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Paixão sobre rodas: Festival reúne cerca de 150 veículos para exposição neste fim de semana

João Coqueiro é o organizador do evento e destaca que a história do automobilismo no Brasil se confunde com a do Distrito Federal. Paixão sobre rodas Festival reúne cerca de 150 veículos clássicos para exposição neste fim de semana. Amantes de carros e motos poderão ver de perto verdadeiras joias automotivas

 

Apaixonados por carros e motos do Distrito Federal têm uma parada obrigatória neste fim de semana. Com a expectativa de apresentar 150 veículos clássicos, o Festival Brasília Sobre Rodas promete reunir, no Jardim Botânico, gerações e tribos dos aficionados por carros e motocicletas, além do público em geral. Na avaliação do organizador do evento, João Coqueiro, o Festival é uma ótima opção de programação em famílias. “Aqui será um local para os avôs trazerem seus netos e contarem as histórias que viveram na juventude”, destaca.

 

“Pretendemos trazer esse fomento à cultura e ao turismo da cidade. Porque a história de Brasília se confunde com o automobilismo. Uma cidade com 61 anos que já projetou quatro pilotos de fórmula 1, o que mostra como o brasiliense ama o automobilismo e o motociclismo. O nosso foco é abordar um pouco dessa história de amor, desse glamour da velha guarda”, pontua João, que traz a paixão pelo tema do berço. “Meu pai foi um grande mecânico, depois eu me tornei piloto de kart e, hoje, meu filho é piloto. O carro sempre vai ser esse item que reúne as pessoas, para bater papo, estar junto”, defende.

 

Após o festival, eles pretendem mobilizar os interessados em uma grande reunião no aniversário da capital do país. “Brasília tem a capacidade de se tornar um roteiro anual, estamos em busca de uma parceria com a Secretaria de Turismo para fazer um evento grandioso de carros. Hoje, só teremos 150 veículos devido ao espaço, mas, em nossos planos, estão eventos maiores”, anuncia.

 

Quem confirmou presença no evento são os integrantes do Veteran Car Brasília Veículos Antigos, clube de colecionadores de carros. O presidente do grupo, Nelisson Hoewell, 67, e aposentado, é um aficionado por veículos. “Amanhã eu vou levar um sistema de lavagem a quente, com vapor a 150ºC, recomendado para carros antigos”, orgulha-se. O clube atua na capital federal desde 1983 e, atualmente, expõe veículos, gratuitamente, no museu vivo da Memória Candanga como forma de disseminar sua atuação. “Estamos convocando todos os nossos associados para participarem do evento. O nosso lema é congregar os apreciadores e colecionadores de veículos para preservar a memória do automobilismo brasileiro. Temos sócios que estão aqui desde o começo de Brasília”, conta.

 

Assim como João Coqueiro, a história de Nelisson com os carros começou cedo, na adolescência. “Tinha de treze para catorze anos quando meu pai adquiriu um Mercedes 1939. Foi nesse modelo que eu aprendi a dirigir e usava para passear. Passei a vida alimentando esse interesse e, hoje, tenho dez carros colecionáveis”, afirma com altivez. Ele, contudo, ressalta que cuidados são necessários. “Os carros precisam de manutenção constante, alguns não têm peças no Brasil, e tem o zelo com a conservação, pintura, interior. Toda semana eu faço eles funcionarem para dar uma circulada. A gente não exige demais dos carros, mas temos que manter a saúde deles em dia”, explica.

O Mercedes 170S 1951 é um dos carros colecionados pelo presidente do Veteran Car Brasília, Nelisson Hoewell

O Mercedes Ponto 1956 faz parte da coleção de Nelisson Hoewell, presidente do Veteran Car Brasília Veículos Antigos


Dedicação: Paolo Andreoli, 54 anos, proprietário do Centro Hípico Lago Sul e morador do Jardim Botânico, é um dos inscritos no Festival de hoje. “Eu me empolguei e inscrevi cinco carros”, revela. O entusiasta tem uma meta: a cada cinco anos, compra outro carro antigo. “Hoje, tenho dez carros e um caminhão. Fiz uma garagem para os carros antigos e os novos ficam na rua. A prioridade é sempre o carro antigo”, assevera.

 

Paolo participa do grupo Veteran desde 1991, quando tinha 25 anos. “Comecei a frequentar o clube bem novo, embora a maioria dos membros fosse senhores mais velhos. Minha paixão por carros começou quando eu tinha 23 anos. Assisti ao filme do Stallone Cobra e coloquei na cabeça que precisava de um carro igual ao dele. Eu nem sabia qual era a marca do carro, mas comprei um Chevrolet 1951. De lá para cá, o interesse só aumentou”, destaca.

