Quando Augusto nasceu
de 34 semanas, não houve um dia em que a professora Mayrla dos Santos tenha
ficado distante do filho. Foram 83 dias com o bebê no Hospital Regional de
Taguatinga. O mesmo aconteceu com a dona de casa Fayane Dourado. Ela ficou 26
dias ao lado de Diana, que nasceu de 33 semanas, de parto normal, no Hospital
Regional de Ceilândia.
A realidade vivida pelas
duas em 2019 não foi a mesma de algumas mães que tiveram nenéns prematuros após
o início da pandemia de covid-19. Devido à doença, as mães e os pais tiveram
acesso restrito aos bebês durante os períodos mais intensos da crise sanitária
para evitar o risco de contaminação.
“Tive apoio de toda a
minha família. Sentia saudade de casa, mas ao mesmo tempo ela precisava de mim”
(Fayane Dourado, dona de casa)
Por isso, durante o
Mês da Prematuridade, celebrado em novembro, a intenção é resgatar essa relação
de proximidade entre prematuros e família, parte importante do tratamento.
“Estamos preconizando o resgate ao que sempre teve: a separação zero das mães e
o acesso livre dos pais. Esse é o tema da campanha deste ano. A família é de
extrema importância para o tratamento da criança, para que ela consiga
sobreviver e tenha um vínculo familiar”, explica a pediatra Miriam Santos,
coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano do
DF.
Essa importância da
presença materna é reforçada pelas mães de bebês prematuros. “Tive apoio de
toda a minha família. Sentia saudade de casa, mas ao mesmo tempo ela precisava
de mim”, conta Fayane Dourado. A dona de casa lembra que, após o período na UTI
neonatal, Diana foi para o método canguru, em que o bebê é colocado em contato
pele a pele, de forma gradativa, com os pais.
“Lembro do momento do
toque parado, que é quando colocamos as mãos para que o bebê sinta que há
alguém por perto. Depois teve o aconchego do método canguru. É importante para
a criança se sentir acolhida, porque ela fica ali dentro da caixinha da
incubadora” (Mayrla dos Santos, professora)
A pequena Diana, que nasceu de 33 semanas e teve a companhia da mãe Fayane Dourado nos primeiros 26 dias no Hospital Regional de Ceilândia, seguiu depois para o método canguru, medida que ajudou no bom desenvolvimento da criança
Prematuridade: O
Mês da Prematuridade nasceu a partir do Dia Mundial da Prematuridade, lembrado
em 17 de novembro. O período é conhecido também como Novembro Roxo. A cor foi
escolhida por representar a sensibilidade e a individualidade do prematuro,
além de simbolizar transmutação e mudança. Ao longo do mês, a Secretaria de
Saúde do Distrito Federal terá ações de conscientização nas unidades, com
ensaios de bebês internados e palestras sobre os cuidados.
É considerado
prematuro o bebê que nasce antes da 37ª semana de gestação. Aqueles que vêm ao
mundo com menos de 28 semanas são classificados como prematuros extremos. O
atendimento e o tipo de tratamento dos bebês dependem da gravidade. Há bebês
que precisam de assistência ventilatória, hidratação venosa, nutrição
parenteral e antibioticoterapia e suplementação de vitamina. O tratamento leva
em conta a idade gestacional e o peso.
4.754 ~~~~ Nascimentos
prematuros foram registrados no DF até setembro de 2021
No DF, os casos mais
graves são encaminhados para as UTIs neonatal no Hospital Materno Infantil de
Brasília (Hmib), Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional de
Ceilândia (HRC), Hospital Regional de Sobradinho (HRS) e Hospital Regional de Santa
Maria (HRSM).
Os demais casos são
atendidos no Hospital Regional de Planaltina (HRP), Hospital da Região Leste
(Paranoá) e Hospital Universitário de Brasília (HUB/UnB). Também há centros de
reabilitação para atendimento das crianças que atingiram o seu potencial.
Até setembro de 2021,
o Distrito Federal registrou 4.754 nascimentos prematuros, destes 3.376
nascidos de mães residentes da capital federal. Em relação ao mesmo período do
ano passado, o número teve queda. “Tivemos um número menor de prematuros,
entretanto, temos que ver se tivemos um número menor de nascimentos. O que
sabemos é que, quando comparamos aos dados nacionais, o DF tem a prematuridade
maior que a média nacional. A média está em 11% e estamos com 12,2%”, revela
Miriam dos Santos.
Precaução: A pediatra Miriam Santos alerta para a
necessidade de conscientização dos pais. Ela diz que é de extrema importância
um planejamento familiar, para que as mulheres engravidem num momento de
decisão própria. “Para isso, ela precisa ter acesso à informação em relação a
métodos contraceptivos para que possa engravidar quando desejar”, afirma.
O planejamento também pode resultar no início
rápido do pré-natal, momento em que as equipes médicas podem identificar
problemas que possam propiciar um parto prematuro, como diabetes, infecção
urinária, entre outros.