Como seria a capital
federal se não fosse desenhada por Lucio Costa (1902-1998) no formato do famoso
avião? A exposição Outra Brasília Nunca
Mais – Uma Exposição em Realidade Aumentada traz até 16 de
dezembro, no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, no Centro Cultural
Três Poderes (CC3P), os sete projetos finalistas que disputaram, entre setembro
de 1956 e março do ano seguinte, o Concurso Nacional da Novacap para escolher
as linhas da cidade que JK construiria nos anos seguintes.
Equipamento da Secretaria de Cultura e Economia
Criativa (Secec), o Panteão – que forma o CC3P juntamente com o Museu Histórico
de Brasília e o Espaço Lúcio Costa – abriga a exposição montada com recursos do
edital FAC Ocupação 2019, no valor de R$ 85 mil e geração de 70
empregos. No local, o visitante vai encontrar réplicas do projeto e poderá
utilizar o QR Code para ter acesso, em 3D, ao que seriam as outras Brasílias.
~~~~ ( https://bit.ly/3qKuvOw
)
Na exposição, há áudios explicativos em português
e inglês, textos e desenhos em Braille e recursos de audiodescrição. Duas
estudantes de arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) dão apoio aos
visitantes. O Salão Negro do Panteão dispõe de elevador e serão, também,
agendadas visitas semanais orientadas, em parceria com a Secretaria
Extraordinária da Pessoa com Deficiência, que organizará os grupos,
disponibilizar o transporte e um intérprete de Libras.
“Comprei o livro e fiz um projeto a partir dele.
No Brasil, a gente acaba perdendo ideias brilhantes só porque não são as
vencedoras. Mas são projetos que significam muito para a história”, conta o
idealizador da mostra, que planeja também uma série para TV com os 26 projetos
inscritos no certame.
“Temos sinopses prontas, uma ‘bíblia’ [texto
descrevendo as etapas da série], um ‘teaser’ [VT motivador] e diversos
profissionais envolvidos. Tentamos o FAC algumas vezes (na área de audiovisual)
e batemos na trave. Agora, vamos apresentar também para emissoras de TV para
ver se conseguimos emplacar”, aponta o cineasta.
Entre os projetos não contemplados, Macedo gosta
de muitos, mas afirma que o que mais o impressionou foi o de Rino Levi, das
superquadras verticais, que dividiu a terceira colocação. Esses prédios, com
300 metros de altura, teriam tudo dentro, destaca ele. “Ficava imaginando a
vista de lá de cima para o Lago Paranoá e o cerrado”, explica.
O edital da Novacap, diz o texto da exposição, foi
pouco exigente quanto à justificativa técnica das propostas, solicitando apenas
um traçado básico da cidade com a localização das principais instalações e um
memorial descritivo. Todos os 26 projetos apresentaram, em algum ponto, o
pensamento do arquiteto franco-suíço Le Corbusier (pseudônimo de
Charles-Edouard Jeanneret-Gris, 1887-1965), que defendia a prioridade das
questões socioeconômicas no projeto de uma cidade.
Sete concorrentes ~~ A comissão julgadora optou por classificar sete
concorrentes, organizando-os pelas virtudes comuns: Lúcio Costa foi o vencedor,
um foi vice (Boruch Milman), dois ficaram em terceiro lugar (Levi e o
escritório MMM Roberto), cabendo a outros três a divisão da quinta colocação.
Acesse os 7 projetos ~~~~~ Projetos
| OutraBrasilia (wixsite.com)
A curadoria de Outra Brasília Nunca Mais é do arquiteto e
urbanista Pedro Daldegan, que também atua como diretor, roteirista e cenógrafo.
Ele considera feliz a decisão do júri do concurso em dividir as cinco
premiações com os sete planos finalistas. “Foi uma forma de contemplar os
grandes nomes da arquitetura moderna brasileira”, acredita.
Daldegan lembra, contudo, que a proposta de Lucio
Costa “foi quase unanimidade entre o júri nacional e internacional, e a
história prova que os jurados estavam certos”. Ele cita o fato de, em 1987,
todo o conjunto arquitetônico ter sido reconhecido pela Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural
e Natural da Humanidade, “pelas relações entre as quatro escalas urbanas: a
monumental, a residencial, a bucólica e a gregária, além de sua arquitetura
inovadora”.