No CB.Poder — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília —, a secretária de Desenvolvimento Social e primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha, falou sobre a ampliação do programa Prato Cheio para mais 30 mil famílias, no próximo mês, e sobre programas de apoio à população em situação de rua e de vulnerabilidade social. A secretária comentou a notícia de que o DF registrou o maior aumento de pobreza do país. “Não é que aqui existe a maior pobreza. Aqui existe a maior distinção entre ricos e pobres”, analisou, ontem, durante entrevista ao jornalista Carlos Alexandre de Souza.
Como a Secretaria de Desenvolvimento Social está enfrentando a pobreza no DF? Há uma grande miserabilidade que envolve o nosso país. A vontade do gestor é de resolver isso. Mas não se resolve o problema da pobreza, você ameniza os impactos e os sofrimentos de quem vive em uma situação de vulnerabilidade. A desigualdade no DF é histórica, e algumas pessoas se apegam como se fosse algo que surgiu agora. Muitos moradores que vivem no Lago Sul, por exemplo, têm uma renda per capita de aproximadamente R$ 7 mil. Há 15 km de lá, temos a Estrutural, com uma média de remuneração em torno de R$ 500. Então, muita gente interpretou que, de uma forma, existe uma maior pobreza no Distrito Federal, se comparado ao resto do país. Não é que aqui existe a maior pobreza, aqui existe a maior distinção entre ricos e pobres.
Qual o apoio a Sedes tem prestado à população em situação de rua
do DF durante a pandemia? Das 2.310 pessoas em situação de rua,
estamos acolhendo, neste momento, 1.922. Hoje, temos 121 vagas disponíveis nas
nossas casas de passagem. Muitas dessas pessoas, que estão indo para a rua, não
necessariamente são pessoas que nasceram na pobreza. São jovens que vieram de
classe média, classe alta, que por algum momento da vida passam por problemas
emocionais, por exemplo. É a necessidade financeira acoplada à vulnerabilidade
social também.
Houve um reforço de servidores para a secretaria. Como foi essa
evolução? Nessa gestão, que está há pouco mais de um ano, já
conseguimos aumentar em 40% o quadro de servidores da Secretaria. Então, é uma
porcentagem muito significativa. Houve um aumento de 400 servidores na rede que
cuida da política de assistência social. É preciso que haja mais contratações,
com certeza. Mas é preciso, também, que haja muito comprometimento por parte
desses novos servidores que estão entrando. Porque o serviço público já nos
leva a crer que é preciso que haja um amor muito maior pelo que você está se
prestando a fazer. E o cenário da pandemia trouxe mais à tona essa necessidade.
Há novidades em relação aos benefícios do Cartão Prato
Cheio? Estamos com 38 mil famílias sendo atendidas pelo Cartão
Prato Cheio. Além de dar dignidade e poder de escolher a essas famílias, que
vão se dirigir ao mercado local para fazer suas compras, também volta como
tributo para o governo. Em contrapartida, volta como uma prestação de serviço
para a sociedade. Então, é um programa muito completo, que veio em um momento
necessário, que é na pandemia. A gente não tinha nem a celeridade para entregar
cesta básica. Quando eu assumi a gestão, tinham 12 mil pessoas esperando uma
cesta básica e 8 mil aguardando atendimento para solicitar uma cesta básica.
Naquele momento, só tinha conhecimento daquela cesta básica quem realmente
estava passando pela fome.
Como a Sedes pretende apoiar a população carente com a alta da
tarifa extra da conta de luz e o aumento no preço da gasolina? O Cartão Gás é
uma forma de diminuir essa crise? Essa demanda chegou para mim no
seguinte ponto: as pessoas recebem a cesta básica, na maioria das vezes
proveniente de doação, e não têm como cozinhar. E veio a discussão à tona. Eis
que surge o Cartão Gás. (São) 70 mil famílias beneficiadas. O cartão vai ser
creditado (R$ 100) no final de setembro. Também no próximo mês, novas pessoas
entraram no cartão Prato Cheio, em torno de 30 mil famílias. Ou seja, o impacto
que o Governo do Distrito Federal no social é muito importante, se você for
falar de pessoas beneficiadas.
O primeiro mandato está perto do fim. Como a senhora pretende
chegar em 2022? Não sei se quero me manter ou sair da Secretaria de
Desenvolvimento Social. O futuro a Deus pertence. Mas quero poder chegar ao
final deste mandato e ter dado luz para a pasta. Mostrar quais são as
responsabilidades dos gestores. Mas tem duas pautas que eu quero sair com a
sensação de dever cumprido, que é esclarecer a população sobre acolhimento e o
Cartão Prato Cheio. São os meus dois pilares dentro da Secretaria.