O Lago volta a vibrar
A recém-reinaugurada Concha Acústica e o Museu de Arte de Brasília (MAB) levam
turistas e moradores da capital fedral a desfrutar beleza da Orla do Paranoá. O
aumento do movimento de brasilienses no espaço incentivou a criação de
programações culturais
Com mais de 110 quilômetros de extensão, o Lago
Paranoá tornou-se, nos últimos anos, um dos locais favoritos de brasilienses e
turistas na capital federal. Por suas águas, é possível navegar, refrescar-se e
praticar diversas atividades esportivas. Na orla, pode-se desfrutar de uma
ampla variedade de bares e restaurantes com vista para o espelho d’água. Com a
reinauguração da Concha Acústica, no último dia 19, e a criação de novas
programações culturais, a região ganhou ainda mais a atenção da população, que
tem redescoberto esse espaço como um destino cultural e de lazer.
Localizada às margens do lago, a Concha Acústica foi projetada por Oscar
Niemeyer e inaugurada oficialmente em 1969. O monumento ficou conhecido como o
primeiro grande palco da cidade, destinado a espetáculos ao ar livre. Após anos
abandonado, o espaço voltou a fazer parte do cenário cultural do DF. Isso
porque a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) executou uma reforma
de manutenção no valor de R$ 422 mil, com o intuito de fomentar atividades na
área, que recebe moradores da capital e turistas que ficam hospedados no Setor
de Hotéis e Turismo Norte, principalmente. Agora, o espaço conta com uma
diversidade de equipamentos e estabelecimentos nas redondezas que
contribuem para o setor cultural e turístico da orla.
Para os jovens brasilienses, parece ser impossível visitar o local e não
colocar os pés na água do Lago Paranoá. Já os idosos aproveitam a passarela
para caminhar com os pets, enquanto crianças curtem um piquenique em família.
Quem deseja viver experiências gastronômicas ou culturais também pode recorrer
aos restaurantes e ao Museu de Arte de Brasília (MAB), localizado próximo ao
local. O fato é que, quando se trata de lazer, as opções são diversas para quem
vai até a Concha Acústica ou Orla do Lago.
O militar Jacson Douglas de Nascimento Silva, 40 anos, e sua esposa Demétria
Maria Amélia Lima Torres da Silva, 40, esteticista, têm a orla e a Concha como
uns dos locais favoritos de Brasília. Eles contam que deixaram João Pessoa há
cerca de um ano para construir a vida na capital federal. Moradores da Vila
Planalto, eles explicam que o pôr do sol da visto do lago traz lembranças de
casa. “Sempre tivemos o costume de apreciar o conhecido pôr do sol do Jacaré,
em João Pessoa. É uma praia bem famosa e não existe nada igual. Mas quando
viemos para a orla pela primeira vez, nos encantamos”, diz Jacson.
Frequentador assíduo da região, o militar estadual diz que conheceu o espaço
com amigos. “Tentamos vir quase todos os dias pela manhã, para caminhar. No fim
do dia, costumamos vir umas duas vezes para aproveitar”, pontua. Para o casal,
o programa é uma boa pedida em tempos de pandemia: “Todo mundo ficou em casa, e
as pessoas começaram a visualizar outras formas de entretenimento. Aí várias
pessoas começaram a valorizar esses espaços, a ter um olhar voltado para a
beleza da natureza. Então é a chance de aproveitar as oportunidades que
Brasília e a Concha Acústica nos dão”, diz. (Orla do Lago é um dos destinos de
lazer favorito de brasilienses e turistas)
Para Marcelo, dois fatores contribuem para a participação ativa da comunidade
nos centros culturais. “O primeiro é o fator espontâneo. As pessoas começaram a
se apropriar do Lago Paranoá e começaram a procurar alternativas de lazer no
local. Foi um movimento natural da comunidade”, defende. Além disso, Marcelo
explica que requalificar o espaço fez com que mais pessoas fossem atraídas.
Segundo o gerente, o plano é continuar fomentando a visita de turistas. “A
reabertura dos espaços tem sido fundamental para atrair pessoas de fora de
Brasília e que não conheciam. Para quem mora na cidade, é uma oportunidade de
relembrar esses locais. Eles receberam investimentos ao longo dos anos, e agora
é possível ver esse resultado”, pontua. Além disso, o gerente diz que há o
planejamento de uma nova programação. “Em relação à Concha, estamos fazendo um
festival de filmes, e há uma demanda de agentes culturais para utilizar o
espaço. Já o MAB terá novas exposições nos próximos dias com peças do próprio
acervo”, complementa. (Concha Acústica foi reinaugurada recentemente e
exibe festival de filmes)
De acordo com Ilka, a procura pelos espaços públicos aumentou. “Eles começaram
a ser reconhecidos e valorizados. A gente sente que a população se apropriou
desses espaços, que quanto mais são usados, mais são cuidados. É um tipo de
investimento que todo mundo sai ganhando”, garante. Segundo a administradora, o
projeto incentiva a democratização das áreas públicas que mesclam esporte,
lazer, cultura, turismo e sustentabilidade. “Brasília é conhecida como cidade
parque, e não é à toa. Na Orla da Concha Acústica, por exemplo, há uma grande
área verde, cercada por dois monumentos, um cultural e outro tipicamente
turístico. Então, tudo é possível”, diz.
A recepcionista Jéssica Karen Alves dos Santos, 24, e a brigadista Jaqueline
Barbosa dos Santos, 30, começaram a trabalhar na Concha Acústica há cerca de
duas semanas e explicam que, nos últimos dias, a movimentação no espaço tem
crescido. “É legal ver as pessoas que ficaram em casa por muito tempo saindo
para assistir um cinema ao ar livre”, comenta Jéssica.
A dupla de amigas também tenta se divertir como dá. Desde que começaram os
trabalhos, passaram a frequentar o local com mais assiduidade, antes mesmo de
iniciarem o expediente. Para isso, elas chegam mais cedo, todos os dias, para
contemplar a vista do lago e curtir os locais de lazer que a orla proporciona.
“Quando dá tempo, a gente tenta aproveitar. Chegamos a tempo de ver o pôr do
sol. Está muito quente nos últimos dias, então aproveitamos para refrescar”,
conta Jaqueline. ( Jéssica e Jaqueline trabalham na Concha Acústica e desfrutam
do local)
Concha Acústica • Funcionamento: das 9h às 18h, todos
os dias. Visita gratuita, não é necessário agendamento. É permitido ingressar
com animais domésticos. Para mais informações: 3325-6227 - Festival de filmes • 1 de setembro (Brasília), 20h
Hollywood no Cerrado • 2 de setembro (arte e literatura), 20h Lisbela e o
Prisioneiro • 3 de setembro (Brasília), 20h Catadores de História • 4
de setembro (infantil), 18h Anima Brasília — Desenhos animados feitos em
Brasília • 4 de setembro (Brasília), 21h Pra Ficar de Boa • 4 de
setembro (infantil), 18h Seleção Festivalzinho Infantil • 5 de setembro
(Brasília), 21h Faroeste Caboclo
Museu de Arte de Brasília (MAB): • Funcionamento:
todos os dias, (exceto terça-feira), das 9h às 21h. Visita gratuita, não é
necessário agendamento. Para mais informações: 3306-1375 - Oficinas gratuitas • 4 de setembro: Fundamentos da
Linguagem Visual • 11 de setembro: Corpo e Movimento• 18 de setembro:
História da Arte Antiga • 25 de setembro: História da Arte Moderna