O avanço da vacinação contra a covid-19 fez despencar as estatísticas da doença
em muitos países ao longo dos últimos meses, o que confirma a eficácia da
imunização. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos e no Reino Unido — para
citar alguns dos que mais avançaram na aplicação das doses. Nos Estados Unidos,
quando a vacinação foi iniciada, no fim do ano passado, o país registrava mais
de 250 mil contaminados e 3 mil mortes por dia. No início de julho, com metade
da população imunizada, esses números caíram para 20 mil casos e cerca de 300
óbitos diários. As curvas da doença também apresentaram comportamento parecido
no Reino Unido. À medida que a vacinação progrediu, caiu significativamente o
número de casos.
Mas há uma nuvem pesada de preocupação pairando no
ar nesses e em outros países, e é importante que as autoridades sanitárias do
Brasil fiquem muito atentas ao que acontece por lá, para que erros não sejam
repetidos. O que chama a atenção nesses dois exemplos é a disseminação da
doença nas últimas semanas, mesmo com boa parte da população vacinada. O Reino
Unido, que em maio havia baixado seus números para 2 mil casos de covid-19 por
dia, voltou a apresentar dados preocupantes. Em meados deste mês, chegou a
registrar média de 40 mil contaminados diários.
Ao que tudo indica, a aceleração da doença tem
relação com a presença da variante Delta, agravada pelo relaxamento nas medidas
sanitárias, como uso de máscaras e o isolamento social. Basta lembrar os torneios
de futebol realizados nas últimas semanas, que lotaram estádios e ruas em
Londres. Nos Estados Unidos, onde há doses suficientes para a imunização de
todos os cidadãos, o aumento de casos também é motivo de preocupação. Nos
últimos 30 dias, a média passou de 11 mil novos casos para 40 mil. O assessor
médico da Casa Branca, Anthony Fauci. disse no domingo que as autoridades
sanitárias cogitam voltar a exigir que as pessoas vacinadas usem máscara —
obrigatoriedade que acabou em maio.
O que acontece nos EUA e no Reino Unido deixa dois
ensinamentos para o Brasil e para países que ainda estão longe de atingir a
metade da população totalmente vacinada. O primeiro é que está confirmado que a
imunização é fundamental para conter o avanço da covid-19. O segundo é que, por
enquanto, manter as medidas de proteção sanitária tem se revelado tão
importante quanto receber as doses dos imunizantes. Se não aprendermos com
eles, corremos o risco de adiar, mais uma vez, o fim da pandemia e o retorno à
vida normal.