de Brasília, UBS 1 de Taguatinga; UBS 7 de Ceilândia; UBS 1 de
Brazlândia e na Policlínica do Lago Sul.
Procurada, a Secretaria de Saúde
afirmou que nenhuma dose foi aplicada fora do prazo de validade na capital
federal e informou que os dados podem ser um erro de quem atualiza o sistema.
“Ocorre que nem sempre a vacina aplicada é registrada no sistema do Ministério
da Saúde na mesma data em que foi administrada no paciente. Caso o digitador
não altere essa data de aplicação na hora de fazer o registro no sistema,
corre-se o risco de a vacina ser registrada como uma aplicação fora do prazo de
validade”, defendeu, por meio de nota. A pasta garantiu que se atenta aos
prazos de vencimento dos imunizantes.