Marianne Peretti, a artista que deu forma a
monumentos de Brasília. Suas obras-primas são um mergulho em importantes pontos
turísticos da cidade, em finos traços que mostram a vegetação, paisagens e
pássaros, com vida e cor - Vitrais da artista plástica Marianne Peretti na Catedral
Metropolitana de Brasília
Única mulher na equipe de Oscar Niemeyer na construção da nova capital,
a artista Marianne Peretti deixou sua marca nos exuberantes 2.240 metros
quadrados de vitrais da Catedral. São 16, de 30 metros de altura, nas cores
azul, verde, branco e marrom. No Palácio do Jaburu, residência oficial do
vice-presidente do Brasil, suas obras estão localizadas na sala de visitas –
onde há um painel feito em camadas de vidro e de metal – e na capela do Jaburu,
também agraciada com vitrais de Marianne. (Minha amiga, saudades, de uma época - todos amamos, continua com respeito, no meu coração)

Os traços
de Peretti se espalham, ainda, pelo Congresso Nacional. No Salão Branco não há
como não perceber o painel Alumbramento, doado em 1978 ao Senado Federal. No
Salão Verde é exibida a obra Araguaia. As cores e formas de seus vitrais estão
também no Salão Nobre, onde pode ser apreciado o vitral Phasifae. No 10º andar
do Anexo IV da Câmara dos Deputados, suas mãos foram as responsáveis pelos
vitrais da capela. Também na Casa Legislativa, outra obra de destaque: um painel
com sobreposição de camadas de vidro, de 1977.
O Memorial JK, o encantamento de suas
figuras pode ser visto em um fachada do Superior Tribunal de Justiça ficou ainda mais bela com um painel gigantesco de Marianne Peretti. Nitral sobre o túmulo do ex-presidente Juscelino
Kubitschek. No Panteão da Pátria Tancredo Neves, a figura de um pássaro ganhou
a leveza de suas mãos.
No Memorial JK, o encantamento de suas figuras pode ser visto em um
vitral sobre o túmulo do ex-presidente Juscelino Kubitschek. No Panteão da
Pátria Tancredo Neves, a figura de um pássaro ganhou a leveza de suas mãos.

E não somente Brasília foi agraciada com suas criações. O Museu do
Carnaval, no Rio de Janeiro, tem a mão da artistas, que também fez esculturas e
vitrais em Recife, Belém e Paris, capital da França.
Admiração: O professor de arte e artista plástico Newton Schenfler reconhece a importância
de Marianne. Para ele, não há como ser professor de arte e artista plástico,
morar em Brasília, e não admirar e ser tocado pelas obras de tantos artistas
que compõem a paisagem estética de nossa capital.
Para contar como ela iniciou os trabalhos com a arte, Schenfler cita uma
declaração da própria Marianne Peretti para o blog Recife Moderno. “Eu não me
lembro bem, realmente não lembro. Talvez uma coisa que tenha me ajudado é que,
uma vez, um pintor veio em minha casa fazer um retrato da minha mãe. Eu era
muito pequena, devia ter uns oito anos, e olhando ele desenhar minha mãe para
um quadro pintado a óleo, logo me interessei. Não fiz belas artes, fiz artes
decorativas”, confessou.
E completa: “Minha mãe pensava que eu ia todo dia ao liceu, mas, na
verdade, eu ia desenhar num lugar chamado La Grande-Chaumière. Ficava o dia
inteiro lá. Depois de um momento, naturalmente, ela percebeu e achou que eu
fosse repetir o ano…(risos). Uns amigos diziam, ‘deixa ela desenhar, fazer como
ela quer’. Eles me salvaram”, disse ao blog.

Vitrais de Marianne Peretti decoram o Panteão da Pátria Tancredo Neves.
A figura de um pássaro ganhou a leveza de suas mãos.
A filha da modelo francesa Antoinette Louise Clotilde Ruffier e do
historiador pernambucano João de Medeiros Peretti, Marie Anne Antoinette Hélène
Peretti acabaria expulsa do Lycée Molière e do Lycée Victor Duruy. O motivo:
Marianne fugia das aulas para pintar. “O caminho natural, então, foi
matricular-se na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs. Depois, na
Académie de La Grande Chaumière, no bairro de Montparnasse, onde foi aluna de
Édouard Goerg e de François Desnoyer”, conta Newton Schenfler.
Os trabalhos em arte vitral, define Schenfler, começaram em Olinda (PE).
O primeiro foi uma encomenda feita por uma arquiteta amiga, Janete Costa, para
a casa de uns espanhóis residentes no Sítio Histórico da cidade.
Viagens: A vinda de Peretti para o Brasil, pontua o professor de arte, ocorreu
porque em uma das várias viagens de navio entre o Rio de Janeiro e a Europa,
Marianne conheceu um inglês, depois se casou e se mudou para São Paulo.
Schenfler lembra do começo dos trabalhos da artista com Oscar Niemeyer
em uma citação que a própria Marianne fez em entrevista ao site G1. “Eu
simplesmente bati na porta dele (Niemeyer) e disse que gostaria de trabalhar
com ele. Depois de três meses, voltei ao Rio e o encontrei de novo. Ele deve
ter gostado muito de mim, porque já me deu um monte de trabalho, todos de
Brasília”, contou Marianne na entrevista ao site.
Importância: As obras de Marianne Peretti ganharam reconhecimento de grandes nomes. O
professor Newton Schenfler especifica que Veronique David, do Centro Andre
Chastel, referência mundial em vitrais, considera Marianne Peretti como a mais
importante vitralista da contemporaneidade.
“O trabalho da artista pode ser definido pela equação grandeza + leveza
+ transparências, com o desenho influenciado por um espírito modernista
francês, que marcou sua formação, assim como de toda uma geração de artistas”,
define Schenfler.
As obras de Marianne Peretti ganharam reconhecimento de grandes nomes. O
professor Newton Schenfler especifica que Veronique David, do Centro Andre
Chastel, referência mundial em vitrais, considera Marianne Peretti como a mais
importante vitralista da contemporaneidade.
Alfredo Ceschiatti: Na Catedral de Brasília, outras obras chamam a atenção: os Anjos (1970)
e os Evangelistas (1968). As esculturas são de Alfredo Ceschiatti, que tem
trabalhos também no Palácio dos Arcos (As Duas Irmãs – 1966). Como consta
na Enciclopédia Itaú Cultural, Ceschiatti desenvolve suas esculturas por meio
de um traçado sensível, como aponta a crítica de arte Sheila Leirner,
proporcionando equilíbrio e leveza a obras como os Anjos da Catedral de
Brasília, ou o Contorcionista (1952). O artista, que se interessou muito pelo
barroco mineiro, resgata alguns elementos dessa tradição em vários de seus
trabalhos, aliando-os a uma maior simplificação formal.
Agência Brasília – Governo do Distrito Federal