 

Na avaliação de Paolo, o evento é importante pelo encontro dos apaixonados por veículos. “Vamos reunir o pessoal de novo, depois de tanto tempo isolado, devido à pandemia. Esse será um dos primeiros eventos oficiais depois do isolamento, e, com certeza, depois de tanto tempo, sem tanta gente da turma se ver, teremos muita novidade para contar. Sem falar que haverá novos interessados porque muita gente, durante esta pandemia, começou a mexer no carro dentro da garagem de casa e se apaixonou”, avalia.

 

Paolo confessa que, atualmente, não possui um carro novo. Por semana, escolhe um dos seus carros antigos para se locomover e, dessa forma, garante que o veículo não fique parado na garagem. “Também dedico dois dias da semana, a sexta e o sábado, para cuidar da manutenção. Essa dedicação é muito importante. E ao longo do tempo vamos aprendendo muito sobre carros e, mais importante, conhecendo muitos amigos”, declara.

 

O festival também reúne motociclistas que vêem no evento uma oportunidade de aproximar os integrantes de moto clube da cidade

Duas rodas: O amor por duas rodas também terá espaço no Festival. Quem representará a categoria é a Comichão Moto Clube, que existe desde 2001, em Brasília. Marcelo Ataíde, conhecido como Tartaruga, 42 anos, analista de sistemas e morador do Jardim Botânico, será um dos participantes. “Temos no DNA isso de pegar estradas com a irmandade, vivemos no cerradão país afora”, detalha. Ele assinala que o festival tem uma proposta inovadora de abraçar os clubes de carros antigos com outra tribo: a de motos. “No fim, todos temos a mesma paixão pela estrada, pelo motor, pela viagem”, opina.

 

O objetivo da Comichão Moto Clube é participar com cerca de 10 integrantes. “Vamos pegar esse trechinho da Ponte JK até o Jardim Botânico. Esse evento era para ter acontecido há uns três anos, mas acabou aparecendo a pandemia, e tudo ficou sem rumo. Agora, com todas as medidas, será possível realizá-lo com segurança”, acredita.

 

Para Adriano Machado, conhecido como Otto, 45, as aventuras estão na alma e nas lentes. Fotógrafo e morador do Jardim Botânico, ele registra os momentos de interação da confraria. “É sempre bom viver esse universo dos motores, buscamos participar desses encontros. Desde que era garoto que sou apaixonado por motos. E, sem dúvida, o evento cumpre o papel de fomentar essa paixão por carros e motos, e preservar essa história dos automóveis”, pondera. 

 

Semanalmente, os membros do clube se reúnem em sua sede, onde possuem um bar particular, com sinuca e tatame de jiu-jitsu. “Batemos um papo nos nossos encontros, queimamos uma carne, fumamos nosso charuto e também lutamos jiu-jitsu para garantir a força necessária para pegar a estrada. Combinamos as nossas viagens que têm sempre muita adrenalina, vento na cara, e contato com a natureza. A gente costuma dizer que quem está de moto faz parte da paisagem, porque se está chovendo ele se molha, se está frio, ele sente. E esta é a nossa paixão: sentir todas essas estações do ano na estrada, em cima da moto”, resume Marcelo Ataíde.

 

Solidariedade: Além do evento cultural, o Festival ajudará famílias de São Sebastião que estão em situação de vulnerabilidade social, por meio da doação de cestas básicas. Cada inscrito no festival fará uma doação. Os visitantes que tiverem interesse podem entregar as cestas básicas diretamente no evento. 

 

Confira alguns carros que estarão na exposição: » Ranchero 1977 Ford » Kombi 1976 pick-up cabine estendida » Chevrolet 1947 Rat Rod » Chevrolet 1951 » Ford 1928 hot Rod


Vocabulário: Veja o significado de algumas nomenclaturas usadas para definir os veículos: Hot Rod: Hot é o carro que tem modificações para deixá-lo mais veloz, como aumento de potência, melhora da aerodinâmica e diminuição do peso. A palavra teria origem nos modelos Roadster, da década de 1920, que eram alterados para rodar em alta velocidade. Geralmente, são carros construídos até a década de 1948. Original: O carro original é aquele que segue o catálogo como veio de fábrica, o objetivo é manter as características do modelo. Custom: O custom busca ser um carro bonito, elegante e inovador. Classicamente, esses modelos foram montados a partir da década de 1940 e 1950, e tem o modelo Mercury, de 1949 até 1951, um dos clássicos da categoria.


Festival Brasília Sobre Rodas - Local: Av. Das Paineiras - Q. 1 Lote E, Jardim Botânico - Brasília/DF, ao lado do PetzQuando: hoje, das 11 às 18h, e amanhã, das 9h às 16hs.



Edis Henrique Peres - Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press - Correio Braziliense


 

 

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