Sabe-se que há recursos originários da área federal
e do Governo do Distrito Federal, no valor de R$ 48 milhões, destinados ao
início das obras de reforma do Teatro Nacional Cláudio Santoro (TNCS), tomando
como ponto de partida a (Sala Martins Pena) Junto-me a quem está na torcida para
que isso realmente ocorra. Afinal de contas, passaram-se sete anos sem podermos
usufruir do que proporcionava o templo da cultura no Distrito Federal, um dos
monumentos arquitetônicos que o gênio Oscar Niemeyer idealizou para a
cidade.
Frequento o TNCS desde sempre. Estudante de segundo
grau do Elefante Braga, soube por um colega que Roberto Carlos — à época, no
comando da Jovem Guarda —, iria se apresentar ali, antes mesmo da conclusão.
Foi a primeira vez que estive lá. Tempos depois, quando cursava jornalismo, na
Universidade de Brasília (UnB), mantinha-me atento ao que ocorria no teatro.
Recordo-me que Maria Bethânia e Ítalo Rossi vieram à capital encenar, para
convidados, Brasileiro, profissão esperança, um musical baseado em crônicas de
Antônio Maria. Naquela noite, vestindo uma jardineira, juntei-me à plateia de
engravatados.
Na condição de repórter de cultura do Correio, o
Teatro Nacional passou a ser um dos lugares aonde eu mais ia. Motivo para isso
nunca faltou. Tornei-me um privilegiado espectador de praticamente tudo o que
era apresentado tanto na Sala Villa-Lobos quanto na Sala Martins Penna.
Alguns daqueles espetáculos musicais e teatrais ficaram guardados de forma
indelével na minha memória afetiva. Como esquecer os shows de João Gilberto,
cantando clássicos da bossa nova; o de Maria Bethânia reverenciando Vinicius de
Moraes; ou os de Chico Buarque, tendo o cubano Pablo Milanés como convidado, e
o da argentina Mercedes Sosa?
Ou como não me lembrar de peças que fazem parte da
história do teatro brasileiro, ali encenadas, entre as quais As lágrimas
amargas de Petra Von Kant, de Rainer Fassbinder, protagonizada por Fernanda
Montenegro; Navalha na carne, de Plínio Marcos, com Tônia Carrero, Nelson
Xavier e Emiliano Queiroz? Ou, ainda, os musicais em que Bibi Ferreira dava
vida à francesa Edith Piaf, e o Alô Alô Tá Aí Carmem Miranda, estrelado por
Marília Pêra? Obviamente presenciei incontáveis concertos da Orquestra
Sinfônica do Teatro Nacional e a encenação da ópera Porgy and bass, de George
Gershwin, que tinha no coro Cássia Eller, Zélia Duncan e Janette Dornellas — as
três em início de carreira.
No próximo dia 7, às 9h, músicos, atores, dançarinos, produtores, enfim, representantes da classe artística e também arquitetos, jornalistas e apreciadores de manifestações artísticas se juntarão num abraço à nossa moderna pirâmide e na criação da Atena (Associação dos Amigos do Teatro Nacional). São ações em prol da restauração e da volta das atividades no templo da cultura brasiliense.