A fisioterapeuta rotineira da UTI Covid-19, Lara
Rocha, explica que os resultados tem sido satisfatórios para a reabilitação
motora e muscular de pacientes. “Os exercícios físicos reduzem o número de dias
de ventilação mecânica dos indivíduos e diminuem o delirium, que é a perda de
consciência, atenção e comprometimento cognitivo. Eles também reduzem a
fraqueza muscular e os pacientes recebem alta para casa mais rápido”, garante a
profissional.
As atividades são feitas com indivíduos com boa
estabilidade motora, ausência de fraturas e com baixo uso de drogas vasoativas
(utilizadas como sedativos) e de bloqueadores neuromusculares (que interrompem
a transmissão neuromuscular de impulsos nervosos).
Para os casos mais graves, em pacientes sedados, é
garantido o tratamento por eletroestimuladores neuromusculares, aparelhos que
fortalecem os músculos por meio de leves choques elétricos. Os fisioterapeutas
dispõem ainda de um dispositivo de treino muscular respiratório, utilizado para
melhorar a capacidade respiratória dos pacientes por meio da compressão e
relaxamento dos pulmões, com o lançamento de ar via oral nos
pacientes.
Tanto os de treino muscular quanto os
eletroestimuladores foram cedidos ao HB pela Fundação de Ensino e Pesquisa em
Ciências da Saúde (Fepecs) para a realização de uma pesquisa sobre a
reabilitação precoce.
Reabilitação: Após 48 dias internada por causa
da covid-19, Andréia Cristina Maria de Andrade, de 44 anos, finalmente
conseguiu dar os primeiros passos, na segunda-feira (5/7), com o auxílio de
profissionais de saúde e de um andador. A cena, registrada em vídeo, é
completamente diferente daquela de quando a operadora de caixa chegou à UTI
Covid-19, em 12 de junho, intubada e com mais de 80% dos pulmões
comprometidos.
Desde a chegada de Andréia, os fisioterapeutas
iniciaram uma árdua jornada que compreendia diversas atividades para estimular
os músculos da paciente, todos os dias da semana, três vezes por dia. “Ver essa
cena traz uma sensação de dever cumprido e de que estamos contribuindo para o
retorno seguro dos pacientes, por meio da atuação de uma equipe extremamente
competente e empenhada”, descreve Lara.
Cada vez mais perto de receber alta da unidade,
Andreia só tem a agradecer. “Não sei expressar em palavras o quanto sou grata
por estar viva”, disse. Aos poucos, o medo vivenciado no dia da intubação da
paciente é substituído pela emoção de retornar à vida normal. “A primeira coisa
que pensei ao acordar foi: estou viva”, contou. A paciente já tem planos do que
fazer quando sair do hospital. “É dar um abraço bem forte na minha família”,
conta, com um sorriso no rosto.
O marido Ricardo Marques dos Santos, de 50 anos,
também está ansioso pelo encontro, assim como as enteadas Ana Julia Andrade, de
14 anos e Caroline Andrade, de 25 anos. O tecnólogo em gestão financeira
acompanhou de perto o sofrimento da esposa, que recebeu o diagnóstico positivo
para covid-19 em 18 de maio. Ele não chegou a se contaminar com o
vírus.
“Desde então ela começou a piorar e no mesmo dia a
levei para o Hospital Regional do Gama, na região da nossa casa”. Sem vaga na
unidade, o casal se deslocou para o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM),
onde Andréia ficou até 24 de maio, até ser transferida para o Hospital de
Ceilândia, local em que foi intubada.
“O quadro de saúde dela continuou a piorar e a
equipe do hospital decidiu transferi-la para o Hospital Base”, conta Ricardo.
“Foi lá que ela começou a melhorar e de onde vai sair com mais saúde e
vencedora da luta contra a covid-19”, disse orgulhoso.